terça-feira, 14 de junho de 2011

CASAMENTO MARI E NANDO: UM SONHO












gente, esse casamento foi lindo d+! Rogo a Deus que os abençoe imensamente, afinal, eles merecem!!!! E o Adriano estava lá, falando aos noivos...pena que ele estava escondidinho atrás da decoração do altar... kkk

quarta-feira, 1 de junho de 2011

EU TENHO UM SONHO - MARTIN LUTHER KING JR

Eu tenho um sonho
Martin Luther King Jr
Discurso proferido durante a "Marcha para Washington", em 28 de agosto de 1963.

Eu estou contente em me unir a vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás, um grande americano, a cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros ressecados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda é tristemente paralisada pelas algemas da segregação e pelos grilhões da discriminação. Cem anos depois, o negro vive em uma ilha isolada de pobreza em meio a um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontra exilado em sua própria terra.

Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição. De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória, da qual todo americano seria herdeiro. Essa nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, assim como os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e busca da felicidade.

Hoje é óbvio que a América não resgatou essa nota promissória no tocante aos seus cidadãos negros. Em vez de honrar essa obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou com o carimbo "fundos insuficientes". Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar esse cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
Nós também viemos para recordar à América essa cruel urgência. Esse não é o momento para descansar no luxo refrescante ou para tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia. Agora é o tempo para escalar o vale das trevas da segregação até o caminho iluminado pelo sol da justiça racial. Agora é o tempo para tirar nossa nação das areias movediças da injustiça racial e colocá-la sobre a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus. Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Esse verão sufocante do legítimo descontentamento dos negros não passará até haver um renovador outono de liberdade e igualdade.

Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que esperam que o negro agora tenha sua auto-estima elevada e esteja satisfeito terão um violento despertar se a nação voltar a ser como sempre foi. Não haverá descanso nem tranqüilidade na América até que sejam garantidos ao negro seus direitos de cidadão. Os redemoinhos da revolta continuarão abalando as fundações de nossa nação até raiar o brilhante dia da justiça.
Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso direito legítimo, não devemos ser culpados por atos injustos. Não vamos saciar nossa sede por liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nossos protestos criativos degenerem em violência física. Renovadamente temos que subir às majestosas alturas do confronto da força física com a força da alma.

Nossa nova e maravilhosa militância mostrou à comunidade negra que não devemos ter desconfiança para com todas as pessoas brancas. Muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, entenderam que o destino deles está amarrado ao nosso destino. Eles perceberam que a liberdade deles está ligada indissoluvelmente à nossa liberdade. Nós não podemos caminhar sozinhos. E enquanto caminhamos, temos que dar nossa palavra de honra de que sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder.

Há aqueles que perguntam aos defensores dos direitos civis: "Quando vocês estarão satisfeitos?". Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem se hospedar nos motéis ao longo das estradas e nos hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for restrita de um gueto menor a outro gueto maior. Nós não estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças forem privadas de sua identidade e lhe roubarem sua dignidade com placas advertindo "Apenas para brancos". Nós não estaremos satisfeitos enquanto um negro não puder votar no Mississipi e enquanto um negro em Nova Iorque acreditar que não tem motivo para votar. Não! Não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que " haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não pára de correr".

Eu não esqueci que alguns de vocês vieram até aqui após grandes provações e sofrimentos. Alguns de você saíram recentemente das celas estreitas de prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhes deixaram marcas por causa das tempestades das perseguições e dos ventos da brutalidade policial. Você são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé de que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e os guetos de nossas cidades do norte, sabendo que, de alguma maneira, esta situação pode e será mudada. Não nos joguemos no vale do desespero.
Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que, embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - " nós sustentamos estas verdades como auto-evidentes: que todos os homens nascem iguais ". Eu tenho um sonho que, um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho que, um dia, até mesmo no Estado de Mississippi, um Estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tenho um sonho que, um dia, minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que, um dia, no Alabama - com seus racistas maus, com seu governador cujos lábios gotejam palavras de intervenção e negação - um dia, bem no Alabama, meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que, um dia, todo vale será exaltado, todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados, "e ntão o Senhor mostrará a sua glória, e toda a humanidade a verá".

Essa é nossa esperança. Essa é a fé com que regressarei para o Sul. Com essa fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com essa fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com essa fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que seremos livres um dia. Esse será o dia, esse será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado: "Meu país, doce terra de liberdade, eu canto a ti. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos. De todo lado da montanha, que ressoe o sino da liberdade!" Se a América quiser ser uma grande nação, isso terá que acontecer.

Assim, que ressoe o sino da liberdade nos extraordinários topos das montanhas de New Hampshire. Que ressoe o sino da liberdade nas poderosas montanhas de Nova Iorque. Que ressoe o sino da liberdade nas colinas Alleghenies da Pennsylvania. Que ressoe o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve do Colorado. Que ressoe o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não apenas isso. Que ressoe o sino da liberdade na Stone Mountain da Geórgia. Que ressoe o sino da liberdade na Lookout Mountain do Tennessee. Que ressoe o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. "De todo lado da montanha, que ressoe o sino da liberdade!"

E quando isso acontecer, quando permitirmos que o sino da liberdade ressoe, quando nós deixarmos ele ressoar em cada vila e em cada vilarejo, em cada Estado e em cada cidade, poderemos apressar a chegada do dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão se dar as mãos e cantar com as palavras do velho spiritual negro: "Livre afinal, livre afinal. Agradeçamos ao Deus Todo-Poderoso, nós somos livres afinal".

terça-feira, 31 de maio de 2011

1984: o passado que se junta ao presente e futuro

1984: o passado que se junta ao presente e futuro

"Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre".

