Livro fascinante
escrito da história humana. Relata a reflexão sobre Deus e como este age no
mundo. As mulheres não aprecem muito no texto, mas os temas dos diálogos são
importantes para os assuntos que preocupam as mulheres nos dias atuais.
O livro de Jó,
nos apresenta um homem sofredor, e começa afirmando que ele era pai de 7 filhos
e três filhas, que morrem tragicamente. No fim, porém, capitulo 42:13-14, a
família reaparece como dom de Deus.
Diz o texto 42:
13-17:
Também teve sete
filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira Jemima (Rola), e o nome da
segunda Quezia (Cassia), e o nome da terceira Quéren-Hapuque (Azaviche). E em
toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu
pai lhes deu herança entre seus irmãos. E depois disto viveu Jó cento e
quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta
geração. Então morreu Jó, velho e farto de dias.
Esse é o único
lugar da Bíblia em que um pai dá nome às filhas. Rola significa pomba
brilhante; Cássia é um tipo de perfume e Azeviche é como o rímel para embelezar
os contornos dos olhos e os cílios.
Na Bíblia, os
nomes são significativos, pois enfatizam a importância da pessoa desde o seu
nascimento. Jó atribuiu valor as três filhas e elas se tornaram herdeiras. Ele
ainda questiona todos os costumes de seu tempo e termina enfraquecendo o
patriarcalismo.
No cap. 1:20-22,
diz:
Então Jó se
levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e
adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR
o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. Em tudo isto Jó não
pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.
Nesse texto
temos a figura de Jó em seu sofrimento. Evoca a figura da mãe, ao falar do
ventre que lhe deu a vida. Para qualquer ser humano frágil, limitado e
passageiro, o ventre materno é a fonte da vida. Essa é a condição de Jó em seu
sofrimento extremo, conforme o capitulo 3:3ss:
Pereça o dia em
que nasci, e a noite em que anunciaram:’nasceu um menino’! [...] Pois não
fechou a porta do ventre que me trouxe, e não escondeu dos meus olhos tantos
males! Por que não morri no ventre materno, ou não expirei logo ao sair das
entranhas? Por que em dois joelhos fui acolhido e em dois peitos, amamentado?
Pois agora, dormindo, eu estaria calado e repousaria no meu sono.
Em Jó, também
temos a apresentação da esposa dele, e de maneira dramática. Depois de perder
todos os bens, a casa, os 10 (dez) filhos, Jó é atingido por uma doença de
pele. Sua mulher, que também perdeu os filhos, casa e sustento, volta-se
desesperada para o marido e clama:
Ainda continuas
na tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre de uma vez! Ele respondeu: Falas
como uma insensata. Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também
os males?
As palavras da
mulher são duras criticas e Jó as critica. Mas, nos últimos diálogos do livro,
ele próprio chega a entender o que sua mulher/esposa queria dizer. O problema é
este: como entender o sofrimento dos inocentes e íntegros e, ao mesmo tempo,
afirmar a bondade e misericórdia de Deus?
A resposta de Jó
é uma procura do sentido de seu sofrimento. Os males não vêm de Deus. A esposa
mostra ao marido, desde o começo do livro, que ele não conhece a Deus de
verdade. Ela abre os olhos dele para trilhar o caminho que leva a um
conhecimento mais profundo e a um amor mais verdadeiro de Deus.
No capitulo
14:1-2:
O ser humano,
nascido da mulher, tem a vida curta, mas cheia de inquietação. É como a flor
que se abre e logo murcha; foge como sombra, e não permanece.
Na Bíblia, entre
todos os termos usados para se falar dos seres humanos, o mais comum é ‘filho
do homem’, expressão que pretende contrastar a mortalidade humana com a
imortalidade de deus. Numa sociedade patriarcal, o homem é a medida do
verdadeiro ser humano. Jó, porém, fala da mortalidade humana em termos
femininos. Em linguagem poética, ele lamenta a brevidade e a dificuldade da
vida humana, ou seja, do mortal, nascido de mulher.
No capitulo 17:
1-16, temos o auge da dor do inocente que sofre no meio de uma sociedade a qual
entende o sofrimento como castigo pelo pecado. E Jó faz seu clamor.
Empobrecido,
doente, marginalizado, incompreendido pelos amigos, objeto de espanto e de
zombaria, Jó se encontra á beira do desespero. Assim, a própria morte é vista
por ele como maneira de escapar do sofrimento. Chega a tal intimidade com a
morte que o esterco, ou tumulo, segundo outras traduções, chega a tornar-se seu
pai e os vermes, sua mãe e sua irmã, tão familiares são para ele as dores que
sofre.
O grito final é
uma suplica pedindo o dom da esperança. No fim de sua conversão, Jó encontrará
essa virtude em Deus. Nesse momento ele ainda está a procura.
No capitulo
19:7-18, é mostrado o extremo abandono de Jó no seio de sua família. Temos um Jó
cercado pela violência de todos os seus parentes e amigos, e ainda abandonado
por seus serv@s. Ele é repugnante até para sua própria casa. Nessa situação de
abandono total, Jó faz o seu ato de esperança em Deus, que virá salva-lo e
refazer-lhe a vida plena. No cap. 19:25-26, temos uma bela oração de esperança.
Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que
por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo
ainda em minha carne verei a Deus...
Já em Jó 31:35-40, temos o sofrido personagem
em seu protesto de inocência, confessando sua integridade pessoal. Ele não se
desviou da justiça, nem em seus desejos mais íntimos. No decorrer do capítulo,
Jó confessa a deus que sempre foi fiel no seu casamento. Fez justiça para com
seus empregados e sempre ajudou a viúva necessitada.
O livro de Jó,
em seguida, a imagem de mãe para ensinar que todo o mundo criado vem do mais
intimo da vida de Deus. A criação é como o nascimento de uma criança, cuja vida
vem do útero de sua mãe. Esse é o ensinamento do poeta, no cap. 38:4ss.
A figura da mãe,
fonte de vida e do amor torna-se então a imagem principal para revelar a vida
intima de Deus: ele é a fonte de vida e de amor sem limites, tal como as entranhas
da mãe. A mulher é a imagem do Deus invisível, principio do mundo criado e da
nova criação. A mulher é valoriza e citada, a ordem estrutural é quebrada em
Jó. Que possamos fazer isso em nossa caminhada como mulheres e cristãs. Odete Liber