quinta-feira, 5 de novembro de 2015

LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



 Como é bonito quando nos reunimos em nome de Deus, como irmãs e irmãos da fé. Cada uma, cada um de lugares diferentes, de formas diferentes de crer e amar a Deus e de adorá-Lo. É o amor que nos proporciona esse encontro, amor que é intenso e, que, por isso, rompe barreiras. Amor que faz servir, que nos torna diaconisas e diáconos, razão porque mesmo sendo os últimos, somos os primeiros, pois no Reino de Deus há lugar para todos e todas.



Nosso texto bíblico para a nossa reflexão trata de regras, mas acima de tudo do servir. A busca pelos primeiros lugares que o texto menciona não deve ser tratada apenas como uma regra de etiqueta, mas levanta a questão sobre o nosso papel e sobre o nosso lugar na comunidade de fé.



Seria o nosso papel a busca pelos primeiros lugares apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? Ou apenas para servir o próximo? Ser o primeiro ou o último?



Sabemos que regras de etiqueta podem ser a redenção ou a perdição. Saber manuseá-las, usar a roupa certa, o gesto, atitude correta no momento correto pode nos livrar de algumas gafes. Falo de etiquetas e banquetes são parte do assunto dos versos 7-11 do texto de nossa predica.



Jesus estava numa ceia festiva, na casa de um dos líderes dos fariseus, era observado por todos e observava a todos. Ele notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares e, naturalmente, numa conversa, contou-lhes uma parábola:



“Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar...”



Jesus utiliza uma situação cotidiana como termo de comparação para trazer uma mensagem que vai muito além de uma simples regra de etiqueta. Ele fala sobre o Reino de Deus, o qual não admite discussão sobre quem é o maior, o mais importante ou quem merece o primeiro lugar. O núcleo é a questão dos últimos e dos primeiros, de quem serve e de quem é servido. O propósito é ilustrar os valores do Reino de Deus, a partir das regras de etiqueta, mas radicalizando-as ao absurdo, para mostrar que estes valores invertem as regras estabelecidas pela sociedade. O Reino de Deus é festa, é o banquete da ressurreição dos pobres, dos aleijados, coxos e cegos. O Reino de Deus é dos que pelas regras sociais estabelecidas estão a margem, é dos tolos e desvalidos, dos loucos e estropiados, das crianças, das mulheres, dos que fazem um desvairado carnaval escatológico invertendo as regras, vivendo a impossível exceção.



Os “últimos” no texto não indica apenas um lugar social, não é apenas o lugar em que se encontram os que são objetos da filantropia e da caridade. Os “últimos” não são um subproduto, dignos de pena, de dó, compaixão. Para o evangelho, os últimos são o eschaton, o fim da história, são a linha do horizonte, o fim de um mundo e o começo de um novo mundo. O lugar dos últimos é o lugar do juízo, onde o velho vira novo e a morte ressurge em vida, o lugar da graça e da maldição, por isso, lugar de epifania. É a margem que vira centro, que se torna o eixo em torno do qual gira o mundo.



A falta de conhecimento dos sábios e a fraqueza dos fortes não está em criar os últimos, ou então em criar a pobreza, a marginalidade, o desemprego, mas na sua incapacidade de pensá-los como margem, como periferia.



O texto de Hebreus, lido hoje, ressalta um aspecto do servir, da hospitalidade, afirmando que quem trata de um oprimido como se fosse oprimido tem a sorte de acolher anjos, mensageiros do novo, surpreendentes evangelistas. Com estas observações, creio que a parábola traz para nós um chamado que é o de estar com os últimos, escolher os últimos lugares junto a eles, permitindo que o novo se estenda além da linha do horizonte, pois a vida surge do outro lado de quem vive a morte.



Servir no seguimento de Jesus não se busca subir e dominar sobre os outros, mas procura-se justamente o orientar-se para baixo. Ser servidor/a e escravo/a de todos , e isto tem conseqüências. Ou seja, não se pode ter ou haver domínio de pessoas sobre pessoas.


