Gosto de pensar na
espiritualidade enquanto uma relação de experiências adquiridas, do
conhecimento e do saber com a vida prática, com a vida no seu dia a dia. Ou
seja, de pensar na conexão do interior com o exterior, o dentro e o fora. A
espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em
todos os momentos da vida.
No que concerne aos
ministérios desenvolvidos, à espiritualidade une o sentido de vocação com os
atos ministeriais praticados. Ressalto, a tríade nesta espiritualidade
ministerial, que são o carisma, caráter e caridade. Pois sem carisma não há
qualidade e autoridade no ministério que se exerce, sem caráter não há
autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade não dá para chegar
ao coração, ao amago das pessoas com as quais trabalhamos.
Assim, escrever ou falar
sobre carisma é referir-se ao ato de ‘reconhecimento e de mandato’ dado pela
Igreja. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é
reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a
eclesiologia. Não compete, seja qual for a denominação, um ministério autônomo
e sem qualquer relação com as doutrinas, em especial a que define o modo de ser
igreja. Carisma é o dom através do qual
o Espírito Santo age na vida d@ cristão/ã e da Igreja na medida em que @ cristão/ã se entrega a Deus em resposta ao Seu amor. O carisma se confirma
de forma comunitária e não individualizada, pois ele se expressa por meio da
dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça. Ou seja, o carisma que confere autoridade ao ministério, não é o pessoal, não
são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou
a consagração realizada pela comunidade de fé. E ouso dizer que isso é mais que
ser ordenad@ por uma instituição, requer
reconhecimento da comunidade de fé.
Também, sabe-se que o ministério “carismático” é aquele que tem o carisma dado pela Igreja é seguido
por condutas e atitudes que comprovam um
bom caráter, um conjunto de boas qualidades.
E nas cartas pastorais
de I e II Timóteo e Tito, o autor apostólico realça muitas qualidades que se
referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Refere-se,
assim, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.
Nesse sentido, falar do carisma é o mesmo que falar da integridade
da pessoa, já que o que dá valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação
e consagração é a integridade que a pessoa evidencia. E isso fica evidente na forma
de comportamento ético, na responsabilidade, na transparência,
honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade a pessoa que desempenha
um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade
e muito menos legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na
figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir
conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o
mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem autoridade/substancia e
qualidade.
Já em vez de falar de amor,
é preferível falar de caridade. Porque nos últimos tempos, jornais, revistas, filmes,
musicas, as pessoas tem falado tanto de amor, mas tudo tem ficado distante . O
amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregarem-se
pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, andar junto, sofrer com e pelo
outro, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor hoje se transformou simplesmente numa virtude teologal quando
deveria ser um fruto sempre presente na vida d@ cristão/ã. Por isso, assim como a música que fala da
volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4),digo
que ela tem razão: a Igreja precisa
voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.
Sabe-se que não é possível
amar como Cristo amou, mas é possível que exista pelo menos caridade para com os mais fracos,
caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma
diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizad@s.
E isso me traz a memoria as palavras do
apóstolo Paulo dita aos tessalonicenses: “admoesteis os insubmissos, consoleis
os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts
5.14). Estas palavras inspiram atitudes
de caridade.
Vale citar que caridade
pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridos@ seria aquela pessoa
que procura identificar-se com o amor de Deus e se alcançarmos isto em nossas
práticas diárias e ministeriais já estaremos trilhando uma boa estrada. Afinal, não é possível
concluir esta reflexão, pois ela nos apresenta inquietações, preocupações,
desafios, provocações, questionamentos, medos, e acima de tudo um convite para
o diálogo e para o aprofundamento do tema do carisma ao longo da nossa
caminhada por este mundo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário