sábado, 31 de maio de 2014

Proselitismo ou formação do ser humano



Proselitismo ou formação do ser humano
A LDB - Lei 9.394/96 -, a partir da redação dada pela Lei n.º 9.475/97, deixa claro que é essencial a superação do modelo clássico de catequese e de proselitismo. Ou seja, o Estado, a escola e a sociedade não podem mais considerar o Ensino Religioso como uma simples formação religiosa ou axiológica, nem considerar o Ensino Religioso como Catequese ou como uma ação pastoral.
Nesse mesmo modo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso - PCNER´s, organizado pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER), insere determinados pressupostos essenciais para o desenvolvimento do Ensino Religioso. Com esse entendimento, o Ensino Religioso fundamenta-se no entendimento do outro e na formação integral do educando e exige um profissional “sensível a pluralidade, consciente da complexidade sócio-cultural da questão religiosa e que garanta a liberdade do educando sem proselitismo” (FONAPER, 1998)[1].
Nesse sentido, a formação integral ou holística do ser humano abarca, educar para a ética, para a solidariedade, para a vida em comunidade, para a participação ativa na sociedade, para o desenvolvimento do pensamento crítico, criativo e reflexivo. E a cidadania é o resultado, pois ela é um é um processo, e segundo GADOTTI, consiste na mobilização da sociedade para a conquista dos direitos civis, sociais e políticos, ou seja, "Pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência de direitos e deveres e exercício da democracia [...]" (1997, p. 38-39). Isso se desenvolve e estimula-se, desde a infância.
E é nesse contexto que nos deparamos com o Ensino Religioso (ER) nas escolas em nosso país. Pois o ER escolar integra um projeto mais amplo de educação para a cidadania plena, e por isso não pode provir de argumentos religiosos, mas antes de pressupostos educacionais. Por isso, educar alguém é transmitir conhecimentos e valores. Segundo Passos
A educação geral, fundada em conhecimentos científicos e valores, assume os preceitos religiosos como elemento comum às demais áreas que fazem parte dos currículos e como um dado histórico-cultural fundamental para as finalidades éticas inerentes à ação educacional. [...] postula-se a importância do conhecimento da religião para a vida ética e social dos educandos. (PASSOS, 2007, p. 65-66)
Ou seja, a formação de valores exige d@ educador/a o compromisso de proporcionar às gerações dias melhores, sem preconceitos e desrespeito pela religião do outr@. Não se educa para o presente e sim para o futuro.
Com isso, percebe-se que a crença religiosa não é incompatível com uma educação autônoma em relação a valores e ética. Vive-se numa sociedade que prepara indivíduos que priorizem o bem comum, pessoas que vivam de maneira fraterna e solidária, com hábitos de solidariedade, justiça, partilha, verdade e respeito às diferenças. Pois conforme Santos,
[...] criar situações de aprendizagem interdisciplinar; desencadear situações para a ação em situações reais que ponham os alunos em contacto com o processo de resolução de problemas – estratégia privilegiada na identificação e formulação de soluções para os problemas; relevar aspectos éticos, econômicos, sociais e políticos dos problemas tratados; trazer para o ensino das ciências valores  relacionados com os contextos da ação [...] (SANTOS, 2002, p. 60)
Logo, é necessário que haja uma conscientização coletiva onde os indivíduos sejam sensibilizados a proteger a sua vida e também a de seu próximo. Além disso, devem ser incentivados a irem contra a manipulação e a repressão e a lutarem pela vivência da solidariedade, pela comunidade, pela cooperação e pela responsabilidade social. Dessa forma, é necessário elencar quais aspectos devem ser priorizados para que se tenha acesso ao conhecimento, à cultura e à informação para que a democracia e a solidariedade sejam garantidas.
Nesse sentido, o Ensino Religioso Escolar tem como objeto de estudo: o fenômeno religioso. E por fenômeno religioso e entende-se o processo de busca que o ser humano realiza na procura de transcendência, desde a experiência pessoal do transcendente até a experiência religiosa na partilha do grupo; desde a vivência em comunidade até a institucionalização pelas Tradições Religiosas.
O Ensino Religioso veicula um conhecimento específico e um objetivo a ser perseguido. E esse conhecimento, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, não é uma mera informação de conteúdos religiosos, um saber em si. É um conhecimento que, numa nova visão pedagógica, oportuniza o saber de si: “o educando conhecerá ao longo do Ensino Fundamental, os elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, para que possa entender melhor a sua busca do transcendente”.
