segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Siegfried Fietz singt 'Von guten Mächten wunderbar geborgen'



Versão: Ilson Kayser
Hino escrito pelo P. Dietrich Bonhoeffer... em meio à desesperança do Regime Nazista... Quanta confiança e fé no porvir... possamos nós crer de tal maneira... Com esta letra desejo a todas as pessoas amigas do face um Feliz ano de 2013. Que os bons poderes possam acompanhar a cada um e cada uma de vocês.

1. De bons poderes fiel e em paz cercado,
tranqüilo consolado, sem pesar,
ao vosso lado nestes dias quero
estar, convosco em ano novo entrar.

Maravilhosamente bem guardados,
confiantes esperamos o porvir.
De noite e dia em Deus aconchegados
e assim em cada dia que surgir.

2. Ainda nos oprimem dias idos,
fantasmas do passado sobrevêm.
Ó Deus, concede aos homens desvalidos
a salvação que guarda lá no além.

3. E caso o amargo cálice servires,
de sofrimento a transbordar, então
mui gratos, sem tremer, conforme o queres,
o recebemos de tua boa mão.

4. Porém, se queres dar-nos alegrias
no mundo, ainda, com o seu fulgor,
então lembrar queremos idos dias,
e a vida tua só será, Senhor.

5. E que ardam hoje cálidas as velas
que vieste em nossas trevas acender.
E a todos nós reúne – que o concedas!
A noite tua luz há de vencer.

6. E quando agora a calma nos envolve,
do mundo ouçamos o celeste som
que imperceptível sobre nós se estende,
dos filhos teus a glória em alto tom.

domingo, 30 de dezembro de 2012

textos - escola dominical

Para quem deseja bons estudos para ler, veja o link:
 http://1ipisjrp.org.br/site/img/arquivos/20081118112736cadernoiisimposio.pdf

