sexta-feira, 26 de abril de 2019

Da um salto, com fé e caminhe

Nessa caminhada da vida, há momentos em que achamos que tudo parou. Que somos as pessoas mais azaradas e que até gato preto tem medo de passar por nós dado o nosso azar! Nenhuma porta se abre, muito menos uma janela! E por isso no sentimos cansad@s, desanimad@s. É nesse momento que devemos olhar para os muitos relatos bíblicos, e com fé, crer que as coisas vão mudar em nossa vida!
Nesses momentos olho lá para Genesis, e vejo o testemunho de fé de Abraão e Sara. Relato que nos apresenta os momentos de abalo da fé, mas, que apesar de tudo, continuaram a crer que o milagre era possível, que a promessa seria cumprida. E isso é o principal desse relato: continuar confiando/crendo na promessa apesar das evidencias contrarias. A grandeza da estória reside no fato de que Abrão enfrenta o abalo da fé. Em seguida dou uma passad em Hebreus e me deparo com a fé que é capaz de ver o invisível, que é o fundamento e a prova das coisas que não se veem. A fé nos ensina a confiar incondicionalmente nas promessas de Deus, porque Deus honra sua palavra. Fé é dependência, é confiança, é coragem, é esperança. Os nossos antepassados testemunharam o que é fé e isso nos é relatado. Eles viram, ouviram e viveram sua fé.
 Percebo então que vida e fé ficam fundidas numa só coisa. A experiência de vida das pessoas, sejam elas cristãs ou não, acontece através de ações libertadoras e também opressoras. A experiência acontece em nosso mundo concreto. A experiência de vida e fé torna as pessoas mais maduras, pelo menos é isso que se espera. Sei que nos dias hoje falar de fé às vezes é complicado. Concentramos-nos demais nos “resultados concretos e comparativos” e esquecemos que muitas coisas podem acontecer pela fé. Fé é milagre!! Ficamos olhando para a vida de outras pessoas, como elas conseguem tanta coisa e a gente nada. Isso nos faz sentirmo-nos pequen@s, perdedores/as. E quando isso acontece, é preciso ver o mundo com os olhos da fé de Abrão e sua luta. Ele aprendeu a ler a realidade não com o critério do que se pode tocar, ver e controlar, mas com a medida Daquele que pode romper com o presente exausto e abrir novas possibilidades. Rudolf Otto, um teólogo criou a expressão mysterium tremendum e mysterium fascinosum para se referir aos 2 tipos de experiência de fé com o sagrado. É o que vemos nos exemplos bíblicos em Hebreus e em toda a Bíblia. Momentos dramáticos, quando populações escravizadas decidem dispor-se a seguir um novo líder sem garantias, mas com expectativas que a situação presente de dor, sofrimento e humilhação iria mudar, tudo isso pela fé, que era a única garantia. E com essa garantia peregrinaram movidos pela utopia da terra que mana leite e mel, construindo ali sua vida por seguidas gerações. E o segundo é o Deus em que os sonhos e esperanças são ancorados. É o Deus vivo, Deus forte e poderoso porque deixa de ser apenas de um povo e passa a ser o deus de todos, podendo ser adorado, amado do lugar onde estiverem seus filhos.
 Não importa como você esteja: feliz, triste, chei@ de problemas, etc e tal. Basta que você tenha fé no Deus que você crê. Na fé dada por Jesus, você já participa no reino de Deus. Muitos fatos ameaçam matar a fé do ser humano em Cristo Jesus. Mas a fé é teimosa, ela se agarra à promessa do Evangelho. E, por isso ter fé, é viver apesar dos golpes que sofremos ou das crueldades que acontecem a nossa volta e às vezes em nossa vida. É preciso continuar, sem desanimar. Em algum lugar da caminhada algo maravilhoso vai acontecer e sua vida, nossa vida vai mudar! Que Deus nos ajude a vencermos tudo aquilo que nos impede de crer Nele! ODete Liber