George Orwell, grande escritor, que utilizava o pseudônimo de Eric Arthur Blair, nascido em Bengala, na Índia Inglesa, em 25 de junho de 1903, e veio a falecer em Londres, a 21 de janeiro de 1950. Poucas pessoas, mesmo entre as que lhe eram próximas, conheciam seu verdadeiro nome, de tal forma que o seu pseudônimo se tornou a sua Segunda natureza. A adoção deste nome correspondeu a uma alteração na vida e nos ideais do homem – de sustentáculo do Império Britânico, ele tornar-se-á num rebelde, constantemente critico.
Escrito no pós-guerra, o livro de Orwell – 1984, é um dos maiores clássicos do século passado. O romance de Orwell, descreve uma visão pessimista de um futuro sombrio. O autor inverteu o ano no titulo para criticar o totalitarismo vigente em 1948. Sendo assim, não era apenas uma obra de ficção cientifica.
No livro conta-se a história de Winston, um apagado funcionário do Ministério da Verdade da Oceania, como parte da indiferença perante a sociedade totálitária em que vive, passa à revolta, levado pelo amor por Júlia e incentivado por O’Brian, um membro do Partido Interno com quem Winston simpatiza; e de como acaba por descobrir que a própria revolta é fomentada pelo Partido do Poder, e também de como, no quarto 101, todo o homem tem os seus limites.
Logo, pode-se dizer que ao escrever 1984, Orwell estava desencantado com o socialismo, especialmente com sua faceta stalinista, causa que abraçara para melhor lutar contra o naziifascismo, dedicou os últimos anos de vida a denunciar o comunismo stalinista. Para tanto publicou dois livros, nos anos de 1945 e 1949, ambos com impressionante projeção, e que fizeram por acirrar ainda mais o feroz debate ideológico entre comunistas e democratas que dividiu o mundo intelectual na época da guerra fria. Um deles intitulava-se Animal Farm (A revolução dos bichos), e o outro simplesmente tinha um número na capa, o Nineteen Eigthy Four ("1984"), no qual apareceu pela primeira vez o onipresente Big Brother, o Grande Irmão.
O intento do cidadão Winston Smith de rebelar-se contra o todo-poderoso sistema em que ele vivia fracassara rotundamente. Preso, torturado de uma maneira especial pela polícia política do regime (ele era fóbico a ratos, justamente com quem teve que compartilhar uma gaiola), ele não resistiu. Em pouco tempo, reciclado por um programa de recondicionamento de praxe, na verdade uma lavagem cerebral em regra, Winston voltou a ser um servo da ordem totalitária. Esta é em essência o enredo do livro 1984 (Neneteen Eithy-Four). Este livro assinalou o rompimento definitivo de Orwell com qualquer causa de esquerda e de certa forma, pode-se considerá-la como o epílogo do seu desentendimento com os comunistas, drama moral e ideológico que se arrastava há mais de dez anos, desde os tempo da Guerra Civil espanhola (1936-39).
Como tantos intelectuais da sua geração (a crise dos anos 30, seguida da espantosa ascensão do nazi-fascismo, quando ditadores como Hitler, Mussolini e Franco, passaram a servir de exemplo e inspiração para tantos outros candidatos à tirania), Orwell inclinou-se pela resistência a eles. Nunca, entretanto, foi um militante comunista. Considerava-se um independente, um companheiro de viagem da causa. E assim o foi. Em dezembro de 1936, ele, como tantos outros estrangeiros, apresentou-se como voluntário para deter o golpe direitista do general Franco, na Espanha. A situação piorou quando, ainda que ferido na garganta quanto lutava ao lado dos milicianos de esquerda, em maio de 1937, ele foi, justamente por não ser um enquadrado, considerado um fora-da-lei pelos comunistas espanhóis alinhados a Moscou.
Depois, Orwell estava se recuperando em Barcelona quando assistiu, em junho de 1937, a liquidação, por fuzilamento ou encarceramento, do POUM (uma milícia pró-trotsquista que foi colocada na ilegalidade pelos comunistas espanhóis, supervisionados pela GPU de Stalin). As batalhas de rua travadas entre os socialistas e comunistas contra os anarquista e os integrantes do POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista) foram por ele vivamente registradas nas páginas do seu Homage to Catalonia (Lutando na Espanha, pela tradução brasileira feita pela Editora Civilização Brasileira), escrito logo após a sua volta a Londres. Aquela absurda carnificina entre as esquerdas, que se tiroteavam e se ofendiam em frente a um inimigo comum, era o resultado da política stalinista. O ditador soviético, na época dos processos de Moscou, tinha transferido sua luta contra Trótski e outros oposicionistas, para dentro da guerra civil da Espanha. Como era ele quem abastecia os republicanos espanhóis com as armas e suprimentos com que lutavam contra Franco, ninguém pôde demovê-lo da intenção de exterminar com os dissidentes, ainda que, até aquele momento, lutassem ombro a ombro contra o inimigo comum.
