quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Medo de que???

Estava lendo um texto em que este falava sobre o medo. E fiquei pensando quais são os meus medos. Na verdade não tenho muitos medos. Nunca tive medo escuro, de ficar sozinha, sair sozinha, brincar sozinha, nem de gente. Tanto que vou ao cinema, saio para tomar um café, passear, andar no shopping, tudo em minha companhia, sozinha. Não me amedronta a ideia de pensar que terei que mudar de cidade, estado ou país, pois vivi me mudando como uma peregrina. Também nunca tive medo mudar de oficio, de vida e rumo. Tanto que já fiz isso. Também não tenho medo da morte/de morrer, fome, desemprego. O que me dá medo é o fato de q eu, em algum momento venha a me anular, deixar de ser eu. Porque o se anular vai acontecendo inconscientemente, aos poucos e quando a gente vê, já nos colocamos em segundo ou terceiro ou até em último plano.
E sim, lógico, tenho medo. Tenho medo sim, de não perceber que muitas vezes não estou sendo eu mesma e de assim ficar atrofiada no interior de mim. Tenho medo de me perder, perder meus gostos, meu jeito, minha fala, meu sorriso, meu discurso, repreender as minhas vontades e anular meus prazeres.
Claro que tenho medo de ir contra o que acredito, aceitar o inaceitável, ceder quando não deveria. Tenho medo sim de deixar que as pessoas me invadam, abaixar a cabeça e não conseguir mais me reerguer, perder a voz e vez, caminhar atrás dos outros, de gostar do que não gosto, de parar de sonhar, perder a sensibilidade e com isso, viver como se estivesse morta. Tenho medo de deixar a vida apenas passar, me acostumar como ela está. E isso tudo sim, me dá medo. Disso tudo, eu tenho medo, muito medo. E com isso digo que é sempre bom cair em si, olhar pro interior e perceber que é preciso fazer algo conosco. Assumir o posto, ser o que se é e como se quer ser, resgatar nosso eu que ora naufragou, e nos priorizarmos outra vez.
É preciso perceber que se está morto ou vivo, já que na maioria das vezes a gente vai correndo aos poucos, se acostumando com o que não gosta, e cotidianamente, as vezes, escolhemos viver sem se dar conta de que simplesmente temos deixado as coisas, momentos passarem. É preciso tomar fôlego e nos salvar da morte, é preciso respirar fundo e buscar forças para retomar as rédeas e seguir em frente, como construtor/a da própria história de vida. Odete Liber


Tod@s temos asas para Voar

A gente sabe que os dias e a vida precisam de animação, de coisas novas, boas risadas, bom papo. Tem uma frase que diz: “Você vai ter que aprender que a vida só dá asas para quem não tem medo de cair.” (Kleber Martins). E outra que recebei e não sei a autoria (pode ser até eu kkk) “a vida só da asas a quem não tem medo de voar”. Penso o contrario. Tod@s temos asas e podemos voar, porém cabe a nós querer ou não voar. Digo isso porque o ser humano tem no coração o desejo de voar, sonhar, correr, ir além. Tudo bem, que as vezes isso fica apenas no desejo. Para o ser humano alcançar o infinito é quase uma meta, vislumbrar outros horizontes é algo fascinante. E a superação é algo prazeroso. Dentro desse voar e sonhar também se perde muito tempo apenas olhando para as dificuldades, consentindo a intromissão do pessimismo e do pouco anseio de mudar. Lógico que Viver é voar. Mas quanto tempo a gente não “abre as asas” e levanta voo? Ter asas e não voar, é triste, é como ter um copo de água ao lado e não poder beber. Quanta alegria e prazer desperdiçados devido a acomodação. Tod@s temos asas. E agora? Voar ou não? Abrir as asas e voar pressupõe coragem. Não é fácil! É aceitar correr riscos, possíveis quedas, aprender a ser resiliente. Quem não abre mão da busca do bem viver, abre as asas, ensaia voos e voa. No começo, voos rasantes; quedas, depois com o passar dos dias alturas são conquistadas e a vida e os voos passam a ter um sabor “delicioso”. Não é possível alçar voo sem se sair do local onde se está. E claro, as limitações de tempo e espaço não alteram o gosto por alturas, sonhos. Por isso, levantar voo dentro de nós mesmos “pode” ser o norte certo para contemplar outros horizontes e os pretextos minam os voos. Limitadores, medos sempre existirão, o desafio é seguir apesar deles ou parar e ficar com eles, mesmo sabendo que cada pessoas tem um mundo interior todo seu. Mas é isso e com isso que caminhamos: conosco. É com esse universo que interagimos. Que tal alçar voo da acomodação, da indiferença, do mau humor, da procrastinação. Os céus estão sendo ‘povoados’ por quem está ou já decidiu voar. Odete Liber

