domingo, 6 de março de 2016

VONTADE DIVIDIDA




VONTADE DIVIDIDA - Romanos 7.13-25
O trecho em questão trata do conflito entre a lei e o pecado dentro de nós. A vontade dividida.Com Cristo, pelo Batismo, morremos para a lei em seu caráter condenatório para vivermos em novidade de vida para Deus, não mais considerando Deus, à luz da ameaça condenatória, (a lei tem várias conotações em Paulo). Aqui há um diálogo um tanto  tempestuoso entre Paulo e seus oponentes. Eles teriam dito que Paulo anula a lei (Torah, instruções do caminho da vida) e leva os gentios convertidos apenas, metaforicamente, ao espaço dos gentios no Templo, mas não ao seu interior sagrado e que ele confundia a lei e o pecado. Paulo responde: de modo nenhum! A lei é santa, justa e boa, (espiritual em vs.14 equivale a dizer, tem origem divina) expressões que vêm do judaísmo (vs7, 12). Entretanto, na experiência da vida há uma outra dimensão que deve ser considerada. A lei é impotente para levar as pessoas à vida de fé, de justiça e paz diante de Deus e uns com os outros.
Não só é impotente, mas induz o contrário, o caminho da morte. Vs. 13 - Como a instrução do caminho da vida redunda em morte? A lei é, então, pecaminosa? De modo algum! A lei é boa. A equivalência entre o bem e a lei encontra-se em Pv 4.2 (a lei, Torah, no original é direção, ensino). No entanto, há algo perturbador. A lei tão boa tornou-se a ocasião para revelar essa coisa imensamente perturbadora. É a dimensão da vida sob o domínio do pecado que contraria a bondade de Deus, isto é, carnal, vendido à escravidão do pecado. A carne não é uma parte da vida considerada material, pois preocupações materiais em si não são pecaminosas. A pessoa humana como um todo é carnal ou espiritual, dependendo da orientação: do Espírito ou do seu egoísmo. Assim,  as coisas comumente chamadas de “espirituais”, as “preocupações espirituais”, e outras coisas boas que visam apenas o seu bem estar, (em poucas palavras, Deus como o meio e eu, sendo o centro e o fim de todas as coisas), em princípio podem ser carnais. Para Paulo a proibição da lei revela no homem a perversidade de modo “virulento” (Tradução da TEB).
O mal que odeio faço e o bem que eu quero não faço. Então, diz o apóstolo, eu percebo que há uma outra lei dentro de mim, isto é, o domínio do pecado, cujo fim é a morte. Que miserável criatura eu sou? Quem me libertará da escravidão do pecado? É um grito meio desesperado. Meio desesperado, porque logo vem a afirmação de esperança:“graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor”. A lei é boa, mas não tem o poder salvador. Por outro lado, há, também, nas cartas a expressão “lei de Cristo”.
Essa é a lei da vida sob o poder transformador do Espírito Santo. É a lei do amor. O amor manifesto de Deus em Cristo é a chave para entender o Decálogo como  orientação para a vida em amor. Há, também, um outro ponto que deve ser observado. A tendência do pecado é corromper o que é bom. Até o desejo de fazer o bem não está isento da corrupção. Todavia, o Evangelho soa forte sobrepujando a paralisia que esse conflito e o pessimismo sobre a natureza humana possam causar. Graças a Deus…Não há condenação…(8.1) Há orientação do amor pela reconciliação que o próprio Deus fez com a humanidade.
É neste cenário cinzento que as palavras de Jesus podem pacificar nosso interior. Caso contrário, permaneceremos acompanhados pelos temores e pelas perplexidades, tão próprias na, nos tempos atuais. Só nos resta estabelecer estruturas firmes e saudáveis para o enfrentamento de temporais. Arranjos de última hora, reparos comuns e outros paliativos não resistirão. É preciso estabelecer bases sólidas e permanentes através de um coração que, a cada dia, conhece mais a Deus e ama a sua Palavra. A fé se apropria do que a graça nos fornece". Nada é mais destrutivo para o ser humano que a incapacidade de crer que uma agrura temporal pode se tornar a maior alavanca para grandes conquistas e novas percepções do mundo e de si mesmo. O nosso problema não são os terremotos circunstanciais, nem os vendavais, nem raios que caem sobre nós. Tal e qual uma centenária árvore, o nosso maior problema são os agentes da morte que se ocultam em nosso próprio coração, levando-nos a descrer de Deus, dos amigos e de nós mesmos. Fatores externos não são o nosso grande desafio. O nosso grande desafio é não perder a esperança na caminhada da vida! O nosso grande desafio é crer que "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque a tua vara e o teu cajado me consolam". Afinal, se o nosso Pastor é maior do que os vales, ele também poderá iluminar os sombrios caminhos pelos quais temos que passar. Ou seja, os momentos que minha vontade está dividida!!

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