Então abalado, Orwell, retornando à Grã-Bretanha, aos poucos arquitetou a vingança contra os comunistas. Primeiro foi a sátira Animal Farm (A revolução dos bichos), publicado em 1945, no qual, à moda de La Fontaine, que socorria-se de história de bichos para expor os homens, fez uma devastadora crítica ao regime soviético. Livro, que correu o mundo alimentado pelas paixões acesas pela guerra fria. Em seguida, em 1949, um ano antes de morrer tuberculoso, editou o Nineteen Eigthy-Four ("1984"), o grande clássico da desilusão de um esquerdista com o comunismo.
1984 foi inspirado na pequena novela "Nós" de Eugênio Zamiatin, de 1920/1, escrita em plena União Soviética, Orwell, com recursos literários bem superiores, colocou o regime de Stalin sob execração universal. Enquanto o ex-bolchevique Zamiatin, que foi o verdadeiro profeta da sociedade anti-utópica, chamou de benfeitor o ditador do seu Estado Uno, Orwell batizou-o de Big Brother. Era o Grande Irmão, que tudo via, tudo sabia e tudo previa, o invisível senhor de uma máquina política totalitária que movia guerra ao mundo e aos seus poucos opositores. Também recorreu a outro best-seller da distopia (isto é uma anti-utopia ou contra-utopia, que visualiza o futuro como um pesadelo), o Brave New World, o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que descrevia o funcionamento de uma sociedade pavloviana inteiramente controlada por recursos biológicos e farmacêuticos, publicado em 1931.
Tendo o controle das comunicações, fazendo da televisão, o seu poderoso olho policial, o Grande Irmão dobrava todos à sua vontade. O lema do regime era Big Brother is Watching You, o Grande Irmão te vigia. Nada, portanto, lhe escapava. Invertendo a lógica do aparelho televisor, obrigatoriamente ligado, sem outras alternativas de programas, era por meio do tubo que ele controlava os cidadãos rebaixados a servos obedientes.
Pode-se dizer que, a coesão interna do sistema era obtida não só pela opressão. Lá fora, além do perímetro da Oceania, como Orwell designou aquele paraíso da repressão, o regime enfrentava os seus inimigos eternos sustentando uma guerra interminável na Eurásia e na Eastasia, tudo justificado pela invenção de uma nova linguagem: a novilíngua. Este idioma totalitário, obra-prima dos filólogos a serviço do Grande Irmão - parente próximo do politicamente correto dos nossos dias -, tinha o dom de transmudar em outra coisa todas as palavras com significado desagradável ao regime. Não contente com isso, o Grande Irmão, para extravasar as emoções, promovia sessões de ódio, nas quais, numa tela gigante, aparecia a imagem do principal inimigo dele (Emanuel Goldstein, isto é, Trótski) para que todos descarregassem a fúria sobre aquele inimigo. Situações estas intercaladas com outras cenas enternecedoras, nas quais os súditos, perfeitamente lubrificados pela eficaz e condicionante engrenagem da propaganda, lançavam loas e agradecimentos mil ao Grande Irmão.
As intenções gerais de Orwell com o livro 1984, além de ser uma espécie de acerto de contas com o regime comunista, era tecer certas considerações sobre a experiência socialista até então conhecida. Basicamente ele assegurou que:
A guerra, movida perpetuamente pelo regime, era importante para consumir os produtos do trabalho humano, pois se tal tipo de trabalho for usado na incrementar o padrão de vida, o controle do partido sobre o povo decai, pois a guerra é a base de uma sociedade hierárquica, visto que a guerra contínua, tinha a função de garantir a ordem interna do regime. Desta forma Guerra significava Paz;
Logo, a paranóia do regime stalinista tinha uma função clara de mobilizar os recursos nacionais permanente em função da interminável guerra contra o capitalismo, servindo isto de pretexto para a continuidade da ditadura partidária e do domínio absoluto do chefe sobre o todo;