Dessa forma, podemos responder a indagação: qual o nosso papel, qual é o nosso lugar na comunidade de fé? Será apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? A resposta é NÃO. Estamos para servir, somos todas/os diaconisas e diáconos, somos feitos e chamados para servir. Somos chamados para alimentar com gestos concretos a esperança de que é possível construir uma sociedade justa, pois para isso não precisamos de regras de etiquetas, nem de poder, tampouco de cargos para exercer o serviço e a compaixão, que levam à encarnação no cotidiano dos empobrecidos. Servir representa para a Igreja e para as pessoas o esforço de construir mesas, como nos diz o professor e pastor Rodolfo Gaede Neto: 
 

Mesas como espaços abertos, para os quais as pessoas são convidadas sem prévia seleção; ou mesas que superam a barreira da velha lista dos iguais;
Mesas como espaços de partilha do pão, para que todas as pessoas possam comer e se fartar (o banquete da vida);
Mesas em que as pessoas se encontram com suas diferenças; aí todos e todas estão na mesma condição de convidados e convidadas do mesmo anfitrião, cabendo-lhes aceitarem-se e respeitarem-se mutuamente como irmãs e irmãos; superado o fundamentalismo e a inveja entre irmãos, poderá haver cooperação na causa comum da solidariedade; 
Mesas como espaços de reconciliação nos níveis social, econômico, político, cultural e religioso, como lugar de testemunho do projeto de Deus de reconciliação do seres humanos divididos


 Mas fica ainda a indagação: Como fazer isto no dia dia?


Todos e todas somos chamados/as a servir. Servir  não se resume em apenas doar alimentos, roupas, dinheiro. É mais que isso. Servir significa caminhar com quem sofre, ajudar alguém a levantar-se, ouvir @ outr@, orar pelo outr@, dar um abraço, um sorriso. Ninguém pode dizer que nada pode fazer para ajudar o outr@.



Todos/as os/as cristãos/ãs são chamados/as através do batismo a viverem o serviço, a diaconia naquilo que fazem e na maneira como vivem o seu dia-a-dia no mundo. Pois no servir ou na diaconia, tanto os/as que são servidos/as como os/as que servem são transformados. É nesse sentido que a pratica evangélica se converte para o mundo como um reflexo da antecipação do Reino de Deus. Deus nos abençoe! Odete Liber




segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quando olho pra essa imagem, eu penso comigo: “Como eu queria morar lá!”
É, eu queria morar nesse local, nessa casinha mas não, não moro.
Moro numa cidade, num apartamento, sem verde, sem árvores, sem pássaros... Só muito cimento! De consolo tenho o mar...
Também não sei ser desses amores de meia hora, uma hora, não sei ser dessa descartabilidade emocional, consumismo afetivo, que joga fora o outro a todo instante.
Não sei gostar do prazer passageiro, rápido, apressado. Também não sei gostar da total falta de sensibilidade dessas pessoas que usam como bandeira para sua inconsistência, os resíduos de outras relações, os amores mal sucedidos e mal resolvidos.
Não gosto de sair de casa armada, porque quero sempre estar ‘desarmada’ sem parecer amadora, inocente, ingênua.
O mundo parece desabar a cada dia por falta de afeto, cuidado, generosidade.
Mesmo correndo riscos, mesmo que eu me torne vulnerável, e que eu caminhe de vez em quando por vales e abismos emocionais, mesmo que lágrimas corram pelo meu rosto, mesmo assim ainda torço por um amor que queira durar...
Hoje cedo, acordei, olhei pela janela e depois olhei pra mim mesma, pra essa solidãozinha moderna, pra essa ‘liberdade’ de araque, e fiquei muito, muito cansada... Quero paz, quero sossego, quero afeto, quero vida, quero amig@s por perto... Boa semana!!!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

E se...