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



 Como é bonito quando nos reunimos em nome de Deus, como irmãs e irmãos da fé. Cada uma, cada um de lugares diferentes, de formas diferentes de crer e amar a Deus e de adorá-Lo. É o amor que nos proporciona esse encontro, amor que é intenso e, que, por isso, rompe barreiras. Amor que faz servir, que nos torna diaconisas e diáconos, razão porque mesmo sendo os últimos, somos os primeiros, pois no Reino de Deus há lugar para todos e todas.



Nosso texto bíblico para a nossa reflexão trata de regras, mas acima de tudo do servir. A busca pelos primeiros lugares que o texto menciona não deve ser tratada apenas como uma regra de etiqueta, mas levanta a questão sobre o nosso papel e sobre o nosso lugar na comunidade de fé.



Seria o nosso papel a busca pelos primeiros lugares apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? Ou apenas para servir o próximo? Ser o primeiro ou o último?



Sabemos que regras de etiqueta podem ser a redenção ou a perdição. Saber manuseá-las, usar a roupa certa, o gesto, atitude correta no momento correto pode nos livrar de algumas gafes. Falo de etiquetas e banquetes são parte do assunto dos versos 7-11 do texto de nossa predica.



Jesus estava numa ceia festiva, na casa de um dos líderes dos fariseus, era observado por todos e observava a todos. Ele notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares e, naturalmente, numa conversa, contou-lhes uma parábola:



“Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar...”



Jesus utiliza uma situação cotidiana como termo de comparação para trazer uma mensagem que vai muito além de uma simples regra de etiqueta. Ele fala sobre o Reino de Deus, o qual não admite discussão sobre quem é o maior, o mais importante ou quem merece o primeiro lugar. O núcleo é a questão dos últimos e dos primeiros, de quem serve e de quem é servido. O propósito é ilustrar os valores do Reino de Deus, a partir das regras de etiqueta, mas radicalizando-as ao absurdo, para mostrar que estes valores invertem as regras estabelecidas pela sociedade. O Reino de Deus é festa, é o banquete da ressurreição dos pobres, dos aleijados, coxos e cegos. O Reino de Deus é dos que pelas regras sociais estabelecidas estão a margem, é dos tolos e desvalidos, dos loucos e estropiados, das crianças, das mulheres, dos que fazem um desvairado carnaval escatológico invertendo as regras, vivendo a impossível exceção.



Os “últimos” no texto não indica apenas um lugar social, não é apenas o lugar em que se encontram os que são objetos da filantropia e da caridade. Os “últimos” não são um subproduto, dignos de pena, de dó, compaixão. Para o evangelho, os últimos são o eschaton, o fim da história, são a linha do horizonte, o fim de um mundo e o começo de um novo mundo. O lugar dos últimos é o lugar do juízo, onde o velho vira novo e a morte ressurge em vida, o lugar da graça e da maldição, por isso, lugar de epifania. É a margem que vira centro, que se torna o eixo em torno do qual gira o mundo.



A falta de conhecimento dos sábios e a fraqueza dos fortes não está em criar os últimos, ou então em criar a pobreza, a marginalidade, o desemprego, mas na sua incapacidade de pensá-los como margem, como periferia.



O texto de Hebreus, lido hoje, ressalta um aspecto do servir, da hospitalidade, afirmando que quem trata de um oprimido como se fosse oprimido tem a sorte de acolher anjos, mensageiros do novo, surpreendentes evangelistas. Com estas observações, creio que a parábola traz para nós um chamado que é o de estar com os últimos, escolher os últimos lugares junto a eles, permitindo que o novo se estenda além da linha do horizonte, pois a vida surge do outro lado de quem vive a morte.



Servir no seguimento de Jesus não se busca subir e dominar sobre os outros, mas procura-se justamente o orientar-se para baixo. Ser servidor/a e escravo/a de todos , e isto tem conseqüências. Ou seja, não se pode ter ou haver domínio de pessoas sobre pessoas.