sexta-feira, 5 de abril de 2019

É caminhando que se faz o caminho


É caminhando que se faz o caminho - Lucas 13;31-35
Estamos na quaresma, tempo em que acompanhamos a caminhada de Jesus (v.33) rumo a Jerusalém. É um período propício para refletirmos sobre a nossa caminhada como Crist@s, como discipul@s de Cristo.  É tempo de repensarmos e, quem sabe, de refazermos nossa caminhada rumo a Jerusalém. Afinal, é preciso caminhar com convicção da missão que temos como cristãos e cristãs, é preciso assumir a missão até o fim e, como foi dito no domingo passado, ser cristão muitas vezes não é fácil, não é ser rico, poderoso e, sim, enfrentar as lutas e desafios que nos aparecem ao longo da caminhada.
Quantas coisas e fatos nos amedrontam e, às vezes, nos desanimam, mas é preciso caminhar, seguir adiante, pois Deus nos ajunta como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo de suas asas.
O essencial nesse texto biblico é que o caminho dos seguidores de Jesus é o mesmo d’Ele: os seguidores, @s discipul@s podem ter o mesmo destino do mestre. O destino de Jesus em Jerusalém é a rejeição por causa do caminho que Ele seguiu, ou seja, sua opção de vida, como registrada em Lucas 4:17-19:
17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a por em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
Jesus, para cumprir sua missão com êxito, demonstra que tem paciência e infinito amor para salvar todas as pessoas pecadoras (ou seja, todos nós), pois seu desejo é que ninguém se perca, porém, esse caminho é de mão dupla: por uma via Jesus oferece gratuita e amorosamente a salvação e, por outra, a pessoa deve desejar ser salva, precisa, a partir de seu encontro com Jesus, “buscar o Reino de Deus e a sua justiça”.
Jesus propõe o Reino que liberta e dá vida. E isso deve acontecer não com violência ou com imposição. É preciso servir e não dominar!
A morte de Jesus aconteceu para cumprir os desígnios do Reino de Deus. E esta morte não foi um fracasso e, sim, um êxito, uma vitória, a qual é demonstrada pelos Evangelhos por meio das curas e expulsão de demônios, que são sinais também do Reino de Deus.
A presença de Deus pode abandonar os lugares santos. Vários textos bíblicos, como, por exemplo, o próprio verso 35. A sorte de Jesus transformara o destino da vida dos seres humanos, porque de inimigos passaram a amigos, pois com Jesus é sempre tempo de reencontro.
O que interessa é que Jesus foi rejeitado, mas cumpre sua missão. E a igreja tem sido sinal do reino? E nós? Você tem cumprido seu papel como discípul@ de Jesus?
Vale ressaltar que seguir a Jesus é muitas vezes ser rejeitado, porque os discipul@s andam na contramão da sociedade. É literalmente fazer a diferença evangelizando, curando, pregando e anunciando o ano aceitável do Senhor.
A subida a Jerusalém depende da descida à periferia, inclusive aos marginalizados.
Na caminhada com Jesus, somos desafiados para a prática da solidariedade com as pessoas sofridas: mulheres, homens doentes, crianças abandonadas, idosos solitários, afastados, pessoas desiludidas da vida e tantos outr@s.
Não podemos ficar alhei@s ao mundo. A casa não pode ficar deserta, porque logo será propriedade abandonada. Como filh@s, discipul@s de Deus é preciso caminhar, andar pelos caminhos da vida, através dos quais Deus mesmo se achega e ingressa na vida das pessoas.  É preciso compromisso exclusivamente com o Reino de Deus, para não nos deixarmos intimidar e nem desviar do caminho. Quem não consegue seguir o caminho enfrentando os inimigos acaba sendo inimigo do Reino, os quais, em Filipenses 3:18-19 são chamados inimigos da cruz, que têm como destino a perdição. No domingo passado também ouvimos um pouco sobre o que é ser profeta de Deus, inclusive que ser profeta é muitas vezes ser rechaçado.
Não podemos ser como Jerusalém, que era o lugar escolhido por Deus para ali fazer habitar o seu nome, símbolo da presença de Deus e da proximidade com Deus e ao mesmo tempo cidade que mata os profetas a ela enviados. Jerusalém era a cidade que refletia a presença de Deus e que abrigava quem conhecia os caminhos de Deus, mas também não percebeu quando Deus lhe falava através de seus enviados. Não percebeu Jesus.