A vida às vezes tem os seus "e se", "e se", "e se"... "e se" eu tivesse escolhido isso ou aquilo, "e se"... O "e se" as vezes tem o poder de nos assombrar, porém, não pode nos impedir de seguir em frente! Afinal, "e se" eu escolher não escolher, já escolhi!!
E se...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O amor tem paradoxos

Não é possível amar sem se expor o coração. E com isso a gente sempre erra.
Não é culpa única e exclusiva de uma única pessoa, porque ninguém  que ama, erra ou  machuca a outra por vontade própria. O amor tem sim paradoxos. 
A gente deve parar de ter ilusões de que amaremos sem nunca machucar ou que nunca seremos machucad@s.  Bem sabemos que as belas musicas, letras, poemas surgem das maiores dores do coração, pois amar é sofrer ora ou outra. Se isso te acontecer, não se arrependa, continue querendo amar... 
Seja grat@ pela chance da experiência do amor, da paixão e perdão. Pois às vezes amar machuca. O amor às vezes machuca! Mas o amor também cura a ferida. O amor também impulsiona a caminhada, o sonho! E como disse o poeta  italiano Torquato Tasso: “Perdido é todo tempo que com amor não se gasta”. Vamos gastar tempo com o amor! Odete Liber

  

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções

Ele será como uma árvore plantada junto às boas águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Uma árvore que não se afligirá quando chega o calor, porque as suas folhas estão sempre viçosas; não sofre de ansiedade durante o ano da seca nem deixará de dar seu fruto!”. Jeremias 17:8.

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções. E por isso, ultimamente tenho dado um tempo maior para pensar (isso, estou pensando) sobre as dores, sofrimentos que temos ou que pessoas queridas têm e passam. Tenho refletido seja comigo, seja com outras pessoas, seja porque pessoas queridas têm ficado doentes mesmo com tanta fé em Deus e uma vida de testemunho. Ora são perdas de pessoas queridas, ora são perdas via relacionamentos rompidos, ora são doenças, desemprego, etc e tal. Todas essas pessoas, e eu me incluo, oramos/rezamos todas as noites, manhãs, no decorrer do dia (a vida é litúrgica e toda hora é hora para agradecer). Quem tem filh@s, família, amig@s com certeza ora a noite por eles/as antes de dormir e ao acordar. Com certeza oram para que a vida lhes seja doce, agradável, fácil, sem perigos, sem sofrimento. Assim como tantas outras pessoas oram/rezam uns pelos outros para que Deus os livre de todo mal, dor, lágrima, sofrimento, etc.
Esquecemos que ventos gelados sempre sopram e atinge todas as pessoas. Esquecemos que o sol ardente queima, seca e que esse tempo seco em demasia transforma a terra em torrão duro/seco.  Esquecemos que às vezes as noites são mais longas e frias, e com ela as lágrimas também podem durar mais tempo e com certeza machucam mais. Esquecemos que a doença aparece para tod@s, mesmo que não queiramos e achemos injusto. Esquecemos que qualquer pessoa pode perder o emprego, sofrer um acidente, tropeçar, cair, ficar deprê. Ninguém está ileso as dores do mundo. Tudo que é ruim é injusto, é dolorido, machuca, nos faz doer o coração, a alma. Mas, fazem parte da vida humana.
Às vezes creio que somos ingênuas/os em nossas orações. Porque enquanto vivermos e formos seres humanos a vida às vezes nos será dura, quer desejemos ou não. Nem sempre tudo será tranquilo na vida, haverá vendavais, tempestades, enchentes, secas. Assim como haverá flores colorindo a vida, perfumando o ar. Assim como haverá chuvas de verão que atenuarão o calor, deixarão a paisagem mais verde, bela!
Enquanto formos seres humanos, mesmo sendo cristãs ou cristãos seremos seres limitad@s, passiveis de sofrimentos e alegrias. Experimentaremos os mais variados sentimentos. O que fará a diferença em nossa vida e na vida d@s noss@s querid@s serão as raízes, será a nossa capacidade de resiliência.  

Hoje, oro pra Deus me dar forças para enfrentar a vida como ela é: com coisas boas e ruins. Oro a Deus para que Ele me ajude a ter mais fé, esperança, força para viver a partir da fonte da vida que é o Deus Eterno. Já não oro mais como antes. Porque quero uma fé com raízes profundas, que mesmo com chuvas em excesso, sol escaldante, frio congelante, ventos fortes, noites escuras e tenebrosas eu consiga seguir em frente, mesmo que em passos lentos, porque minha vida, minha raiz está alicerçada no Deus Eterno, não importa a situação, com choro ou com riso. E isso fará com que não desanimemos, não permaneçamos caid@s e nem sejamos levados por caminhos sem sentido para vida, e sim, sigamos em frente apesar de... Por: Odete Liber.


domingo, 26 de julho de 2015

Sonho

O sonho é como uma ponte que nos possibilita atravessar os rios e até ares da vida. Porque nessa vida, só temos uma certeza: nossa caminhada um dia será interrompida. Quando? Não sabemos e também não importa. Gosto de ler uns trechos bíblicos, como o do sonhador Jeremias. Ele me faz pensar que vale a pena continuar sonhando e tendo esperança: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança (Lamentações 3.21)” Esperança diária, esperança para cada dia, cada amanhecer.
Em especial, por acreditar que não há esperança mais gostosa do que saber que há um Deus gracioso, amoroso, que de tudo está cuidando, que por mim e por nós está zelando e que nada foge ao controle de suas mãos, apesar de nós e de nossas escolhas. As alegrias são dádivas, as perdas são amostras de sua zelosa pedagogia, que num primeiro momento nos ensina a desapegar, para num segundo momento pedirmos. Nada nesta vida é sem sentido, só temos que encontrar o ensinamento ali contido: Seja agradável ou não, ruim ou bom, alegre ou feliz, dolorido ou prazeroso... Em tudo e com tudo podemos e devemos aprender!
Afinal, um dia a gente sorri e em outro a gente chora, um dia a gente perde e em outro ganha, a vida é dura, não é fácil, as pessoas erram, nós erramos, em um dia a gente se sente só em outro não, em algum dia a gente não sente nada, só um vazio, em outro a gente vive intensamente a alegria, amor. Enquanto a vida não é interrompida, sigamos em frente, com esperança, fé, amor, paciência, garra...Vida  que segue!! Odete Liber.



