sábado, 3 de novembro de 2012

ESPIRITUALIDADE MINISTERIAL: CARISMA, CARÁTER E CARIDADE

Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação de experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática, com a vida no seu dia a dia. Ou seja, de pensar na conexão do interior com o exterior, o dentro e o fora. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.
No que concerne aos ministérios desenvolvidos, à espiritualidade une o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Ressalto, a tríade nesta espiritualidade ministerial, que são o carisma, caráter e caridade. Pois sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade não dá para chegar ao coração, ao amago das pessoas com as quais trabalhamos.
Assim, escrever ou falar sobre carisma é referir-se ao ato de ‘reconhecimento e de mandato’ dado pela Igreja. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Não compete, seja qual for a denominação, um ministério autônomo e sem qualquer relação com as doutrinas, em especial a que define o modo de ser igreja.  Carisma é o dom através do qual o Espírito Santo age na vida d@ cristão/ã  e da Igreja na medida em que @ cristão/ã  se entrega  a Deus em resposta ao Seu amor. O carisma se confirma de forma comunitária e não individualizada, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça. Ou seja,  o carisma que confere  autoridade ao ministério, não é o pessoal, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé. E ouso dizer que isso é mais que  ser ordenad@ por uma instituição, requer reconhecimento da comunidade de fé.
Também, sabe-se que o  ministério “carismático” é  aquele que tem o carisma dado pela Igreja é seguido  por condutas e atitudes que comprovam um bom caráter, um conjunto de boas qualidades.
E nas cartas pastorais de I e II Timóteo e Tito, o autor apostólico realça muitas qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Refere-se, assim, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.
Nesse sentido, falar  do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa, já que o que dá valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia. E isso fica evidente na forma de  comportamento ético,  na responsabilidade, na transparência, honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade a pessoa que desempenha um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e muito menos legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem autoridade/substancia e qualidade.
Já em vez de falar de amor, é preferível falar de caridade. Porque nos últimos tempos, jornais, revistas, filmes, musicas, as pessoas tem falado tanto de amor, mas tudo tem ficado distante . O amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregarem-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, andar junto, sofrer com e pelo outro, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor hoje se transformou  simplesmente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida d@ cristão/ã.  Por isso, assim como a música que fala da volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4),digo que ela tem  razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.
Sabe-se que não é possível amar como Cristo amou, mas é possível que exista  pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizad@s. E isso me traz a memoria as  palavras do apóstolo Paulo dita aos tessalonicenses: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14).  Estas palavras inspiram atitudes de caridade.
Vale citar que caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridos@ seria aquela pessoa que procura identificar-se com o amor de Deus e se alcançarmos isto em nossas práticas diárias e ministeriais já estaremos  trilhando uma boa estrada. Afinal, não é possível concluir esta reflexão, pois ela nos apresenta inquietações, preocupações, desafios, provocações, questionamentos, medos, e acima de tudo um convite para o diálogo e para o aprofundamento do tema do carisma ao longo da nossa caminhada por este mundo...

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