Hoje, conversando com pessoas queridas, mais uma
vez, me dei conta de que todas as vezes em que pensei ter chegado ao limite,
Deus me deu a chance de dar um passo a mais. Nunca precisei desistir por
completo, sempre acabou acontecendo uma mudança no curso das coisas, uma nova
direção. Às vezes doído demais, sofrido demais, mas um processo que, acredito
eu, tenha ao menos me feito ser menos egoísta, mais compreensiva e menos
exigente.
De vez em quando, acho que entendo quando o povo hebreu, depois de quarenta anos no deserto, não
tinha pés inchados, nem sandálias gastas, nem roupas puídas. É que eles não
poderiam se sentir despidos dos recursos mais vitais até que pudessem trocar o
que tinham por algo novo. Eu também não poderia jamais ter trocado minhas
vestes de luto pelas de louvor enquanto não tivesse chorado as últimas lágrimas
da minha perda. Porque nas vestes de louvor não deveriam mais respingar as
dores passadas... Os tempos de riso às vezes parecem poucos na longa extensão
da existência. Não sei se são, de fato, mas, se forem é mais uma razão para
fazê-los valer a pena. Não basta sorrir pelos cantos, é preciso encher a boca
de riso, sujar o rosto de alegria, como quem come caqui no pé.
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