A desvinculação da confessionalidade no ER é precondição para que se faça uso eficiente do conhecimento da Ciência da religião.
Por isso, o ER deve obter referenciais teóricos e metodológicos a partir das Ciências da Religião. Pois esta tem por base, lançar alicerces epistemológicos para o ER.  Faz uso do método indutivo, visando à educação d@ cidad@, pautada na neutralidade científica.
É necessário abrir mão dos modelos utilizados no passado e até bem recentemente, como o catequético e o teológico. Já que o catequético é aquele que doutrina, faz parte de uma confissão religiosa. É o proselitismo. Enquanto que o teológico também está atrelado a uma confissão religiosa, mas tem uma visão pluralista que até contempla outras religiões não cristãs. Mas não deixa de ser uma catequese disfarçada, porque não há neutralidade, pois tem como objetivo a formação religiosa dos cidadãos.
Vale ressaltar que a Ciência da religião não é a solução para o ER, mas é o caminho, desde que aja de fato, uma neutralidade por parte dos agentes/professores do ER e seus subsídios didáticos.
O agente/professor torna-se, então facilitador no processo da busca de conhecimentos, e estes sempre apartir das necessidades dos alunos. Dialogar pressupõe que partes distintas entrem em relação, conheçam-se, e estabeleçam vínculos de participação no mundo, sem com isso necessariamente ocorrer a perda da identidade inicial de qualquer uma das partes, sem, contudo negar a possibilidade de  transformação de ambas as partes. Neste sentido, é indispensável que o professor de Ensino Religioso se "alfabetize nos códigos científicos, culturais" das diferentes estruturas de significações e desenvolva, através desses códigos, o diálogo e a capacidade de compreender e se aproximar de um panorama plurirreligioso.
O ponto de partida para que exista o respeito à diversidade na escola é aceitarmos que os agentes que interagem na escola têm interesses, visões de mundo e culturas diferentes e nenhum de nós tem o monopólio da verdade. Daí a necessidade de negociações permanentes para que todos façam concessões e todos tenham ao menos parte dos seus interesses e valores contemplados no espaço público da escola.
Requer, ainda, o entendimento e a reflexão no espaço escolar diante do reconhecimento da justiça e dos direitos de igualdades civil, social, cultural e econômica, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os diferentes componentes culturais de elaboração histórico-cultural da nação brasileira e o reconhecimento de adoção de políticas educacionais e sociais, de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnicoracial-religiosa, garantindo o direito Constitucional de liberdade de crença e expressão dela (Art. 5º, inciso VI, da Constituição Brasileira), que poderá ser efetivado na medida em que a escola, de forma geral, também contribuam para significar no cotidiano o respeito à diversidade.
Dentro do espírito da nova Lei brasileira, um dos princípios que é mais acentuado é o da tolerância. O educador Paulo Freire comentando a respeito da diversidade cultural, assim se expressa: “[...] O diferente de nós não é inferior. A intolerância é isso: é o gosto irresistível de se opor às diferenças [...]”. A tolerância, que é um dos princípios básicos da relação humana, possibilitará ao professor buscar capacitar-se de modo que trabalhe a disciplina com honestidade científica e competência profissional. Isso levará a prestar um melhor serviço à humanidade, inserindo sua atividade intra e extraclasse dentro do projeto pedagógico da Escola, de forma abrangente e eficiente, salvaguardando a liberdade religiosa e o respeito.
Considerações finais
Cabe destacar que o Ensino Religioso é uma área ainda envolta em polêmicas resultantes de séculos de inferência da Igreja no Estado e vice-versa. Está sempre utilizada para interesses institucionais e nem sempre na perspectiva do ensino aprendizagem.
O espaço político e acadêmico de reflexão sobre o Ensino Religioso precisará ainda ser aprimorado, ampliado e, com certeza, amadurecido, para que tenhamos uma área de conhecimento e não a disputa entre missionários escolares e sim professores licenciados para estarem comprometidos com a educação. O horizonte para compreender o Ensino Religioso na sua dimensão psicopedagógica está iniciado, ocorre por parte dos que lutam pela reelaboração e pela sedimentação dos argumentos e das novas estratégias para esta disciplina. Afinal, no ER a criança deve ter acesso ao conhecimento religioso plural e não, aos preceitos de uma ou outra religião.


[1] O tema ER deve ser analisado pelo STF a partir de uma ação movida por cinco organizações educacionais e de direitos humanos em março deste ano, que exige que seja assegurado o ensino religioso não confessional (sem vinculação com igreja ou religião específica). Um dos pontos contestados é a classificação do ensino como "parte integrante da formação básica do cidadão" (art. 33 da Lei de Diretrizes Básicas).

quarta-feira, 21 de maio de 2014

amizades e vinho

Tá aí uma verdade:Os vinhos são como as amizades: com o tempo, as más azedam e as boas apuram. (parodiando Cicero)


terça-feira, 20 de maio de 2014


Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o sapato pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga para isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que se acordava e encontrava o presente de Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu
no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Também sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda, daqueles bem gorduchos. Tocando com o olhar os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra em nosso coração.

Tem gente que tem o cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta.De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias.Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que, o instante em que rimos, Deus está conosco, juntinho ao nosso lado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.Tem gente que nem percebe que tem a alma perfumada.

(Carlos Drummond)

Descobertas



A gente vai descobrindo que o tempo passou, a idade passou, quando começamos a olhar para trás e sentir saudade... E principalmente quando aprendemos a valorizar a intensidade do momento e não o tempo dado a esse momento. E hoje vejo que é verdade o dito "que não é a frequência dos momentos que determina sua importância, mas sim a sua intensidade." Há momentos e amizades que são assim... Não importa o tempo ou a distância, ela se mantém e ainda se fortalecem!



Medo:cuidado!!


Toda ação tem uma reação. 
Sempre existirão pessoas idiotas ao nosso redor
Sempre existirão pessoas que te desejam o pior. 
Sempre existirão pessoas que se alegrarão com sua tristeza, fracasso, dor.
Mas não é isso que te derrota. O que te derrota é o medo! 
vença o medo e sempre haverá uma saída...

 

terça-feira, 13 de maio de 2014

"Eu sou grato" - Adhemar de Campos em Campina Grande/PB, dia 14/04/2012.







Desde que passei a residir em VIX, passei por um processo de
"adaptação". Tudo muito diferente: pessoas, lugares, ruas... E sem
contar a saudade de amig@s querid@s e família.  Nesse processo as caminhadas na praia e as longas conversas com Deus, em muito me ajudaram.  E hoje, sou
grata por tudo que tenho, pelas pessoas que tenho conhecido e novas
amizades que estão sendo construidas. Sou grata pela força que tenho e
que as vezes se esvai. Sou grata pela esperança renovada na busca de um
recomeço profissional. Sou grata pelas amig@s que sempre aparecem para nos visitar e nos encher de alegria e também porque tenho a possibilidade de visita-las e termos momentos de partilha, vivencia. E com isso, lembrei-me da musica de Adhemar de Campos que diz: "sou grato por tudo que tenho".

sábado, 3 de maio de 2014

tem gente que


Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o sapato pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga para isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que se acordava e encontrava o presente de Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu
no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Também sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda, daqueles bem gorduchos. Tocando com o olhar os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra em nosso coração.

Tem gente que tem o cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta.De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias.Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que, o instante em que rimos, Deus está conosco, juntinho ao nosso lado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.Tem gente que nem percebe que tem a alma perfumada.

(Carlos Drummond)