terça-feira, 20 de novembro de 2012

Coroa do advento


Fui pesquisar mais sobre a coroa do advento. Uns dizem que foi um costume que veio do mundo pagão para o cristão e tantas outras histórias. Gostei dessa. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos este “filme”, essa história. E um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos “sem eira nem beira”. E lutando dia após dia, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua.
Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A idéia era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.
Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa” que dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na referida casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana e depois dentro de tantas outras igrejas e casas.
Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo.

Papai Noel: o que é que a gente faz com ele?


Papai Noel: o que é que a gente faz com ele?

Nos dias atuais, muitos pais e mães cristãos ficam desconcertados quando seus filh@s pedem para “escrever uma cartinha para o Papai Noel”. Muita calma nesta hora! Não precisam se desesperar! É natural que as crianças sejam influenciadas pelos símbolos presentes na TV, no comércio e nas escolas. O Papai Noel não é um símbolo anticristão por natureza. Ele faz parte dos contos de fadas tão comuns e necessários em nossa infância. O bom velhinho está no grupo da Branca de Neve, Cinderela, Sherek, João e Maria, etc. Porém, sabe-se que a figura do Papai Noel gera exclusão social e constrói uma imagem de Natal sem presépio (sem a história do nascimento de Jesus), onde muitas crianças conhecem apenas a figura do Papai Noel e desconhecem a história do verdadeiro Natal.  Por isso, como pedagoga e cristã, escolho em trabalhar o Papai Noel como é apresentado pelo comércio. Calma! Já explico. Trabalhar a figura do papai Noel como mais um boneco que mexe com o imaginário infantil e está em todas as lojas. É um homem fantasiado que distribui balas para as crianças que passam pelas ruas e é como um personagem dos desenhos animados presente no imaginário infantil.  Nesse sentido, não é preciso “combater” a figura do Papai Noel, mas, por outro lado, é preciso valorizar a tradição cristã. Isso começa em casa, com os pais, familiares e na igreja. Deve-se trabalhar mais os Evangelhos da infância de Jesus, o presépio e os símbolos litúrgicos do Natal. Já que  ao celebrarmos um Natal  vivido na liturgia, aprende-se e percebe-se a que a ênfase não está no bom velhinho, e o pobrezinho do Papai Noel perde forças. Prevalece a história de Deus, que veio para bem  perto de nós, através de Jesus., o menino.
 

 

Presépio e cartão de natal: história




Presépio de Natal
De origem latina, a palavra presépio significa manjedoura ou estábulo. Hoje significa a encenação do nascimento de Jesus. Segundo alguns estudos, o primeiro a encenar o nascimento de Jesus foi Francisco de Assis, no século XIII.    Sua ideia era montar o presépio para explicar para as pessoas mais simples, algumas, senão a maioria, analfabetas,  o significado e como foi o nascimento de Jesus Cristo.
De lá pra cá, não há dúvidas que a tradição do presépio natalino se difundiu pelo mundo criando uma ligação com a festa do Natal. Já no século XVIII, a recriação da cena do nascimento de Jesus estava completamente inserida nas tradições de Nápoles e da Península Ibérica. Nesse mesmo século, veio de Nápoles, o hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira difundiu-se por toda a Europa e de lá chegou ao Brasil. Hoje, nas igrejas e nos lares cristãos de todo o mundo são montados presépios recordando o nascimento do Menino Jesus, com imagens, de madeira, barro ou plástico, em tamanhos diversos.  Atualmente, tradições natalinas antigas como a árvore de natal, o Papai Noel, a ceia de natal, o presépio e as músicas natalinas dão forma à celebração do Natal ao redor do mundo.

 
 
Cartão de Natal
O primeiro cartão de Natal “comercial” surgiu na Inglaterra em 1843. O pintor John Calcott Horsley desenhou uma família ao redor de uma mesa bastante farta e, ao lado, um rico alimentando crianças pobres (provavelmente inspirado no “Conto de Natal” de Charles Dickens, escrito naquele mesmo ano). Ele trazia a frase que se tornaria  clássica: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”. Horsley fez o cartão sob encomenda de Henry Cole, diretor de um museu, que imprimiu mil cópias.