Jesus morreu ‘em’ e ‘por’ intermédio de Jerusalém, porque Ele era e é o enviado especial para trazer a nossas vidas a presença e o abrigo de Deus. O texto nos diz que diversas vezes Deus se dirigiu as pessoas e estas não ouviram os seus enviados. É preciso avaliar nossa ação, afinal, Deus usa a nossa comunidade para servir de abrigo aos que precisam, para acolher as pessoas desamparadas e a comunidade deve lembrar que ela precisa das asas protetoras de Deus.
A imagem da galinha é aplicada ao Deus protetor, que também se refere ao templo, que é lugar de proteção e presença divina. É também a imagem feminina e maternal, que assegura a proteção e ternura aos seres humanos recém nascidos. É a descrição da graça, a grande novidade do Reino.
Não nos agarramos a Deus primeiro, é Deus quem nos protege. Jesus diz: “Eu quis ajuntar”. Os pintinhos se perdem, piam, gritam e a mãe os chama. Deus nos chama!
A comunidade de fé, formada por tod@s nós deve ser espaço, o abrigo para os pintinhos perdidos (afinal quantas vezes nos sentimos como pintinhos perdidos, desprotegidos). A comunidade de fé, as pessoas que confessam sua fé em Jesus Cristo e o seguem, podem ensaiar solidariedade e anunciar a presença viva de Deus conosco. Membros em perigo a mãe – Deus ajunta e protege. Dá sua vida por eles, que é o que Jesus fez por nós.
Encontrei uma história muito bonita, sob o titulo “Debaixo de suas asas”
“Após um incêndio no parque nacional Yellowstone dos Estados Unidos, começou a tarefa de limpeza e avaliação dos danos. Um guarda florestal ia caminhando pelo parque, quando encontrou uma ave carbonizada ao pé de uma árvore, numa posição bastante estranha, pois não parecia que morrera escapando, nem que fora apanhada, simplesmente estava com suas asas fechadas ao redor do corpo. O guarda intrigado, encostou nela suavemente com uma vara; 3 pequenos filhotes vivos apareceram debaixo das asas da mãe. Mãe que sabia que seus filhotes vivos não poderiam escapar do fogo, por isso não os abandonou, nem os levou para o ninho sobre a arvore, onde a fumaça subiria  e o calor se acumularia. Levou-os para debaixo da arvore, provavelmente um por um, e ali ofereceu a sua vida, para salvar a vida deles. Podem imaginar a cena? O fogo rodeando, os filhotes assustados e a mãe muito decidida transmitindo paz, dizendo-lhes: “Não tema, venham par debaixo de minhas asas e nada lhes acontecerá”. E os filhotinhos estavam tão seguros  e protegidos do fogo, que horas depois do incêndio terminado ainda não tinham saído de lá. Estavam totalmente confiantes na proteção da mãe, somente após o encostar do guarda no corpo morto da mãe, é que pensaram que deveriam sair.”
Tens a quem amar assim?  És capaz de amar o irmão de fé? Alguém tem te amado assim? Quem encontra um motivo pelo qual vale a pena viver, encontra um motivo pelo qual vale a pena dar a vida. E seguir a Cristo vale a pena!
Pois a vinda de Jesus, com Jesus a caminho, caminhando, é o modo como Deus ingressa na vida das pessoas, é como Ele ingressou na minha vida, me encontrou e passamos a caminhar juntos.    
Quaresma é tempo de acompanhar Jesus na sua caminhada para Jerusalém. A serviço. Sem desvios. É caminhar: com coragem e firmeza de fé, com o objetivo certo: o Reino de Deus, não a promoção pessoal; obediente a Deus e não ao poder do mundo; com solidariedade aos sofrid@s e não pensar que não tem mais nada a fazer, que já é tarde, porque para Deus nunca é tarde; sem pensar em deixar para os outros ou pensar que a mudança vai tardar; é caminhar com a certeza das asas protetoras da mãe e na confiança: nossa pátria esta nos céus, de onde aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Caminhar confiando que Deus está conosco, apesar da caminhada muitas vezes não ser fácil e a conscientização de que há um “tarde demais”.
Deus nos abençoe e guarde com suas asas protetoras. Que Deus toque nossos olhos para que possamos enxergar a beleza da vida e a dor dos que sofrem, toque nossos ouvidos para que possamos ouvir o clamor das pessoas, toque nossa boca para que possamos levar adiante a sua mensagem, toque nossas mãos para que possamso ofertar com disposição, toque nossa vida para que o Espírito Santo possa nos envolver, toque nosso coração e nos permita sentir seu amor e  sejamos forte para seguirmos o caminho, andar pelos caminhos da vida, com o compromisso radical com quem sofre e passa necessidades. Odete Liber