Havia uma necessidade emocional em acreditar na vitória final do Grande Irmão. Para poder suportar o clima opressivo, as mentes deveriam estar concentradas num perspectiva psicológica otimista;
Coletivismo não significa socialismo, já que a riqueza pertence a uma nova "classe alta", formada pela burocracia e pelos administradores. O coletivismo assegurou a permanente desigualdade;
A riqueza não é transmitida de pessoa a pessoa, mas controlada pelo grupo dominante.
Por isso, diz-se que é no final desse século que o mundo de Orwell poderia vir à tona. Com os megablocos, a novilíngua e a tríade que sustenta o duplipensamento: guerra é paz; liberdade é escravidão; e ignorância é força. Para acreditar nessas diretrizes é preciso duplipensar - cada um dos lemas pode ser usado em sentido oposto, dependendo do seu uso. Para entender o duplipensar é necessário duplipensar.
No livro, o personagem principal, Winston Smith, que trabalha no Ministério da Verdade, é uma crítica à imprensa e sua tarefa é adulterar o passado, contribuindo para a manutenção do Partido no poder. O Ministério da Verdade e o controle de dados da população é fundamental, pois quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado.
Existiam ainda mais três Ministérios, o da Paz (equivalente as forças da paz da ONU), o da Fartura, responsável pelo forjamento de números e metas e pelo entusiasmo da população, assim como o nosso racionamento de energia, e o do Amor, onde os suspeitos eram levados para tortura.
Orwell descreveu um mundo dividido em megablocos, onde os indivíduos eram controlados todo o tempo através de teletelas e dos aparatos de denúncia do estado totalitário. O atual cenário cennário macro-econômico ainda engatinha para essa reformulação politico-econômica. A Oceania, englobava a Alca e o Reino Unido, ou Pista de Pouso nº1 (a definição não era pejorativa segundo o autor, entretanto é uma crítica a pátria colonizadora que virou colonizada). Os ingleses estariam de fora do megabloco da Eurásia (Europa continental e países da Ex-URSS) da mesma forma que atualmente descartam o Euro. Orwell não precisava ser vidente para projetar uma unidade européia sem a Inglaterra. A Lestásia era o terceiro-bloco formado pela união dos tigres asiáticos, China e Japão. Já os outros países integrantes do Oriente Médio, África e do sul da Ásia formariam um quadrilátero geográfico sem unidade. Esses países seriam o motivo de guerra entre os três megablocos. Não muito diferente da situação do Afeganistão, Filipinas, Palestina, Iraque.
Assim como os megablocos, a redução drástica do idioma e o contole total da população estão na "pré-história". A informática é o setor mais necessário e o que mais avança para que transformação da ficção em realidade seja completa. O totalitarismo através do controle da população depende exclusivamente dos avanços tecnológicos.
Orwell criticava o totalitarismo de Estados, o qual poderá ser substituído pelo das grandes corporações. No livro, os membros do partidos eram vigiados em todos os lugares através das teletelas com medo de serem capturados. Orwell era experiente nisso: em 1949, ele denunciou, numa lista, 130 pessoas suspeitas de comunismo ao governo britânico, incluindo Charles Chaplin e Bernard Shaw. Assim, o indivíduo não terá defesa se a realidade caminhar para o mundo de "1984". Mesmo que haja uma oposição, a possibilidade de ela ser efetiva é nula. A oposição pode existir desde que não incomode. Orwell projeta o futuro numa crítica a falta de opção no presente. Se na ficção o cidadão reagisse, ele cometia crimidéia, o que bastava um pensamento ou um ato suspeito diante das teletelas e até dos próprios filhos, incentivados pelo Partido a denunciarem os pais suspeitos. Ao cometer crimidéia, o indivíduo passava a ser alvo fácil do Ministério do Amor, sendo vigiado e caçado pela Polícia do Pensamento. Tornava-se impessoa. Foi o que aconteceu com Winston, que tinha atitudes contrárias ao Partido como anotar num caderno suas idéias. Quando alguém se tornava "Impessoa" ela desaparecia e todos os seus registros eram apagados. Aquela pessoa nunca existira...
Portanto, 1984 não é apenas uma crítica, mas uma metáfora do que está sendo pavimentado pela novilíngua, pelo crimidéia e pelo duplipensar; presentes em 1948, possivelmente em nosso época, em 2011.
 