The Hobbit An Unexpected Journey - Soundtrack by Howard Shore


Feliz 2013: com muito sabor, amor, perdão, graça


2013: cheio de sabor, beleza, alegria, vida, paixão, perdão, graça
Cozinhar pra mim é um prazer. Faz-me muito bem! E comer, é melhor ainda e quando se tem fome é uma felicidade. Todo mundo sabe disto, inclusive os ignorantes bebês. Mas poucos são os que se dão conta de que felicidade maior que comer é cozinhar. Alegra a alma, faz bem pro coração, para os olhos, para o olfato, pra tudo!
Como é bom cozinhar e comer, lavar, descascar, cortar, beliscar, rir, bebericar, conversar, saborear.  Ver @s amig@s deliciando-se. É como uma celebração, um culto.
E cozinhar exige paciência, calma, sossego. Não se pode ter pressa, apesar de que o prazer de comer, não é muito demorado. O que demora são os prazeres preliminares, pois quanto mais se demora maior será a fome, e claro, maior será a alegria de saborear a comida.
Gosto de cozinhar e colocar na comida muito temperos, ervas, misturar os opostos. Meu marido diz que isso é coisa de bruxa. Rubem Alves diz que quem cozinha “é parente próximo das bruxas e dos magos”. Pode ser e nesse sentido cozinhar é alquimia, feitiçaria e o ato de comer  é ser  enfeitiçad@ por tanto prazer.
Lembro-me do filme Festa de Babette. Ela bem sabia de tudo isso. Ela sabia os segredos de produzir a alegria pela comida e que após se deliciarem, as pessoas não permaneciam mais as mesmas.  Coisas mágicas acontecia com elas.  O filme retrata o cotidiano de uma pequena comunidade religiosa do século dezenove, que vivia com muita simplicidade, próxima ao mar, numa costa deserta da Dinamarca. O fundador da comunidade morre e deixa seu pequeno rebanho, formado praticamente por pessoas simples e avançadas em idade, como “herança” para suas duas filhas. De repente, para fugir da guerra, uma mulher chamada Babette sai de Paris e decide, por indicação de um amigo, viver junto a esta comunidade. Ela era uma famosa chef de cozinha de um importante hotel de Paris. Babette passa anos naquela comunidade sem poder mostrar o seu talento culinário. Até que um dia, ela recebe a notícia que havia uma fortuna para receber na França. Diferente do que muitos pensaram e em vez de retornar para Paris ou ir viver confortavelmente em outro lugar, Babette resolve oferecer um banquete à comunidade. Gastou todo o seu dinheiro para importar os alimentos, bebidas, especiarias, frutas, louças, talheres, toalhas etc., que seriam usados no banquete. Tudo da melhor qualidade para que o momento fosse perfeito.
A Festa de Babette é o desabrochar da alma, na descoberta do prazer sem culpa. Sua festa, é claro, escandaliza os mais velhos do lugar. A vida naquele lugar era de dar dó, um martírio passageiro para um plano maior: o céu. Os rostos eram rígidos as passadas pesadas, rancor entre pessoas e brigas que não eram declaradas e assim também não eram perdoadas. Pois a ofensa que não foi revelada também não pode ser perdoada. Não havia gosto pela vida e a vida, por si, era insossa, sem sabor.
Babette para eles era uma bruxa e o banquete oferecido era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos! Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam.
Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu.  Decidiram aceitar o banquete, mas firmaram um pacto – durante o banquete não falariam uma só palavra sobre a comida. E de repente, receberam a visita de um General, e com a presença dele, formaram um grupo de 12 pessoas ao redor da mesa. Ele, é claro, não sabia do que havia sido acordado. E nem que Babette poderia ser bruxa, fazer feitiçarias.
Bem, não se pode negar que a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos saborosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso. Na singeleza do seu agir, Babette mostrou que a vida pode ser vivida no compartilhar do alimento e na descoberta de novos temperos e sabores.
Com isso, digo que a vida é saborosa e pode ser degustadas sem arrependimentos, medos, píeses ou neuras. E como no filme, os prazeres simples da vida não poderão ser  mais negados, como o prazer de comer e beber na companhia de bons amig@s.
No filme, a partir do banquete preparado por Babette, não haveria mais burocracia para o perdão e muito menos a inércia do amor, por que tod@s compartilhavam do mesmo momento de prazer. Prazer que não pode ser deixado de lado como o prazer de estar e beber entre amigos, comer e contar a sua vida de forma simples e compartilhar da sua vida em detalhes de forma aberta na clareza da informalidade.  Babette nos apresenta que a graça está nas pequenas coisas, que a graça não é monopólio de um culto, uma religião ou somente um grupo de pessoas destinadas a viver com graça.
Por isso, ao final de mais um ano, quando estivermos reunid@s ao redor da mesa para saborear os pratos especiais da ceia de final de ano, que possamos perceber que a vida pode ter diferentes sabores e tonalidades, além do cinza e do preto, que também são importantes. Que sempre possamos dar às nossas vidas novos sentidos e significados. Que possamos continuar cozinhando os mais diferentes e saborosos pratos, para que juntos com amig@s e familiares, reconheçamos que nunca é tarde para percebermos  que a vida, apesar de tantas lutas, contradições, dissabores e decepções, dores, mágoas,  vale a pena ser vivida com muito sabor, alegria, comunhão, partilha, perdão. Afinal, a vida é uma graça, uma dádiva! Feliz e abençoado 2013! Bom apetite!! Odete Liber




Coldplay - Paradise (Peponi) African Style (Piano/Cello Cover) - ThePian...








trilha sonora do filme As Aventuras de Pi.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Nina Simone - Here Comes The Sun


Fim do ano de 2012

Sempre que viajo ou encontro pessoas conhecidas ou que acabo de conhecer, elas me perguntam se já me acostumei com a cidade onde estou morando. Confesso que não sou fã dessa cidade, apesar de gostar da beleza de alguns lugares. Sinto falta de tanta coisa... de tantas pessoas... Tem sido um tempo de reflexão, questionamentos, aprendizado. Lógico que esse ano não foi lá “aquele ano”. Já tive tempos melhores.  Mas também devo confessar que "me sinto abençoada nesse lugar, e por isso tento  adaptar- me e ver a coisas boas e belas!". E como diz Clarice Lispector "Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas."





