terça-feira, 20 de novembro de 2012

ESPIRITUALIDADE MINISTERIAL: CARISMA, CARÁTER E CARIDADE



 Espiritualidade é o cultivo daquilo que é próprio do espírito que é sua capacidade de projetar visões unificadoras, de relacionar tudo com tudo, de ligar e re-ligar todas as coisas entre si e com a Fonte Originária de todo ser. Para nós: Deus!
Espiritualidade não é pensar Deus, mas sentir Deus mediante o coração e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração.  Ele é percebido como entusiasmo (em grego significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentido de existir e de trabalhar.
Espiritualidade tem haver com experiência e não com doutrina, dogmas, ritos que são apenas caminhos.  Por isso, gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação de experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática, com a vida no seu dia a dia. Ou seja, de pensar na conexão do interior com o exterior, o dentro e o fora. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida, que trará uma transformação que acenderá uma chama interior que produz luz e calor, que nos dará mil razões para vivermos como filh@s de um Deus de amor..  
Assim, no que concerne aos ministérios desenvolvidos, a espiritualidade une o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Ressalto o tripé carisma, caráter e caridade (amor) ao escrever sobre espiritualidade.
Sabe-se que sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, e sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade (amor) não dá para chegar ao coração, ao amago das pessoas com as quais se trabalha.
Assim, escrever ou falar sobre carisma é referir-se ao ato de ‘reconhecimento e de mandato’ dado pela Igreja á alguém, no caso @ pastor/a. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Carisma é o dom através do qual o Espírito Santo age na vida d@ cristão/ã e da Igreja na medida em que @ cristão/ã se entrega a Deus em resposta ao Seu amor.
O carisma se confirma de forma comunitária e não individualizada ou individualista, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça. Ou seja, o carisma que confere autoridade ao ministério, não é o pessoal/individual, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé. E ouso dizer que isso é mais que ser ordenad@ por uma instituição, requer reconhecimento da comunidade de fé.  Também, sabe-se que o ministério “carismático” é aquele que tem o carisma dado pela Igreja e é seguido por condutas e atitudes que comprovam um bom caráter, um conjunto de boas qualidades.  Vemos isso nas cartas pastorais de I e II Timóteo e Tito, o autor apostólico realça muitas qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Refere-se, assim, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.
Nesse sentido, falar do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa, já que o que dá valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia. E isso fica evidente na forma de comportamento ético, na responsabilidade, na transparência, honestidade, respeito, capacidade para perdoar, confiabilidade e amor ao que faz. Sem esta integridade a pessoa que desempenha um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e muito menos legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem autoridade/substancia e qualidade. Ou seja, de nada vale.
E caridade é essencial Optei pelo termo caridade no lugar de amor, porque nos dias atuais o amor tem sido escrito, falado e vivido de forma banal. Nos dias atuais os jornais, revistas, filmes, musicas e as pessoas tem falado tanto de amor, mas tudo tem ficado distante do amor que Deus demonstrou por nós. Ou, do amor descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregarem-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, andar junto, sofrer com e pelo outro, etc. Isso tudo parecesse que ficou no passado, como meras letras escritas e lidas numa folha de papel.
O amor hoje se transformou simplesmente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida d@ cristão/ã, seja ele/a leig@ ou clérigo@.  E me recordo de uma   muito cantada em minha época de jovem na igreja, que fala da volta ao primeiro amor, (Ap 2.4), e sem rodeios digo que ela tem razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.
Sabe-se que não é possível amar como Cristo amou, mas é possível que exista pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizad@s. E isso me traz a memoria as palavras do apóstolo Paulo dita aos tessalonicenses: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14). Estas palavras inspiram atitudes de caridade/amor/compaixão.
Vale citar que caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridos@ seria aquela pessoa que procura identificar-se com o amor de Deus e se alcançarmos isto em nossas práticas diárias e ministeriais já estará  trilhando uma boa estrada. Afinal, são as inquietações, preocupações, desafios, provocações, questionamentos, medos que surgem em nossa vida, em nossa caminhada ministerial seja como leig@ ou como clérigo@, mas o mais importante de tudo é a busca por uma espiritualidade que produza uma mudança interior (conversão) que possa se refletir no exterior. Reflexo esse que possa ser visto através de gestos e atos concretos na vida e caminhada ministerial, confirmando/legitimando as ações ministeriais.
Que o Trino Deus, nos abençoe como corpo e povo!
Odete Liber de AAdriano

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