Octávio Paz
diz que “Todos os dias atravessamos a
mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro
avermelhado feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a
rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre
de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem
assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Não, isso que estamos vendo pela
primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, onde nunca estivemos, já
estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que
recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são
sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de
nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados...
Adivinhamos que somos de um outro mundo.” Ele descreve uma experiência, assim digamos ‘mística’.
Quando, de repente, as coisas banais do dia a dia, se abrem como portas,
janelas e somos levados a outro mundo. Os nossos olhos já não vem do mesmo modo
às mesmas coisas. Pode ser um perfume
indefinível, pode ser uma fotografia que já vimos vezes sem conta, pode ser uma
música vinda de longe, uma flor, uma árvore ... De repente experimentamos
‘êxtase’, estamos fora de nós mesmos, encantad@s, somos transportad@s para um mundo que nem
sabemos direito o que seja. Já estivemos lá. Não mais estamos. E vem a
nostalgia. Quereríamos voltar. A alma sempre deseja voltar. O mundo das
novidades é o mundo do seu exílio...
Nenhum comentário:
Postar um comentário