Hildegard von Bingen - Voice of the Living Light - what a blessing!



what a blessing!

Impossivel não se emocionar!


sábado, 22 de dezembro de 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO MEU AMOR

Hoje é o aniversário de um homem especial em minha vida: José Adriano Filho. Já são muitos aniversários juntos e assim espero que o seja por muito tempo. Não posso desejar outra coisa, senão as bênçãos de Deus para ele e, também, externar o quanto sou grata pela sua vida. E que nossa aliança de amor, continue sendo o combustível para caminharmos e atravessarmos com serenidade, fé, amor e gratidão o caminho da existência humana.... Por isso "Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caem serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja, que os Deuses te guardem nas palmas de Suas mãos. Que a estrada se abra a sua frente, Que o vente sopre levemente em suas costas, Que o sol brilhe morno e suave em sua face, Que as chuvas caem de mansinho em seus campos. E até que nos encontremos de novo... Que os Deuses guardem, você na palma das suas mãos. Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto, Que o vento suave refresque seu espírito, Que o sol ilumine seu coração, Que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros, Que Deus lhe envolva no seu manto de amor."

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Todos os dias atravessamos a mesma rua... mas um dia...


Octávio Paz diz que  “Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Não, isso que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, onde nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados... Adivinhamos que somos de um outro mundo.” Ele descreve uma experiência, assim digamos ‘mística’. Quando, de repente, as coisas banais do dia a dia, se abrem como portas, janelas e somos levados a outro mundo. Os nossos olhos já não vem do mesmo modo às mesmas coisas.  Pode ser um perfume indefinível, pode ser uma fotografia que já vimos vezes sem conta, pode ser uma música vinda de longe, uma flor, uma árvore ... De repente experimentamos ‘êxtase’, estamos fora de nós mesmos, encantad@s,  somos transportad@s para um mundo que nem sabemos direito o que seja. Já estivemos lá. Não mais estamos. E vem a nostalgia. Quereríamos voltar. A alma sempre deseja voltar. O mundo das novidades é o mundo do seu exílio...


Olhai os lirios do campo...


Minha mãe é a uma mulher extraordinária que, dentre outros ensinamentos, me transmitiu o amor pela natureza, pela simplicidade, valorização do ser humano pelo que ele/a é. A minha mãe, por ter vivido a sua vida no interior, na roça, e é lá que vive, é uma apaixonada pela natureza e animais,  acredita que admirar e cuidar da natureza com  seu verde ou colorido, com seu burburinho, canto dos pássaros, é o remédio certo para obter serenidade, sabedoria e apurar o bom gosto. E por isso digo que a  sabedoria milenar (biblica) prova sua tese:  "[...] Olhai os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam, contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles."






familia:aliança que dá o combustivel que precisamos para caminhar


Sou a filha mais velha de uma pequena família. Meu pai faleceu quando eu ainda era criança. Ficamos apenas eu, minha mãe e uma irmã mais nova.  Cresci muito envolvida com muitas  emoções, fossem elas motivos de alegria, tristeza, decepção, luta pela vida, estávamso sempre juntas. Era assim, no céu ou no inferno, minha mãe, a mulher guerreira que mantinha o núcleo “Liber de Almeida”. Sou grata pela entrega dos meus pais (em especial é claro, a minha mãe – Doracilda – Dora, que foi pai/mãe ao mesmo tempo) pelo amor fraterno, cuidado, educação, valores, o que certamente me fizeram entender que não há nada mais importante nesta vida do que a família da gente e @s bons e poucos amig@s. E não se enganem: todas as famílias têm suas diferenças, suas desavenças, lutas e seu caos. Mas tod@s buscam o sentimento de pertencer. Hoje, é o núcleo “Liber de Almeida Adriano”.  A familia vai crescendo, aumentando, assim como as alegris, tristezas, caos, festas... É! Família é a aliança que dá o combustível para caminhar e atravessar com serenidade, fé, amor e gratidão o caminho da existência humana. Que venha 2013, porque a nossa família está aí...