Árvore de Natal



 
História e significado da árvore de Natal

Em vários países do mundo, as pessoas montam árvores de Natal para enfeitar casas e outros ambientes. Junto com as decorações natalinas, as árvores garantem um clima especial nesta importante época do ano.
De acordo com pesquisadores das tradições cristãs, a montagem de árvore de Natal teve início no ano de 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Numa determinada noite, enquanto andava pela floresta, Lutero ficou impressionado com os lindos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a formar a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua residência. Além das estrelas, algodão e outros ornamentos, Lutero usou velas acesas para mostrar aos seus familiares a linda cena que havia visto na floresta.
Esta tradição chegou ao continente americano através de alguns alemães, que vieram residir na América durante o período colonial.
No Brasil, país em que o cristianismo prevalece, as árvores de Natal estão presentes em diversos lugares na época natalina, pois, além de decorar, simbolizam paz, alegria e esperança. As árvores de Natal também simbolizam a vida, pois em dezembro no hemisfério norte, ocorre o inverno e as árvores perdem as folhas. Uma árvore frondosa e cheia de enfeites simboliza a vida.
Diz-se que a árvore de Natal deve ser montada a partir do dia 30 de novembro, que é o começo do período do advento. Sua montagem deve ser aos poucos, intensificando-se a partir de 17 de dezembro (momento em que a Bíblia começa a falar do nascimento de Jesus). Em 6 de janeiro (Dia de Reis), de acordo com esta tradição, é o dia de desmontar a árvore de Natal.

ESPIRITUALIDADE MINISTERIAL: CARISMA, CARÁTER E CARIDADE



 Espiritualidade é o cultivo daquilo que é próprio do espírito que é sua capacidade de projetar visões unificadoras, de relacionar tudo com tudo, de ligar e re-ligar todas as coisas entre si e com a Fonte Originária de todo ser. Para nós: Deus!
Espiritualidade não é pensar Deus, mas sentir Deus mediante o coração e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração.  Ele é percebido como entusiasmo (em grego significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentido de existir e de trabalhar.
Espiritualidade tem haver com experiência e não com doutrina, dogmas, ritos que são apenas caminhos.  Por isso, gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação de experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática, com a vida no seu dia a dia. Ou seja, de pensar na conexão do interior com o exterior, o dentro e o fora. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida, que trará uma transformação que acenderá uma chama interior que produz luz e calor, que nos dará mil razões para vivermos como filh@s de um Deus de amor..  
Assim, no que concerne aos ministérios desenvolvidos, a espiritualidade une o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Ressalto o tripé carisma, caráter e caridade (amor) ao escrever sobre espiritualidade.
Sabe-se que sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, e sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade (amor) não dá para chegar ao coração, ao amago das pessoas com as quais se trabalha.
Assim, escrever ou falar sobre carisma é referir-se ao ato de ‘reconhecimento e de mandato’ dado pela Igreja á alguém, no caso @ pastor/a. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Carisma é o dom através do qual o Espírito Santo age na vida d@ cristão/ã e da Igreja na medida em que @ cristão/ã se entrega a Deus em resposta ao Seu amor.
O carisma se confirma de forma comunitária e não individualizada ou individualista, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça. Ou seja, o carisma que confere autoridade ao ministério, não é o pessoal/individual, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé. E ouso dizer que isso é mais que ser ordenad@ por uma instituição, requer reconhecimento da comunidade de fé.  Também, sabe-se que o ministério “carismático” é aquele que tem o carisma dado pela Igreja e é seguido por condutas e atitudes que comprovam um bom caráter, um conjunto de boas qualidades.  Vemos isso nas cartas pastorais de I e II Timóteo e Tito, o autor apostólico realça muitas qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Refere-se, assim, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.
Nesse sentido, falar do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa, já que o que dá valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia. E isso fica evidente na forma de comportamento ético, na responsabilidade, na transparência, honestidade, respeito, capacidade para perdoar, confiabilidade e amor ao que faz. Sem esta integridade a pessoa que desempenha um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e muito menos legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem autoridade/substancia e qualidade. Ou seja, de nada vale.
E caridade é essencial Optei pelo termo caridade no lugar de amor, porque nos dias atuais o amor tem sido escrito, falado e vivido de forma banal. Nos dias atuais os jornais, revistas, filmes, musicas e as pessoas tem falado tanto de amor, mas tudo tem ficado distante do amor que Deus demonstrou por nós. Ou, do amor descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregarem-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, andar junto, sofrer com e pelo outro, etc. Isso tudo parecesse que ficou no passado, como meras letras escritas e lidas numa folha de papel.
O amor hoje se transformou simplesmente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida d@ cristão/ã, seja ele/a leig@ ou clérigo@.  E me recordo de uma   muito cantada em minha época de jovem na igreja, que fala da volta ao primeiro amor, (Ap 2.4), e sem rodeios digo que ela tem razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.
Sabe-se que não é possível amar como Cristo amou, mas é possível que exista pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizad@s. E isso me traz a memoria as palavras do apóstolo Paulo dita aos tessalonicenses: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14). Estas palavras inspiram atitudes de caridade/amor/compaixão.
Vale citar que caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridos@ seria aquela pessoa que procura identificar-se com o amor de Deus e se alcançarmos isto em nossas práticas diárias e ministeriais já estará  trilhando uma boa estrada. Afinal, são as inquietações, preocupações, desafios, provocações, questionamentos, medos que surgem em nossa vida, em nossa caminhada ministerial seja como leig@ ou como clérigo@, mas o mais importante de tudo é a busca por uma espiritualidade que produza uma mudança interior (conversão) que possa se refletir no exterior. Reflexo esse que possa ser visto através de gestos e atos concretos na vida e caminhada ministerial, confirmando/legitimando as ações ministeriais.
Que o Trino Deus, nos abençoe como corpo e povo!
Odete Liber de AAdriano