resenha critica escrita por Odete Liber AAdriano
Obra: 1984. 12ª ed., São Paulo: Nacional, 1979.

Mesquinho e contraditório

Jonas: mesquinho e contraditório

 O Deus que conhecemos através do livro de Jonas, é um Deus que não castiga o povo arrependido e de outro lado, um profeta furioso com Deus, mesquinho e contraditório.
Jonas 2:10. Aqui, o importante é mostrar a ironia de Jonas, pq ele se mostra bastante agradecido quando ele próprio recebe ajuda; em contraposição ele fica com raiva quando outras pessoas são ajudadas (Jonas41). Jonas se revela como uma pessoa que mantém seus preconceitos contra os de outro credos (Jonas 2:9).  Jonas através do texto, mostra sua estreiteza de fé, em especial nos versos 5 e 8. Jonas mostra sua devoção ao templo. Lembrar de Deus é alcançar o templo e vice versa. Deus implica lembrar-se do lugar de sua residência, o templo de Jerusalém.
Esse capitulo, dentre outras informações, nos apresenta o fato de que Deus se preocupa com todos os seres humanos, ninguém é exclusivo. Pessoas de diversas épocas, regiões, origens e credos e com as mais variadas experiências individuais.
A fuga de Jonas foi ampliada e muitas outras vidas foram alcançadas, indo além do próprio plano de Deus. Sua fuga torna-se uma forma de alcançar muitos gentios.
No filme, as meninas aborígines eram obrigadas a deixar família, costumes para seguirem uma nova religião... 
Vocês tem uma missão! Todos nós temos! Que é compreender que o Deus verdadeiro é aquele que dá a vida para todos, e que conta conosco para isso. A diferença, é que seu amor não é oferecido, dado por meio da força mas sim, pelo exemplo de vida. Pela mudança de vida, mudança que implica mudança de atitudes, mudanças na forma de pensar e agir. Isso é conversão.
Foi na fragilidade, estupidez e ignorância de Jonas que o povo se despertou para compreender sua situação e e agir. É a sabedoria e força do povo, construída através da própria condição histórica, social e cultural, que lhe permite interpretar a mensagem que lhe é transmitida por alguém que não tem a mínima noção do que de fato está acontecendo. Mas, Jonas no sue limite se curva diante dessa interpretação e recupera a tradição dos pobres da qual era parte e depositário.
A história das igrejas é marcada pelo exclusivismo de Deus. Esta é a repetição da tragédia experimentada pelo povo de Israel. A busca da hegemonia no cenário das nações, mesmo que encoberta, marcou a vida de Israel e tem marcado vida das igrejas.
A proposta original de Deus é ser uma bênção, um bem para todas as pessoas. Javé é a fonte, a força e o poder da vida. Tudo o que produz mais vida para os que estão no vale da morte é sinal da ação de Javé. E Javé, fala e age por meio da condição anti-vida (fome, violência, drogas, ausência de afetividade, etc). Jonas realizou um trabalho par Deus, mas não o entendeu o que estava fazendo. Muitas vezes não entendemos o que fazemos e nem o que Deus quer!   É preciso deixar de ser como um Jonas contemporâneo, que entende sua missão e não percebe a vontade de Deus para o povo. Se os que não tem passado e nem futuro são tocados pelo Espírito Deus, suscitando força de vida, nós, que recebemos a Palavra do Senhor, deve nos esforçar para descobrir e experimentar e experienciar esse Deus.
O Espírito de Deus se move entre o povo e move o povo por meios muito próprios, que desafiam nossas análises. Sempre somos unilaterais e marcados por nossa própria visão e conceitos sobre a vida e Deus.  Com isso perdemos a visão mais ampla da vida que inclui seus mistérios e os gestos pequenos e simples que dão origem a suas grandes torrentes. Interessante salientar que o Espírito Deus age por aí, sem violentar os códigos culturais e dando preferência aos gestos que, entre o povo geram sinais de que a vida é sempre possível. E Jonas vem nos apresentar a possibilidade de mudança, de nova vida.
ODete Liber
CULTO E LITURGIA
Os termos “culto cristão” e “liturgia cristã” no sentido literal se referem à reunião do povo cristão ou de pessoas cristãs, em nome de Jesus. (Mt 18.20; 1 Co 5.4; 11.17, 18, 20, 33, 34; 14.23, 26) Neste sentido o Novo Testamento usa também o termo “o partir do pão” (cf. At 2. 42; 20.7) indicando que no centro destas reuniões estava a celebração da Santa Ceia, a Eucaristia.