 

Tempos de natal


Em tempos de Natal é possivel fazer diferente
Nessa época de natal, tenho visto belíssimos enfeites natalinos, ruas, lojas, shoppings, casas lindamente decoradas. Também tenho observado a correria de muitas pessoas. Ela tem pressa! Pressa para comprar presentes para tod@s, pressa para ir ao trabalho, pressa para que os dias de festa e compromissos sociais comece e termine logo. Pressa para que o ano termine e um novo comece. Pressa, muita pressa!
E ao ver tanta gente com pressa, me cansei. Deve ser a idade. Comecei calmamente a me recordar dos tempos de criança, tempos esse em que o tempo quase não passava e nessa calma ficávamos sonhando com as datas festivas do ano, em especial o Natal e a Páscoa. O Natal era um tempo mágico, não só pelo colorido, pela árvore de natal, presépio, decorações, presentes, mas pela alegria do encontro e das guloseimas. A alegria estava em partilhar bons momentos com as pessoas especiais, sejam familiares ou amig@s, vizinho@s e lógico, os comes e bebes. Hoje, outros tempos! A preocupação está no quesito “o que irei ganhar” ou “quanto em cash irei ganhar”.  Pega-se os presentes e cada um vai para o seu mundo.
Não se ri mais junto, não se conta ou se ouve histórias da família, amig@s. Não se reúne/junta no Natal apenas para se ver, ouvir... E isso me fez pensar em como foi aquele dia em que Jesus, o bebê nasceu.
Imaginei que na época de em que Jesus nasceu talvez a pressa e correria isso também existissem; a claro, presentes caros e baratos. Talvez a vida girasse em torno do ter e não do ser. Por isso Deus teve que vir para bem perto de nós em Jesus, para novamente nos mostrar que a vida é mais que tudo isso que a sociedade nos oferece.
Afinal, no ventre de uma Maria, cresceu um menino que saltou para este mundo num momento tenso de muita pressa. Era o censo que o Imperador da época determinou a todos os seus súditos (tanto para os de boa ou de má vontade). Era a pressa/correria do sistema para saber quantos eram os contribuintes que iriam engordar o caixa do Império e alimentar o poder e o controle sobre a vida das pessoas.
Maria e José estavam presentes naquele mundo apressado. Por isso saíram correndo de um lado para o outro do país. Foi uma migração forçada e sofreram com isso, tanto que nem hospedagem conseguiu para que Maria pudesse ter seu filhote tranquilamente. É, o Império, o governo consegue fazer essa proeza: desenraiza as pessoas, tornam-nas migrantes em seu próprio ser, faz com que as pessoas sintam-se perdidas, desalentadas, sem teto.
E hoje as coisas não estão muito diferentes, apesar de tantos anos terem se passado.
E foi nesse mundo apressado, onde as pessoas sentiam-se perdidas, desanimadas, mundo em que o desejo maior é o de ter, que o menino Jesus saltou para o mundo. Veio para contradizer toda essa lógica louca de um sistema que trata as pessoas como engrenagem, e muitas vezes onde as pessoas são invisíveis por nada terem. Deus está entre nós, não com os trajes luxuosos dos poderosos monarcas/políticos ou com as roupas de grife d@s ric@s e famos@s, nem com as vestes caras de arrogantes colunáveis ou de meros mortais, que acabam deixando seu rico dinheiro, fruto de muito trabalho, numa vestimenta, para serem reconhecidos por uma sociedade que valoriza a imagem/ter e não o ser. Deus, em Jesus, o bebê, fez o contrário. Ele está entre nós na maioria das vezes trajando panos rotos, pobres trapos e simples fraldas de pano.
O bebê Jesus nasceu num lugar não muito “interessante”: uma estrebaria. Fico imaginando a cena. Lá estavam Maria, José, o bebê e os animais, cujo céu era o teto para todos. Também havia uma estrela estranha nos céus, os campos iluminados pelos vaga-lumes. E ali a Glória foi dada aquele bebê e à sua a família. Os céus e os pastores  cantaram para o bebê e não para César.  Ali, longe da correria, da pressa, na simplicidade, pobreza e anonimato, longe das festas fartas e caras, longe dos ric@s, das vestes suntuosas, houve paz, silêncio, quietude. Enquanto os agentes do Estado se debruçavam ávidos sobre números em suas tabuletas, os bilhões de corpos celestes cantaram que finalmente a nova criação chegou.
Afinal, naquela noite, o poema se fez corpo, Deus se fez gente, e vimos a sua glória, como a glória de um filho único e querido do Pai. E o Deus criança habitou entre nós, cheio de graça e de bondade... Que é a maior de todas as verdades (cf. Jo 1.14).
Celebramos e vivenciamos (espera-se) a alegria da vinda de Jesus. O sentido do natal não é o de dar presentes e mais presentes e sim, a alegria de celebrar a vinda do menino que mudou a história da humanidade e que até hoje, em nome Dele, muitas pessoas tem a vida transformada.
Natal é tempo de vivermos e experienciarmos a alegria do encontro e da partilha. É comunhão com Deus de verdade. Pois ainda é possível termos momentos de extrema alegria, paz e comunhão sem as luzes dos palácios iluminados, sem os ricos e caros presentes, sem as vestes de grife.
Festejemos o Natal sim, com alegria, nova vida em Cristo e novos tempos... de paz e harmonia. 
Feliz e abençoado  Natal!
Odete Liber Adriano