tempo de advento


TEMPO DE ADVENTO: espera e esperança[1]

         Advento vem do latim "advir, adventus", significa vinda, chegada.  Nas obras cristãs dos primeiros tempos da Igreja, especialmente na Vulgata, adventus se transformou no termo clássico para designar a vinda de Cristo à terra, ou seja, a Encarnação, inaugurando a era messiânica e, depois, sua vinda gloriosa no fim dos tempos.
O advento cristão tem seu inicio com São Gregório Magno (590- 604), que foi o primeiro papa a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo em prover missas próprias para os domingos desse tempo litúrgico.
Depois, o advento cristão tem seus primeiros traços a partir do período de preparação para o Natal no século V, quando São Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor. É também do final desse século a "Quaresma de São Martinho", que consistia num jejum de 40 dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho. Já no século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa São Nicolau I (858-867) aos búlgaros e com isso, no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.
Assim, apesar do caráter penitencial do jejum ou abstinência, a intenção dos papas, na alta Idade Média, era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos.
Hoje, sabemos que o advento é o período de quatro semanas no qual a Igreja se alegra com a primeira vinda de Cristo e antecipa com esperança a segunda vinda do Messias. Entrar no Advento é entrar no tempo da espera inflamada pelo desejo de ir ao encontro do Senhor. A espera é esse tempo que verifica a nossa fé nesta travessia do deserto até chegarmos à terra prometida. O Senhor vem. E durante o Advento, a Igreja, nós gritamos: "Vem, Senhor Jesus!" e instaura o seu Reino entre nós e manifesta a sua graça, seus sinais. 
E com isso vem à memória a música de Alceu Valença em que ele diz com sua voz inconfundível carregada com o belo sotaque pernambucano "Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais!"
O advento nos remete ao natal, e com isso, nos deparamos com o comércio. Nesse período o comércio já se enfeitou para o natal, ele não tem compromisso com o calendário sacro.  O mundo do mercado é veloz, ele anda com sua própria lógica e seus próprios calendários e símbolos, onde o lucro, o luxo e o consumismo andam de mãos dadas. Shoppings, lojas de rua e as cidades a esta altura do ano já estão enfeitadas, com muito brilho, muita luz e muito luxo lutando entre si para chamar atenção do consumidor. O corre-corre nas ruas deve estar a cada dia se intensificando mais até ficar quase impossível de caminhar ou encontrar um estacionamento na medida em que mais perto fica o natal.
Como nós cristãos vamos nos preparar para enfrentar esta onda de consumismo e luxo que toma conta de tudo? Como vamos nadar contra a correnteza que nos arrasta para um mundo de fantasia e às vezes nos faz esquecer o principal? Por isto a importância de se observar o calendário litúrgico cristão. Neste período ele nos alerta para não nos esquecermos da simplicidade que envolveu o nascimento e vida de Jesus e nos prepararmos para recebê-lo outra vez.
O poeta sacro escreveu a canção:

Advento é tempo de preparação

Abrir caminhos para o Deus criança

É estar disposto para ajudar o irmão

E uma irmã encher de esperança 

Advento é tempo de avaliação

De unir caminhos e acertar estradas

É tempo certo de pedir perdão

E perdoar seguindo de mãos dadas

 Advento é tempo de transformação

Sonhar caminhos para o mundo novo

E ver que a luz de Deus é doação

E a novidade é para todo o povo

 Advento é tempo de decoração

Florir caminhos e aplainar colinas

Encher de amor e paz o coração

Para espalhar nas noites natalinas

 
Na letra desta canção, existem várias dicas de como se preparar e viver o Advento.  Recuperar e vivenciar este período que antecede o natal significa uma oportunidade para renovar as esperanças. É tempo de esperança porque Cristo é nossa esperança (1º Tm 1-1). É tempo de celebração, onde o foco é a expectativa da vinda do Messias, o Cristo prometido. Celebra-se a espera do Messias, e nela nos deparamos com a dimensão da expectativa da segunda vinda de Cristo, bem como, a expectativa da chegada do Messias que concretiza o Reino, o “já” e o “ainda não” – que significava viver a espera do cumprimento das promessas e renovar a esperança no Reino que virá.
Respeitar e seguir o calendário litúrgico com seus símbolos, cores e textos bíblicos apropriados, não é engessar as nossas celebrações e nem matar a criatividade. Na verdade ele serve para que nossas comunidades de fé possam não só fazer memória, mas atualizar a ação do nosso Deus na história da nossa salvação. Arrumar e enfeitar as casas, enfeitar nossas igrejas não tem problema nenhum, mas não podemos esquecer-nos de colocar no centro disto tudo “Aquele que veio e que há de vir”.
 Então um abençoado período de Advento para você!

 BIBLIOGRAFIA
Manual do Culto da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
HPD- Hinos do Povo de Deus- Hinário da Igreja Luterana do Brasil. Advento é tempo de preparação: Edson Ponick.
Culto e Arte- Celebrando a Vida. Advento-Natal e Epifania. Rubem Alves. Org., RJ: Vozes,1999.
ILLARZE, Enrique. Pão da vida: comentário ao lecionário anglicano. Ano A, 2007, p. 373-374.
Site: http://arquidiocesedecampogrande.org.br/arq/formacao-liturgica/3992-advento-significado-e-origem.html
ADRIANO. Odete Lieber de Almeida. Apostila de Liturgia. Londrina:2008.

 

 



[1] Autoras: Sônia Gomes Mota- Pastora da Igreja Presbiteriana Unida; Odete Lieber de Almeida Adriano- Teóloga e Pedagoga.

sábado, 3 de novembro de 2012

ESPIRITUALIDADE MINISTERIAL: CARISMA, CARÁTER E CARIDADE

Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação de experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática, com a vida no seu dia a dia. Ou seja, de pensar na conexão do interior com o exterior, o dentro e o fora. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.
No que concerne aos ministérios desenvolvidos, à espiritualidade une o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Ressalto, a tríade nesta espiritualidade ministerial, que são o carisma, caráter e caridade. Pois sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade não dá para chegar ao coração, ao amago das pessoas com as quais trabalhamos.
Assim, escrever ou falar sobre carisma é referir-se ao ato de ‘reconhecimento e de mandato’ dado pela Igreja. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Não compete, seja qual for a denominação, um ministério autônomo e sem qualquer relação com as doutrinas, em especial a que define o modo de ser igreja.  Carisma é o dom através do qual o Espírito Santo age na vida d@ cristão/ã  e da Igreja na medida em que @ cristão/ã  se entrega  a Deus em resposta ao Seu amor. O carisma se confirma de forma comunitária e não individualizada, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça. Ou seja,  o carisma que confere  autoridade ao ministério, não é o pessoal, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé. E ouso dizer que isso é mais que  ser ordenad@ por uma instituição, requer reconhecimento da comunidade de fé.
Também, sabe-se que o  ministério “carismático” é  aquele que tem o carisma dado pela Igreja é seguido  por condutas e atitudes que comprovam um bom caráter, um conjunto de boas qualidades.
E nas cartas pastorais de I e II Timóteo e Tito, o autor apostólico realça muitas qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Refere-se, assim, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.
Nesse sentido, falar  do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa, já que o que dá valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia. E isso fica evidente na forma de  comportamento ético,  na responsabilidade, na transparência, honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade a pessoa que desempenha um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e muito menos legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem autoridade/substancia e qualidade.
Já em vez de falar de amor, é preferível falar de caridade. Porque nos últimos tempos, jornais, revistas, filmes, musicas, as pessoas tem falado tanto de amor, mas tudo tem ficado distante . O amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregarem-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, andar junto, sofrer com e pelo outro, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor hoje se transformou  simplesmente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida d@ cristão/ã.  Por isso, assim como a música que fala da volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4),digo que ela tem  razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.
Sabe-se que não é possível amar como Cristo amou, mas é possível que exista  pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizad@s. E isso me traz a memoria as  palavras do apóstolo Paulo dita aos tessalonicenses: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14).  Estas palavras inspiram atitudes de caridade.
Vale citar que caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridos@ seria aquela pessoa que procura identificar-se com o amor de Deus e se alcançarmos isto em nossas práticas diárias e ministeriais já estaremos  trilhando uma boa estrada. Afinal, não é possível concluir esta reflexão, pois ela nos apresenta inquietações, preocupações, desafios, provocações, questionamentos, medos, e acima de tudo um convite para o diálogo e para o aprofundamento do tema do carisma ao longo da nossa caminhada por este mundo...