No sentido amplo estes termos abraçam também toda a fé e vida cristãs - (Rm12.1; Tg 1.27; Hb 13.16). De modo que a liturgia do culto cristão nos acolhe com as nossas experiências da vida diária, prepara-nos e nos envia de volta para a vida cristã. Vale ressaltar que o culto na igreja de forma alguma substitui o nosso servir a Deus no dia a dia.
O culto cristão é, e sempre foi, um acontecimento dialogado: Deus age em nossa vida por meio da Palavra e dos Sacramentos, e nós manifestamos a nossa resposta para Deus. Importante é que a iniciativa para o nosso culto parte de Deus. Ele realizou todo o necessário para a nossa salvação e com os meios da graça, Palavra e Sacramentos, o próprio Deus possibilita que os cristãos lhe rendam culto e lhe dediquem toda a sua vida.
Culto é o encontro entre Deus e a comunidade, em determinada hora e em determinado lugar. O culto é, por excelência, comunitário. Assim, a pregação, as orações, a reconciliação, a Ceia do Senhor têm este caráter coletivo. E isso não significa desprezar nem subestimar a importância e o zelo pela espiritualidade individual, fortalecida no culto e, de forma especial, na prática das Orações Diárias da Comunidade[1], um tipo de culto cristão que a tradição protestante carece resgatar.
O termo liturgia provém do grego “leitourgia” que, em sua origem indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo ou do bairro ou da cidade ou do Estado. Portanto, a liturgia era a “obra pública” assumida com liberdade. Com o passar do tempo a liturgia perdeu o seu caráter livre e passou a significar um serviço obrigatório. Tempos depois passa a ter o significado de serviço público prestado para o bem comum. 
Assim, a palavra LITURGIA tem sua origem do grego clássico e é composta de duas raízes: Liet – leos – laos: povo, público – ação do povo, obra pública, ação feita para o povo, em favor do povo. Ergomai (ergom): operar, produzir (obra), ação, trabalho, ofício, serviço. Traduzindo literalmente leitourghía significa: “serviço prestado ao povo” ou “serviço diretamente prestado para o bem comum”, serviço público.
Liturgia é o conjunto de elementos e formas utilizados para a efetiva realização do culto. A liturgia, com seus elementos e suas partes[2], forma um conjunto, segue uma lógica, com início, meio e fim, onde cada elemento desempenha função específica a partir do seu significado. Respeitados seu significado e sua função no ordo, que tem uma lógica interna, cada elemento e cada parte litúrgicos podem ser moldados criativamente.
Assim, culto, liturgia, Deus e comunidade se interligam.
CULTO:  é o encontro da comunidade/igreja com Deus
LITURGIA: é o conjunto de elementos e formas através dos quais se realiza esse                     encontro.
QUEM É DEUS?  É quem gerou e fez nascer a comunidade. Ele é a própria razão de ser                        da comunidade/igreja, a fonte da sua existência. Esse Deus chamou pessoas, a adotou como filhos e filhas, através do batismo. Não fosse Deus e o seu chamado, não haveria comunidade/igreja.
QUEM É A COMUNIDADE?  É uma comunhão de pessoas. A comunidade é um corpo vivo, como diz Paulo em Rm 12.5. A comunidade reunida pode ser comparada a uma grande família. E como família, a comunidade tem muitas coisas em comum: um passado conjunto; uma história, tradições, costumes comuns, um jeito mais ou menos parecido de fazer as coisas, de celebrar os momentos importantes da vida, uma certa maneira de ser, de pensar, de se comunicar. 
Segundo Kirst, a comunidade e Deus são dois parceiros[3]. E esses dois parceiros de encontro não são iguais. Há uma diferença entre eles. Há uma diferença infinita entre eles. O encontro no culto não acontece por vontade e iniciativa da comunidade e sim de Deus. O encontro, no culto, não é uma coisa que a comunidade pode exigir ou convocar por sua própria autoridade. É Deus que se coloca à disposição para o encontro com a comunidade no culto. O fundamento de todo culto cristão é a palavra de Jesus em Mateus 18.20.
Deus não indica o monte mais alto ou o lugar mais difícil de alcançar. Deus não nos manda encontrá-lo no deserto ou algo assim. Deus não determina épocas e horários impossíveis para ser achado. Ele nos dá uma fantástica liberdade e se coloca em nossas mãos, ao dizer "Vocês podem se reunir onde quiserem, quando quiserem. Basta que estejam dois ou três reunidos em meu nome, é só chamar o meu nome, que eu vou comparecer".     
Nesse sentido, o encontro no culto é possível, porque Deus permite e porque Ele (Deus) ordenou, conforme I Co 11. 24 e 25.
Por isso, celebrar a ceia/eucaristia, nas primeiras comunidades cristãs era o mesmo que celebrar o culto. Celebrar o encontro com Deus no culto é um ato que a comunidade cristã 'tem que fazer', cumprindo uma ordem de Jesus. Deus não apenas permite que a igreja/comunidade se reúna com ele, como também ordena.
Tal atitude tem uma conseqüência para cada pessoa que se diz cristã. Porque para uma pessoa cristã ir ao culto não apenas uma questão de gosto, de disposição, de ver os amigos. Ou uma questão de vontade de ir ao culto. A questão é "Deus ordenou à sua comunidade que se encontre com Ele no culto", e se a pessoa é membro dessa comunidade, ela é responsável para que a comunidade se reúna com Deus no horário e no local marcados pela comunidade. Ela faz parte desse encontro e não pode deixar de ir, pois tal encontro não é responsabilidade do pastor/a[4]. É responsabilidade da comunidade toda e de cada uma das pessoas que fazem parte dela[5].
E esse culto, ou seja, esse encontro tem uma ordem, um jeito para acontecer. É a liturgia. Na liturgia os dons de Deus são distribuídos ao seu povo. Como a palavra e os sacramentos de Deus não existem num vácuo, a liturgia serve para providenciar uma estrutura através da qual estes dons são entregues à congregação.
A liturgia é algo ordenado, organizado, um todo, inteiro. Tem uma estrutura e partes que se inserem ordenamente dentro dessa estrutura. Por isso, a liturgia é um conjunto de elementos e formas.
Tais elementos podem ser imprescindíveis ou apenas úteis. Quer dizer que, há partes que são úteis, sem ser imprescindível, ou seja, pode faltar que não acontecerá nada. Kirst diz que a liturgia é como uma casa composta com várias dependências. Há certas dependências/cômodos que não podem faltar, como por exemplo, a cozinha, banheiro, dormitório e outras partes que são úteis como a sala de TV, sala de jantar/estar ou varanda. Logo, mesmo que uma casa não tenha sala te TV, sala de estar ou jantar, não deixará de ser uma casa ou um apartamento. Assim, é a liturgia. Ela tem partes imprescindíveis, que nunca podem faltar e outras partes que são úteis, mas podem faltar num culto.
Assim como há liberdade na maneira de se fazer as peças de uma casa, como a liberdade quanto ao material, às cores, cortinas, decoração, igualmente há a liberdade quanto à forma da liturgia, isto é, quanto a maneira ou ao estilo de se realizar as partes da liturgia, como por exemplo, a maneira de se fazer a oração de intercessão ou a distribuição da Ceia/eucaristia.

BIBLIOGRAFIA:
BOROBIO, Dionisio. A Celebração na Igreja, Vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990.
KIRST, Nelson. Nossa Liturgia: das origens até hoje. Série Colméia, fascículo 1, Sinodal: São Leopoldo, 2000.
REVISTA TEAR.  Liturgia em revista. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, nº. 7, p. 3-8, maio 2002.



[1] Ver revista  Tear – Liturgia em revista, São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, n. 7, p. 3-8, maio 2002.
[2] A liturgia está dividida em quatro partes, que são: Liturgia de Entrada, Liturgia da Palavra, Liturgia da Ceia do Senhor, Liturgia de Saída.
[3] Nelson KIRST. Nossa Liturgia: das origens até hoje. Série Colméia, fascículo 1, p. 12, Sinodal: São Leopoldo, 2000.
[4] O pastor/a ajuda a comunidade a celebrar.
[5] Nelson KIRST. Nossa Liturgia: das origens até hoje. Série Colméia, fascículo 1, p. 14, Sinodal: São Leopoldo, 2000.

pensamento do dia

"Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar..." (Clarisse Lispector)