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Qual é o maior mandamento da Lei?

Qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,34-40) - Ildo Bohn Gass

 
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A comunidade de Mateus apresenta Jesus ensinando o maior mandamento em um contexto no qual os fariseus novamente o procuram, a fim de pô-lo à prova (Mateus 22,35). Assim já haviam feito ao armarem, junto com os herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos ao império romano, para apanhá-lo por alguma palavra (Mateus 22,15). Tanto os representantes da religião oficial (fariseus), bem como os do império (herodianos), já haviam se dado conta de quanto era perigoso para seus sistemas o jeito de Jesus propor o Reino do Pai. Ainda mais, depois que ele também fechara a boca dos saduceus (Mateus 22,34). Os saduceus eram o partido judaico mais poderoso naquele momento, uma vez que aglutinava os que controlavam a religião a partir do templo (sacerdotes) e os que detinham o poder sobre o comércio em Jerusalém (anciãos). O projeto do Reino de Deus é revolucionário a todos os sistemas, seja aos de ontem, seja aos de hoje, grandes ou pequenos, dentro ou fora de nós.
Desta vez, os fariseus partem para cima de Jesus com uma nova armadilha: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,36). Então, Jesus faz a memória da centralidade do amor em toda Lei. Dessa forma, ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e as tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem como motivação primeira o amor. Assim, Jesus acusa os fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da Lei. Incomodados pela acusação de Jesus, eles ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, novamente se reuniram. Seria para preparar outra cilada? (Mateus 22,41). No entanto, agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra os fariseus, incluindo também os doutores da Lei, os escribas (Mateus 23,1-36). Desse modo, ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo (Mateus 22,46).
Jesus faz memória da Lei a fim de relativizá-la
Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da Lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da Lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus... É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.
O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Também é um amor profundo, pois é amar o próximo tanto quanto amamos a nós próprios. Segundo Mateus 7,12, Jesus diz o mesmo em outras palavras: Tudo que desejais que as pessoas vos façam, fazei vós a elas. Pois esta é a Lei e os Profetas. Amar intensamente a Deus e o próximo é acolher de coração. É cuidar com corpo e com alma. É escutar com mente aberta. É solidariedade, força de vida...
O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1ª carta de João 4,8.16). Se andamos no caminho de Deus, vivemos o amor que gera vida, pois toda a Lei se resume neste único mandamento: ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Gálatas 5,14; Romanos 13,9). Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei (Romanos 13,10). Ao dizer que toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas em relação ao amor. Somente este é absoluto.
Os judeus mais piedosos haviam relacionado todas as leis do Pentateuco. Chegaram a catalogar 613 leis. Dessas, 365 eram proibições como, por exemplo, não matarás (Êxodo 20,13). E 248 eram leis afirmativas como lembra-te de santificar o dia de sábado (Êxodo 20,8). Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir. De um lado, por não saber ler e, por isso, não conhecer toda a Lei em seus detalhes. De outro, por não ter, na luta pela sobrevivência diária, condições de cumprir a Lei em todos os seus pormenores.
Segundo uma informação que encontramos no evangelho segundo João (7,47-49), os fariseus diziam que essa corja que ignora a Lei, são uns amaldiçoados. Isso revela que, para esses fariseus, as pessoas que não conhecem a Lei e, em consequência, não a cumprem são amaldiçoadas por Deus. E essa era a situação da maioria do povo pobre daquele tempo. Apenas uma minoria se considerava abençoada por Deus pelo fato de saber e cumprir a Lei, bem como as tradições orais sobre o puro e o impuro. Ao dar valor relativo às inúmeras prescrições e ao colocar como único princípio o amor, Jesus abre a possibilidade aos pobres de também fazerem parte das bênçãos do Reino. Segundo os fariseus, por não conhecerem a Lei, estavam fora dessas bênçãos de Deus. Somente eles achavam ter esse privilégio. Dessa forma, Jesus derruba os muros que impediam o acesso dos pobres ao Reino. E mais, alegra-se porque são justamente eles os que acolheram a Boa Nova, enquanto os que se achavam sábios e entendidos, porém, prisioneiros de inúmeras regrinhas, se fecharam ao projeto de Deus (Mateus 11,25). Assim, diante da dificuldade para cumprir tantas leis, Jesus propõe um caminho alternativo, o caminho do amor.
Caminhemos pela estrada do amor
O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática. Sua vivência não é algo abstrato, teórico, mas é um amor bem concreto. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo através da solidariedade. É isso que a comunidade de Lucas nos quer lembrar ao acrescentar ao mandamento do amor a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37). Ou como recorda a comunidade de Mateus, ao insistir na prática da misericórdia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me (Mateus 25,34-36).
A comunidade de João, diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, não separa em dois o mandamento de Jesus. Vai mais fundo e identifica o amor a Deus com o amor ao próximo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (João 13,34; 15,12.17). Se alguém disser: ‘amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1ª carta de João 4,20).
Ó Deus de ternura e de bondade,
diante da crise em que os sistemas deste mundo se encontram,
permite-nos que teu amor nos conduza
na superação de todas as estruturas de morte
que ameaçam a vida no planeta e do planeta. Amém!