domingo, 19 de julho de 2015

Mulher é a imagem do Deus invisível

Livro fascinante escrito da história humana. Relata a reflexão sobre Deus e como este age no mundo. As mulheres não aprecem muito no texto, mas os temas dos diálogos são importantes para os assuntos que preocupam as mulheres nos dias atuais.
O livro de Jó, nos apresenta um homem sofredor, e começa afirmando que ele era pai de 7 filhos e três filhas, que morrem tragicamente. No fim, porém, capitulo 42:13-14, a família reaparece como dom de Deus.
Diz o texto 42: 13-17:
Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira Jemima (Rola), e o nome da segunda Quezia (Cassia), e o nome da terceira Quéren-Hapuque (Azaviche). E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. E depois disto viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração. Então morreu Jó, velho e farto de dias. 
Esse é o único lugar da Bíblia em que um pai dá nome às filhas. Rola significa pomba brilhante; Cássia é um tipo de perfume e Azeviche é como o rímel para embelezar os contornos dos olhos e os cílios.
Na Bíblia, os nomes são significativos, pois enfatizam a importância da pessoa desde o seu nascimento. Jó atribuiu valor as três filhas e elas se tornaram herdeiras. Ele ainda questiona todos os costumes de seu tempo e termina enfraquecendo o patriarcalismo.
No cap. 1:20-22, diz:
Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.
Nesse texto temos a figura de Jó em seu sofrimento. Evoca a figura da mãe, ao falar do ventre que lhe deu a vida. Para qualquer ser humano frágil, limitado e passageiro, o ventre materno é a fonte da vida. Essa é a condição de Jó em seu sofrimento extremo, conforme o capitulo 3:3ss:
Pereça o dia em que nasci, e a noite em que anunciaram:’nasceu um menino’! [...] Pois não fechou a porta do ventre que me trouxe, e não escondeu dos meus olhos tantos males! Por que não morri no ventre materno, ou não expirei logo ao sair das entranhas? Por que em dois joelhos fui acolhido e em dois peitos, amamentado? Pois agora, dormindo, eu estaria calado e repousaria no meu sono.
Em Jó, também temos a apresentação da esposa dele, e de maneira dramática. Depois de perder todos os bens, a casa, os 10 (dez) filhos, Jó é atingido por uma doença de pele. Sua mulher, que também perdeu os filhos, casa e sustento, volta-se desesperada para o marido e clama:
Ainda continuas na tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre de uma vez! Ele respondeu: Falas como uma insensata. Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?
As palavras da mulher são duras criticas e Jó as critica. Mas, nos últimos diálogos do livro, ele próprio chega a entender o que sua mulher/esposa queria dizer. O problema é este: como entender o sofrimento dos inocentes e íntegros e, ao mesmo tempo, afirmar a bondade e misericórdia de Deus?
A resposta de Jó é uma procura do sentido de seu sofrimento. Os males não vêm de Deus. A esposa mostra ao marido, desde o começo do livro, que ele não conhece a Deus de verdade. Ela abre os olhos dele para trilhar o caminho que leva a um conhecimento mais profundo e a um amor mais verdadeiro de Deus.
No capitulo 14:1-2:
O ser humano, nascido da mulher, tem a vida curta, mas cheia de inquietação. É como a flor que se abre e logo murcha; foge como sombra, e não permanece.
Na Bíblia, entre todos os termos usados para se falar dos seres humanos, o mais comum é ‘filho do homem’, expressão que pretende contrastar a mortalidade humana com a imortalidade de deus. Numa sociedade patriarcal, o homem é a medida do verdadeiro ser humano. Jó, porém, fala da mortalidade humana em termos femininos. Em linguagem poética, ele lamenta a brevidade e a dificuldade da vida humana, ou seja, do mortal, nascido de mulher.
No capitulo 17: 1-16, temos o auge da dor do inocente que sofre no meio de uma sociedade a qual entende o sofrimento como castigo pelo pecado. E Jó faz seu clamor.
Empobrecido, doente, marginalizado, incompreendido pelos amigos, objeto de espanto e de zombaria, Jó se encontra á beira do desespero. Assim, a própria morte é vista por ele como maneira de escapar do sofrimento. Chega a tal intimidade com a morte que o esterco, ou tumulo, segundo outras traduções, chega a tornar-se seu pai e os vermes, sua mãe e sua irmã, tão familiares são para ele as dores que sofre.
O grito final é uma suplica pedindo o dom da esperança. No fim de sua conversão, Jó encontrará essa virtude em Deus. Nesse momento ele ainda está a procura.
No capitulo 19:7-18, é mostrado o extremo abandono de Jó no seio de sua família. Temos um Jó cercado pela violência de todos os seus parentes e amigos, e ainda abandonado por seus serv@s. Ele é repugnante até para sua própria casa. Nessa situação de abandono total, Jó faz o seu ato de esperança em Deus, que virá salva-lo e refazer-lhe a vida plena. No cap. 19:25-26, temos uma bela oração de esperança.
 Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus...   
 Já em Jó 31:35-40, temos o sofrido personagem em seu protesto de inocência, confessando sua integridade pessoal. Ele não se desviou da justiça, nem em seus desejos mais íntimos. No decorrer do capítulo, Jó confessa a deus que sempre foi fiel no seu casamento. Fez justiça para com seus empregados e sempre ajudou a viúva necessitada.    
O livro de Jó, em seguida, a imagem de mãe para ensinar que todo o mundo criado vem do mais intimo da vida de Deus. A criação é como o nascimento de uma criança, cuja vida vem do útero de sua mãe. Esse é o ensinamento do poeta, no cap. 38:4ss.
A figura da mãe, fonte de vida e do amor torna-se então a imagem principal para revelar a vida intima de Deus: ele é a fonte de vida e de amor sem limites, tal como as entranhas da mãe. A mulher é a imagem do Deus invisível, principio do mundo criado e da nova criação. A mulher é valoriza e citada, a ordem estrutural é quebrada em Jó. Que possamos fazer isso em nossa caminhada como mulheres e cristãs.  Odete Liber