Dessa forma, podemos responder a indagação: qual o nosso papel, qual é o nosso lugar na comunidade de fé? Será apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? A resposta é NÃO. Estamos para servir, somos todas/os diaconisas e diáconos, somos feitos e chamados para servir. Somos chamados para alimentar com gestos concretos a esperança de que é possível construir uma sociedade justa, pois para isso não precisamos de regras de etiquetas, nem de poder, tampouco de cargos para exercer o serviço e a compaixão, que levam à encarnação no cotidiano dos empobrecidos. Servir representa para a Igreja e para as pessoas o esforço de construir mesas, como nos diz o professor e pastor Rodolfo Gaede Neto: 
 

Mesas como espaços abertos, para os quais as pessoas são convidadas sem prévia seleção; ou mesas que superam a barreira da velha lista dos iguais;
Mesas como espaços de partilha do pão, para que todas as pessoas possam comer e se fartar (o banquete da vida);
Mesas em que as pessoas se encontram com suas diferenças; aí todos e todas estão na mesma condição de convidados e convidadas do mesmo anfitrião, cabendo-lhes aceitarem-se e respeitarem-se mutuamente como irmãs e irmãos; superado o fundamentalismo e a inveja entre irmãos, poderá haver cooperação na causa comum da solidariedade; 
Mesas como espaços de reconciliação nos níveis social, econômico, político, cultural e religioso, como lugar de testemunho do projeto de Deus de reconciliação do seres humanos divididos


 Mas fica ainda a indagação: Como fazer isto no dia dia?


Todos e todas somos chamados/as a servir. Servir  não se resume em apenas doar alimentos, roupas, dinheiro. É mais que isso. Servir significa caminhar com quem sofre, ajudar alguém a levantar-se, ouvir @ outr@, orar pelo outr@, dar um abraço, um sorriso. Ninguém pode dizer que nada pode fazer para ajudar o outr@.



Todos/as os/as cristãos/ãs são chamados/as através do batismo a viverem o serviço, a diaconia naquilo que fazem e na maneira como vivem o seu dia-a-dia no mundo. Pois no servir ou na diaconia, tanto os/as que são servidos/as como os/as que servem são transformados. É nesse sentido que a pratica evangélica se converte para o mundo como um reflexo da antecipação do Reino de Deus. Deus nos abençoe! Odete Liber




segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quando olho pra essa imagem, eu penso comigo: “Como eu queria morar lá!”
É, eu queria morar nesse local, nessa casinha mas não, não moro.
Moro numa cidade, num apartamento, sem verde, sem árvores, sem pássaros... Só muito cimento! De consolo tenho o mar...
Também não sei ser desses amores de meia hora, uma hora, não sei ser dessa descartabilidade emocional, consumismo afetivo, que joga fora o outro a todo instante.
Não sei gostar do prazer passageiro, rápido, apressado. Também não sei gostar da total falta de sensibilidade dessas pessoas que usam como bandeira para sua inconsistência, os resíduos de outras relações, os amores mal sucedidos e mal resolvidos.
Não gosto de sair de casa armada, porque quero sempre estar ‘desarmada’ sem parecer amadora, inocente, ingênua.
O mundo parece desabar a cada dia por falta de afeto, cuidado, generosidade.
Mesmo correndo riscos, mesmo que eu me torne vulnerável, e que eu caminhe de vez em quando por vales e abismos emocionais, mesmo que lágrimas corram pelo meu rosto, mesmo assim ainda torço por um amor que queira durar...
Hoje cedo, acordei, olhei pela janela e depois olhei pra mim mesma, pra essa solidãozinha moderna, pra essa ‘liberdade’ de araque, e fiquei muito, muito cansada... Quero paz, quero sossego, quero afeto, quero vida, quero amig@s por perto... Boa semana!!!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

E se...