Dezembro abençoado

Após dias off voltei!!
Voltei depois de um tempo de encontros... Reencontrar bons amig@s, familiares, matar a saudade, dar um abraço apertado.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Benção


 
Que haja paz, Senhor, lá onde vivo, com meu cônjuge, com meus filhos, com minhas filhas.
Que haja paz na escolas dos meus filhos e em cada família dos amigos dos meus filhos.
Que haja paz na minha igreja, entre as crianças, adolescentes, jovens, anciãos e em cada lugar, em cada casa das pessoas que conheço, com as quais lido, cujos problemas e anseios conheço.
Que haja paz em meio às aspirações de justiça e reivindicações por solidariedade entre os desempregados e os que não possuem o mínimo necessário para a subsistência.
 Amém

De manhã, te louvo Deus


Meu Deus e Salvador, de manhã te louvo.
A luz da aurora ainda não irrompeu, mas já reconheço que é mais um dia que me dás. Por isso te dou graças. Me levanto dos meus sonhos e me encontro com a realidade que me deste.
Com o trabalho e os seres queridos. Com os talentos e o ar que respiro. E me pergunto: O que fiz para receber tanto? Tanto me tens dado, que tenho medo de perdê-lo.
A angústia me sobressalta por não poder cuidar a cada minuto dos seres que amo.
 Descanso ao ver que tuas mãos não  são as minhas mãos, e  embora não cuide deles, posso recomendá-las a ti.
Meu Deus, não sou igual a ti, e não entendo como podes estar em toda parte ao mesmo tempo. Escutar, atender, cuidar e até mostrar caminhos...
Eu não consigo fazer tudo isto. Por isto te louvo, porque não és igual a mim. Senhor, o que preparaste para este dia? Me dás uma longa jornada e volto tarde. De todo modo, já sabes que te chamo a cada instante. Também para este dia necessito de tua companhia. Amém. (Juan Gattinoni)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Credo da mulher


CREDO DA MULHER

Creio em Deus, que criou a mulher e o homem à sua imagem, que criou o mundo e recomendou aos dois sexos o cuidado da terra. Creio em Jesus, filho de Deus, eleito de Deus, nascido de uma mulher, Maria, que escutava as mulheres e as apreciava; que morava em suas casas e falava com elas sobre o Reino; que tinha mulheres discípulas, que o seguiam e o ajudavam com seus bens.
Creio em Jesus, que falou de teologia com uma mulher, junto ao poço, e lhe revelou, pela primeira vez, que ele era o Messias, que a motivou a ir e contar as grandes novas à cidade. Creio em Jesus, sobre quem uma mulher derramou perfume, em casa de Simão; que repreendeu os homens convidados que a criticavam; creio em Jesus, que disse que essa mulher seria lembrada pelo que havia feito – servir a Jesus.
Creio em Jesus, que curou uma mulher, no sábado, e lhe restabeleceu a saúde porque era um ser humano. Creio em Jesus, que comparou Deus com uma mulher que procurava uma moeda perdida, como uma mulher que varria procurando a sua moeda. Creio em Jesus que considerava a gravidez e o nascimento com veneração, não como um castigo, mas como um acontecimento desgarrador, uma metáfora de transformação, um novo nascer da angústia para a alegria.
Creio em Jesus, que apareceu primeiro a Maria Madalena, e a enviou a transmitir a assombrosa mensagem; “Ide e contai...” Creio na universalidade do Salvador, em quem não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher, porque somos um na salvação. Creio no Espírito santo, que se move sobre as águas da criação e sobre a terra. Creio no Espírito santo, o espírito feminino de Deus, que nos criou, e nos faz nascer, e qual uma galinha nos cobre com suas asas[1].(BAESKE – 2001, p.108.)





[1] BAESKE, Sibyla. Mulheres desafiam as igrejas cristãs. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001

A falta que o respeito nos faz


A falta que o respeito nos faz
A cultura moderna, desde os seus albores no século XVI, está assentada sobre uma brutal falta de respeito. Primeiro, para com a natureza, tratada como um torturador trata a sua vítima com o propósito de arrancar-lhe todos os segredos(Bacon). Depois, para com as populações originárias da América Latina. Em sua “Brevíssima Relação da Destruição das Indias”(1562) conta Bartolomé de las Casas, como testemunho ocular, que os espanhóis “em apenas 48 anos ocuparam uma extensão maior que o comprimento e a largura de toda a Europa, e uma parte da Ásia, roubando e usurpando tudo com crueldade, injustiça e tirania, havendo sido mortas e destruídas vinte milhões de almas de um país que tínhamos visto cheio de gente e de gente tão humana”(Décima Réplica). Em seguida, escravizou milhões de africanos trazidos para as Américas e negociados como “peças” no mercado e
Seria longa a ladainha dos desrespeitos de nossa cultura, culminando nos campos de extermínio nazista de milhões de judeus, de ciganos e de outros considerados inferiores.
Sabemos que uma sociedade só se constrói e dá um salto para relações minimamente humanas quando instaura o respeito de uns para com os outros. O respeito, como o mostrou bem Winnicott, nasce no seio da família, especialmente da figura do pai, responsável pela passagem do mundo do eu para o mundo dos outros que emergem como o primeiro limite a ser respeitado. Um dos critérios de uma cultura é o grau de respeito e de autolimitação que seus membros se impõem e observam. Surge, então, a justa medida, sinônimo de justiça. Rompidos os limites, vigora o desrespeito e a imposição sobre os demais. Respeito supõe reconhecer o outro como outro e seu valor intrínseco seja pessoas ou qualquer outro ser.
Dentre as muitas crises atuais, a falta generalizada de respeito é seguramente uma das mais graves. O desrespeito campeia em todas as instâncias da vida individual, familiar, social e internacional. Por esta razão, o pensador búlgaro-francês Tzvetan Todorov em seu recente livro “O medo dos bárbaros”(Vozes 2010) adverte que se não superarmos o medo e o ressentimento e não assumirmos a responsabilidade coletiva e o respeito universal não teremos como proteger nosso frágil planeta e a vida na Terra já ameaçada.
O tema do respeito nos remete a Albert Schweitzer (1875-1965), prêmio Nobel da Paz de 1952. Da Alsácia, era um dos mais eminentes teólogos de seu tempo. Seu livro “A história da pesquisa sobre a vida de Jesus” é um clássico por mostrar que não se pode escrever cientificamente uma biografia de Jesus. Os evangelhos contém história mas não são livros históricos. São teologias que usam fatos históricos e narrativas com o objetivo de mostrar a significação de Jesus para a salvação do mundo. Por isso, sabemos pouco do real Jesus de Nazaré. Schweitzer comprendeu: histórico mesmo é o Sermão da Montanha e importa vivê-lo. Abandonou a cátedra de teologia, deixou de dar concertos de Bach (era um de seus melhores intérpretes) e se inscreveu na faculdade de medicina. Formado, foi a Lambarene no Gabão, na Africa, para fundar um hospital e servir a hansenianos. E ai trabalhou, dentro das maiores limitações, por todo o resto de sua vida.
Confessa explicitamente: “o que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum sentido. O que importa mesmo é, tornar-se um simples ser humano que, no espírito de Jesus, faz alguma coisa, por pequena que seja”.
No meio de seus afazares de médico, encontrou tempo para escrever. Seu principal livro é: “Respeito diante da vida” que ele colocou como o eixo articulador de toda ética. “O bem”, diz ele, “consiste em respeitar, conservar e elevar a vida até o seu máximo valor; o mal, em desrespeitar, destruir e impedir a vida de se desenvolver”. E conclui:”quando o ser humano aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante; a grande tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele vive”.
Como é urgente ouvir e viver esta mensagem nos dias sombrios que a humanidade está atravessando.
 
Texto de Leonardo Boff . Autor de “Convivência, Respeito, Tolerância”,Vozes 2006.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

pensamentos...


Párabola


Por favor, permitam-me recontar-lhes, resu­mi­da­mente, a conhe­cida Parábola dos urubus e os pintassilgos:
Era uma vez, os uru­bus que toma­ram o poder na flo­resta e impu­se­ram seu estilo de vida a todos os ani­mais. Sua culi­ná­ria, sua moda, sua esté­tica e mesmo suas pre­fe­rên­cias musi­cais tornaram-se o padrão e a refe­rên­cia para todos.
Os pin­tas­sil­gos, muito cor­da­tos, esforçavam-se sobre­ma­neira para cor­res­pon­der às exi­gên­cias dos uru­bus. Entre­tanto, os pobres pin­tas­sil­gos não con­se­guiam se acos­tu­mar com o car­dá­pio de car­niça que deve­ria subs­ti­tuir sua dieta de fru­tas, tam­pouco con­se­guiam andar como os uru­bus, reproduzir-lhe os reque­bros e os gru­nhi­dos que os uru­bus cha­ma­vam de música.
Obser­vando os desa­jei­ta­dos pin­tas­sil­gos, os uru­bus con­cluí­ram suma­ri­a­mente: “Não adi­anta. Um pin­tas­silgo sem­pre será um urubu de segunda categoria”.
Esta estó­ria, escrita por Rubem Alves, demons­tra muito bem como todos nós pro­cu­ra­mos mode­los para pau­tar nosso estilo de vida. E os há de toda espé­cie. Uns mais para uru­bus, outros mais para pin­tas­sil­gos. Claro que alguns des­ses mode­los nos fas­ci­nam e sedu­zem mais que outros. Mas a escolha é sempre nossa!!!