"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto, como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo..." (Clarice Lispector)
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
FELIZ ANIVERSÁRIO MEU AMOR
Hoje é o aniversário de um homem especial em minha vida: José Adriano Filho. Já são muitos aniversários juntos e assim espero que o seja por muito tempo. Não posso desejar outra coisa, senão as bênçãos de Deus para ele e, também, externar o quanto sou grata pela sua vida. E que nossa aliança de amor, continue sendo o combustível para caminharmos e atravessarmos com serenidade, fé, amor e gratidão o caminho da existência humana.... Por isso "Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caem serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja, que os Deuses te guardem nas palmas de Suas mãos. Que a estrada se abra a sua frente, Que o vente sopre levemente em suas costas, Que o sol brilhe morno e suave em sua face, Que as chuvas caem de mansinho em seus campos. E até que nos encontremos de novo... Que os Deuses guardem, você na palma das suas mãos. Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto, Que o vento suave refresque seu espírito, Que o sol ilumine seu coração, Que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros, Que Deus lhe envolva no seu manto de amor."
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Todos os dias atravessamos a mesma rua... mas um dia...
Octávio Paz
diz que “Todos os dias atravessamos a
mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro
avermelhado feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a
rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre
de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem
assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Não, isso que estamos vendo pela
primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, onde nunca estivemos, já
estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que
recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são
sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de
nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados...
Adivinhamos que somos de um outro mundo.” Ele descreve uma experiência, assim digamos ‘mística’.
Quando, de repente, as coisas banais do dia a dia, se abrem como portas,
janelas e somos levados a outro mundo. Os nossos olhos já não vem do mesmo modo
às mesmas coisas. Pode ser um perfume
indefinível, pode ser uma fotografia que já vimos vezes sem conta, pode ser uma
música vinda de longe, uma flor, uma árvore ... De repente experimentamos
‘êxtase’, estamos fora de nós mesmos, encantad@s, somos transportad@s para um mundo que nem
sabemos direito o que seja. Já estivemos lá. Não mais estamos. E vem a
nostalgia. Quereríamos voltar. A alma sempre deseja voltar. O mundo das
novidades é o mundo do seu exílio...
Olhai os lirios do campo...
Minha mãe é a uma mulher extraordinária que, dentre outros ensinamentos, me transmitiu o amor pela natureza, pela simplicidade, valorização do ser humano pelo que ele/a é. A minha mãe, por ter vivido a sua vida no interior, na roça, e é lá que vive, é uma apaixonada pela natureza e animais, acredita que admirar e cuidar da natureza com seu verde ou colorido, com seu burburinho, canto dos pássaros, é o remédio certo para
obter serenidade, sabedoria e apurar o bom gosto. E por isso digo que a sabedoria
milenar (biblica) prova sua tese: "[...] Olhai os lírios do campo, como eles
crescem; não trabalham, nem fiam, contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles."
familia:aliança que dá o combustivel que precisamos para caminhar
Sou a filha mais velha de uma pequena família. Meu pai
faleceu quando eu ainda era criança. Ficamos apenas eu, minha mãe e uma irmã
mais nova. Cresci muito envolvida com muitas
emoções, fossem elas motivos de alegria,
tristeza, decepção, luta pela vida, estávamso sempre juntas. Era assim, no céu ou no inferno, minha mãe,
a mulher guerreira que mantinha o núcleo “Liber de Almeida”. Sou grata pela
entrega dos meus pais (em especial é claro, a minha mãe – Doracilda – Dora, que
foi pai/mãe ao mesmo tempo) pelo amor fraterno, cuidado, educação, valores, o
que certamente me fizeram entender que não há nada mais importante nesta vida
do que a família da gente e @s bons e poucos amig@s. E não se enganem: todas as
famílias têm suas diferenças, suas desavenças, lutas e seu caos. Mas tod@s buscam
o sentimento de pertencer. Hoje, é o núcleo “Liber de Almeida
Adriano”. A familia vai crescendo, aumentando, assim como as alegris, tristezas, caos, festas... É! Família é a aliança que dá o combustível para caminhar e atravessar
com serenidade, fé, amor e gratidão o caminho da existência humana. Que venha
2013, porque a nossa família está aí...
Tempos de natal
Em tempos de Natal é possivel fazer
diferente
Nessa época de natal, tenho visto
belíssimos enfeites natalinos, ruas, lojas, shoppings, casas lindamente
decoradas. Também tenho observado a correria de muitas pessoas. Ela tem pressa!
Pressa para comprar presentes para tod@s, pressa para ir ao trabalho, pressa
para que os dias de festa e compromissos sociais comece e termine logo. Pressa
para que o ano termine e um novo comece. Pressa, muita pressa!
E ao ver tanta gente com pressa, me
cansei. Deve ser a idade. Comecei calmamente a me recordar dos tempos de
criança, tempos esse em que o tempo quase não passava e nessa calma ficávamos
sonhando com as datas festivas do ano, em especial o Natal e a Páscoa. O Natal
era um tempo mágico, não só pelo colorido, pela árvore de natal, presépio,
decorações, presentes, mas pela alegria do encontro e das guloseimas. A alegria
estava em partilhar bons momentos com as pessoas especiais, sejam familiares ou
amig@s, vizinho@s e lógico, os comes e bebes. Hoje, outros tempos! A
preocupação está no quesito “o que irei ganhar” ou “quanto em cash irei
ganhar”. Pega-se os presentes e cada um
vai para o seu mundo.
Não se ri mais junto, não se conta ou
se ouve histórias da família, amig@s. Não se reúne/junta no Natal apenas para
se ver, ouvir... E isso me fez pensar em como foi aquele dia em que Jesus, o
bebê nasceu.
Imaginei que na época de em que Jesus
nasceu talvez a pressa e correria isso também existissem; a claro, presentes
caros e baratos. Talvez a vida girasse em torno do ter e não do ser. Por isso
Deus teve que vir para bem perto de nós em Jesus, para novamente nos mostrar
que a vida é mais que tudo isso que a sociedade nos oferece.
Afinal, no ventre de uma Maria,
cresceu um menino que saltou para este mundo num momento tenso de muita pressa.
Era o censo que o Imperador da época determinou a todos os seus súditos (tanto
para os de boa ou de má vontade). Era a pressa/correria do sistema para saber quantos
eram os contribuintes que iriam engordar o caixa do Império e alimentar o poder
e o controle sobre a vida das pessoas.
Maria e José estavam presentes
naquele mundo apressado. Por isso saíram correndo de um lado para o outro do
país. Foi uma migração forçada e sofreram com isso, tanto que nem hospedagem
conseguiu para que Maria pudesse ter seu filhote tranquilamente. É, o Império,
o governo consegue fazer essa proeza: desenraiza as pessoas, tornam-nas
migrantes em seu próprio ser, faz com que as pessoas sintam-se perdidas,
desalentadas, sem teto.
E hoje as coisas não estão muito
diferentes, apesar de tantos anos terem se passado.
E foi nesse mundo apressado, onde as
pessoas sentiam-se perdidas, desanimadas, mundo em que o desejo maior é o de
ter, que o menino Jesus saltou para o mundo. Veio para contradizer toda essa
lógica louca de um sistema que trata as pessoas como engrenagem, e muitas vezes
onde as pessoas são invisíveis por nada terem. Deus está entre nós, não com os
trajes luxuosos dos poderosos monarcas/políticos ou com as roupas de grife d@s
ric@s e famos@s, nem com as vestes caras de arrogantes colunáveis ou de meros
mortais, que acabam deixando seu rico dinheiro, fruto de muito trabalho, numa vestimenta,
para serem reconhecidos por uma sociedade que valoriza a imagem/ter e não o ser.
Deus, em Jesus, o bebê, fez o contrário. Ele está entre nós na maioria das
vezes trajando panos rotos, pobres trapos e simples fraldas de pano.
O bebê Jesus nasceu num lugar não
muito “interessante”: uma estrebaria. Fico imaginando a cena. Lá estavam Maria,
José, o bebê e os animais, cujo céu era o teto para todos. Também havia uma
estrela estranha nos céus, os campos iluminados pelos vaga-lumes. E ali a Glória
foi dada aquele bebê e à sua a família. Os céus e os pastores cantaram para o bebê e não para César. Ali, longe da correria, da pressa, na
simplicidade, pobreza e anonimato, longe das festas fartas e caras, longe dos
ric@s, das vestes suntuosas, houve paz, silêncio, quietude. Enquanto os agentes
do Estado se debruçavam ávidos sobre números em suas tabuletas, os bilhões de
corpos celestes cantaram que finalmente a nova criação chegou.
Afinal, naquela noite, o poema se fez
corpo, Deus se fez gente, e vimos a sua glória, como a glória de um filho único
e querido do Pai. E o Deus criança habitou entre nós, cheio de graça e de
bondade... Que é a maior de todas as verdades (cf. Jo 1.14).
Celebramos e vivenciamos (espera-se)
a alegria da vinda de Jesus. O sentido do natal não é o de dar presentes e mais
presentes e sim, a alegria de celebrar a vinda do menino que mudou a história
da humanidade e que até hoje, em nome Dele, muitas pessoas tem a vida
transformada.
Natal é tempo de vivermos e
experienciarmos a alegria do encontro e da partilha. É comunhão com Deus de
verdade. Pois ainda é possível termos momentos de extrema alegria, paz e comunhão
sem as luzes dos palácios iluminados, sem os ricos e caros presentes, sem as
vestes de grife.
Festejemos o Natal sim, com alegria, nova
vida em Cristo e novos tempos... de paz e harmonia.
Feliz e abençoado Natal!
Odete Liber Adrianoterça-feira, 18 de dezembro de 2012
Qual é o maior mandamento da Lei?
Qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,34-40) - Ildo Bohn Gass
A comunidade de Mateus apresenta Jesus ensinando o maior mandamento em um contexto no qual os fariseus novamente o procuram, a fim de pô-lo à prova (Mateus 22,35). Assim já haviam feito ao armarem, junto com os herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos ao império romano, para apanhá-lo por alguma palavra (Mateus 22,15). Tanto os representantes da religião oficial (fariseus), bem como os do império (herodianos), já haviam se dado conta de quanto era perigoso para seus sistemas o jeito de Jesus propor o Reino do Pai. Ainda mais, depois que ele também fechara a boca dos saduceus (Mateus 22,34). Os saduceus eram o partido judaico mais poderoso naquele momento, uma vez que aglutinava os que controlavam a religião a partir do templo (sacerdotes) e os que detinham o poder sobre o comércio em Jerusalém (anciãos). O projeto do Reino de Deus é revolucionário a todos os sistemas, seja aos de ontem, seja aos de hoje, grandes ou pequenos, dentro ou fora de nós.
Desta vez, os fariseus partem para cima de Jesus com uma nova armadilha: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,36). Então, Jesus faz a memória da centralidade do amor em toda Lei. Dessa forma, ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e as tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem como motivação primeira o amor. Assim, Jesus acusa os fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da Lei. Incomodados pela acusação de Jesus, eles ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, novamente se reuniram. Seria para preparar outra cilada? (Mateus 22,41). No entanto, agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra os fariseus, incluindo também os doutores da Lei, os escribas (Mateus 23,1-36). Desse modo, ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo (Mateus 22,46).
Jesus faz memória da Lei a fim de relativizá-la
Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da Lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da Lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus... É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.
O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Também é um amor profundo, pois é amar o próximo tanto quanto amamos a nós próprios. Segundo Mateus 7,12, Jesus diz o mesmo em outras palavras: Tudo que desejais que as pessoas vos façam, fazei vós a elas. Pois esta é a Lei e os Profetas. Amar intensamente a Deus e o próximo é acolher de coração. É cuidar com corpo e com alma. É escutar com mente aberta. É solidariedade, força de vida...
O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1ª carta de João 4,8.16). Se andamos no caminho de Deus, vivemos o amor que gera vida, pois toda a Lei se resume neste único mandamento: ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Gálatas 5,14; Romanos 13,9). Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei (Romanos 13,10). Ao dizer que toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas em relação ao amor. Somente este é absoluto.
Os judeus mais piedosos haviam relacionado todas as leis do Pentateuco. Chegaram a catalogar 613 leis. Dessas, 365 eram proibições como, por exemplo, não matarás (Êxodo 20,13). E 248 eram leis afirmativas como lembra-te de santificar o dia de sábado (Êxodo 20,8). Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir. De um lado, por não saber ler e, por isso, não conhecer toda a Lei em seus detalhes. De outro, por não ter, na luta pela sobrevivência diária, condições de cumprir a Lei em todos os seus pormenores.
Segundo uma informação que encontramos no evangelho segundo João (7,47-49), os fariseus diziam que essa corja que ignora a Lei, são uns amaldiçoados. Isso revela que, para esses fariseus, as pessoas que não conhecem a Lei e, em consequência, não a cumprem são amaldiçoadas por Deus. E essa era a situação da maioria do povo pobre daquele tempo. Apenas uma minoria se considerava abençoada por Deus pelo fato de saber e cumprir a Lei, bem como as tradições orais sobre o puro e o impuro. Ao dar valor relativo às inúmeras prescrições e ao colocar como único princípio o amor, Jesus abre a possibilidade aos pobres de também fazerem parte das bênçãos do Reino. Segundo os fariseus, por não conhecerem a Lei, estavam fora dessas bênçãos de Deus. Somente eles achavam ter esse privilégio. Dessa forma, Jesus derruba os muros que impediam o acesso dos pobres ao Reino. E mais, alegra-se porque são justamente eles os que acolheram a Boa Nova, enquanto os que se achavam sábios e entendidos, porém, prisioneiros de inúmeras regrinhas, se fecharam ao projeto de Deus (Mateus 11,25). Assim, diante da dificuldade para cumprir tantas leis, Jesus propõe um caminho alternativo, o caminho do amor.
Caminhemos pela estrada do amor
O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática. Sua vivência não é algo abstrato, teórico, mas é um amor bem concreto. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo através da solidariedade. É isso que a comunidade de Lucas nos quer lembrar ao acrescentar ao mandamento do amor a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37). Ou como recorda a comunidade de Mateus, ao insistir na prática da misericórdia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me (Mateus 25,34-36).
A comunidade de João, diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, não separa em dois o mandamento de Jesus. Vai mais fundo e identifica o amor a Deus com o amor ao próximo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (João 13,34; 15,12.17). Se alguém disser: ‘amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1ª carta de João 4,20).
Ó Deus de ternura e de bondade,
diante da crise em que os sistemas deste mundo se encontram,
permite-nos que teu amor nos conduza
na superação de todas as estruturas de morte
que ameaçam a vida no planeta e do planeta. Amém!
Dezembro abençoado
Após dias off voltei!!
Voltei depois de um tempo de encontros... Reencontrar bons amig@s, familiares, matar a saudade, dar um abraço apertado.
Voltei depois de um tempo de encontros... Reencontrar bons amig@s, familiares, matar a saudade, dar um abraço apertado.
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