A vida às vezes tem os seus "e se", "e se", "e se"... "e se" eu tivesse escolhido isso ou aquilo, "e se"... O "e se" as vezes tem o poder de nos assombrar, porém, não pode nos impedir de seguir em frente! Afinal, "e se" eu escolher não escolher, já escolhi!!
E se...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O amor tem paradoxos

Não é possível amar sem se expor o coração. E com isso a gente sempre erra.
Não é culpa única e exclusiva de uma única pessoa, porque ninguém  que ama, erra ou  machuca a outra por vontade própria. O amor tem sim paradoxos. 
A gente deve parar de ter ilusões de que amaremos sem nunca machucar ou que nunca seremos machucad@s.  Bem sabemos que as belas musicas, letras, poemas surgem das maiores dores do coração, pois amar é sofrer ora ou outra. Se isso te acontecer, não se arrependa, continue querendo amar... 
Seja grat@ pela chance da experiência do amor, da paixão e perdão. Pois às vezes amar machuca. O amor às vezes machuca! Mas o amor também cura a ferida. O amor também impulsiona a caminhada, o sonho! E como disse o poeta  italiano Torquato Tasso: “Perdido é todo tempo que com amor não se gasta”. Vamos gastar tempo com o amor! Odete Liber

  

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções

Ele será como uma árvore plantada junto às boas águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Uma árvore que não se afligirá quando chega o calor, porque as suas folhas estão sempre viçosas; não sofre de ansiedade durante o ano da seca nem deixará de dar seu fruto!”. Jeremias 17:8.

Sou mulher, cristã, de carne, osso e emoções. E por isso, ultimamente tenho dado um tempo maior para pensar (isso, estou pensando) sobre as dores, sofrimentos que temos ou que pessoas queridas têm e passam. Tenho refletido seja comigo, seja com outras pessoas, seja porque pessoas queridas têm ficado doentes mesmo com tanta fé em Deus e uma vida de testemunho. Ora são perdas de pessoas queridas, ora são perdas via relacionamentos rompidos, ora são doenças, desemprego, etc e tal. Todas essas pessoas, e eu me incluo, oramos/rezamos todas as noites, manhãs, no decorrer do dia (a vida é litúrgica e toda hora é hora para agradecer). Quem tem filh@s, família, amig@s com certeza ora a noite por eles/as antes de dormir e ao acordar. Com certeza oram para que a vida lhes seja doce, agradável, fácil, sem perigos, sem sofrimento. Assim como tantas outras pessoas oram/rezam uns pelos outros para que Deus os livre de todo mal, dor, lágrima, sofrimento, etc.
Esquecemos que ventos gelados sempre sopram e atinge todas as pessoas. Esquecemos que o sol ardente queima, seca e que esse tempo seco em demasia transforma a terra em torrão duro/seco.  Esquecemos que às vezes as noites são mais longas e frias, e com ela as lágrimas também podem durar mais tempo e com certeza machucam mais. Esquecemos que a doença aparece para tod@s, mesmo que não queiramos e achemos injusto. Esquecemos que qualquer pessoa pode perder o emprego, sofrer um acidente, tropeçar, cair, ficar deprê. Ninguém está ileso as dores do mundo. Tudo que é ruim é injusto, é dolorido, machuca, nos faz doer o coração, a alma. Mas, fazem parte da vida humana.
Às vezes creio que somos ingênuas/os em nossas orações. Porque enquanto vivermos e formos seres humanos a vida às vezes nos será dura, quer desejemos ou não. Nem sempre tudo será tranquilo na vida, haverá vendavais, tempestades, enchentes, secas. Assim como haverá flores colorindo a vida, perfumando o ar. Assim como haverá chuvas de verão que atenuarão o calor, deixarão a paisagem mais verde, bela!
Enquanto formos seres humanos, mesmo sendo cristãs ou cristãos seremos seres limitad@s, passiveis de sofrimentos e alegrias. Experimentaremos os mais variados sentimentos. O que fará a diferença em nossa vida e na vida d@s noss@s querid@s serão as raízes, será a nossa capacidade de resiliência.  

Hoje, oro pra Deus me dar forças para enfrentar a vida como ela é: com coisas boas e ruins. Oro a Deus para que Ele me ajude a ter mais fé, esperança, força para viver a partir da fonte da vida que é o Deus Eterno. Já não oro mais como antes. Porque quero uma fé com raízes profundas, que mesmo com chuvas em excesso, sol escaldante, frio congelante, ventos fortes, noites escuras e tenebrosas eu consiga seguir em frente, mesmo que em passos lentos, porque minha vida, minha raiz está alicerçada no Deus Eterno, não importa a situação, com choro ou com riso. E isso fará com que não desanimemos, não permaneçamos caid@s e nem sejamos levados por caminhos sem sentido para vida, e sim, sigamos em frente apesar de... Por: Odete Liber.