Em tempos de Natal é possivel fazer
diferente
Nessa época de natal, tenho visto
belíssimos enfeites natalinos, ruas, lojas, shoppings, casas lindamente
decoradas. Também tenho observado a correria de muitas pessoas. Ela tem pressa!
Pressa para comprar presentes para tod@s, pressa para ir ao trabalho, pressa
para que os dias de festa e compromissos sociais comece e termine logo. Pressa
para que o ano termine e um novo comece. Pressa, muita pressa!
E ao ver tanta gente com pressa, me
cansei. Deve ser a idade. Comecei calmamente a me recordar dos tempos de
criança, tempos esse em que o tempo quase não passava e nessa calma ficávamos
sonhando com as datas festivas do ano, em especial o Natal e a Páscoa. O Natal
era um tempo mágico, não só pelo colorido, pela árvore de natal, presépio,
decorações, presentes, mas pela alegria do encontro e das guloseimas. A alegria
estava em partilhar bons momentos com as pessoas especiais, sejam familiares ou
amig@s, vizinho@s e lógico, os comes e bebes. Hoje, outros tempos! A
preocupação está no quesito “o que irei ganhar” ou “quanto em cash irei
ganhar”. Pega-se os presentes e cada um
vai para o seu mundo.
Não se ri mais junto, não se conta ou
se ouve histórias da família, amig@s. Não se reúne/junta no Natal apenas para
se ver, ouvir... E isso me fez pensar em como foi aquele dia em que Jesus, o
bebê nasceu.
Imaginei que na época de em que Jesus
nasceu talvez a pressa e correria isso também existissem; a claro, presentes
caros e baratos. Talvez a vida girasse em torno do ter e não do ser. Por isso
Deus teve que vir para bem perto de nós em Jesus, para novamente nos mostrar
que a vida é mais que tudo isso que a sociedade nos oferece.
Afinal, no ventre de uma Maria,
cresceu um menino que saltou para este mundo num momento tenso de muita pressa.
Era o censo que o Imperador da época determinou a todos os seus súditos (tanto
para os de boa ou de má vontade). Era a pressa/correria do sistema para saber quantos
eram os contribuintes que iriam engordar o caixa do Império e alimentar o poder
e o controle sobre a vida das pessoas.
Maria e José estavam presentes
naquele mundo apressado. Por isso saíram correndo de um lado para o outro do
país. Foi uma migração forçada e sofreram com isso, tanto que nem hospedagem
conseguiu para que Maria pudesse ter seu filhote tranquilamente. É, o Império,
o governo consegue fazer essa proeza: desenraiza as pessoas, tornam-nas
migrantes em seu próprio ser, faz com que as pessoas sintam-se perdidas,
desalentadas, sem teto.
E hoje as coisas não estão muito
diferentes, apesar de tantos anos terem se passado.
E foi nesse mundo apressado, onde as
pessoas sentiam-se perdidas, desanimadas, mundo em que o desejo maior é o de
ter, que o menino Jesus saltou para o mundo. Veio para contradizer toda essa
lógica louca de um sistema que trata as pessoas como engrenagem, e muitas vezes
onde as pessoas são invisíveis por nada terem. Deus está entre nós, não com os
trajes luxuosos dos poderosos monarcas/políticos ou com as roupas de grife d@s
ric@s e famos@s, nem com as vestes caras de arrogantes colunáveis ou de meros
mortais, que acabam deixando seu rico dinheiro, fruto de muito trabalho, numa vestimenta,
para serem reconhecidos por uma sociedade que valoriza a imagem/ter e não o ser.
Deus, em Jesus, o bebê, fez o contrário. Ele está entre nós na maioria das
vezes trajando panos rotos, pobres trapos e simples fraldas de pano.
O bebê Jesus nasceu num lugar não
muito “interessante”: uma estrebaria. Fico imaginando a cena. Lá estavam Maria,
José, o bebê e os animais, cujo céu era o teto para todos. Também havia uma
estrela estranha nos céus, os campos iluminados pelos vaga-lumes. E ali a Glória
foi dada aquele bebê e à sua a família. Os céus e os pastores cantaram para o bebê e não para César. Ali, longe da correria, da pressa, na
simplicidade, pobreza e anonimato, longe das festas fartas e caras, longe dos
ric@s, das vestes suntuosas, houve paz, silêncio, quietude. Enquanto os agentes
do Estado se debruçavam ávidos sobre números em suas tabuletas, os bilhões de
corpos celestes cantaram que finalmente a nova criação chegou.
Afinal, naquela noite, o poema se fez
corpo, Deus se fez gente, e vimos a sua glória, como a glória de um filho único
e querido do Pai. E o Deus criança habitou entre nós, cheio de graça e de
bondade... Que é a maior de todas as verdades (cf. Jo 1.14).
Celebramos e vivenciamos (espera-se)
a alegria da vinda de Jesus. O sentido do natal não é o de dar presentes e mais
presentes e sim, a alegria de celebrar a vinda do menino que mudou a história
da humanidade e que até hoje, em nome Dele, muitas pessoas tem a vida
transformada.
Natal é tempo de vivermos e
experienciarmos a alegria do encontro e da partilha. É comunhão com Deus de
verdade. Pois ainda é possível termos momentos de extrema alegria, paz e comunhão
sem as luzes dos palácios iluminados, sem os ricos e caros presentes, sem as
vestes de grife.
Festejemos o Natal sim, com alegria, nova
vida em Cristo e novos tempos... de paz e harmonia.
Feliz e abençoado Natal!
Odete Liber Adriano
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