sexta-feira, 31 de maio de 2013

sábado, 25 de maio de 2013

Michael W. Smith - Live in concert - COMPLETO


Hallelujah - Aleluya - Michael W. Smith


carta aos homens


Prezados HOMENS,

A tradição ibérica trouxe muitos efeitos para o nosso amado país, o Brasil. Trouxe por exemplo, para  a vida das mulheres brasileiras, uma vida restrita em todos os sentidos. Por isso, difíceis de medir.

O cenário que já vinha se desenhando, e tomou forma mais nítidas na colônia brasileira do século XVI impôs um papel à mulher, anunciou um recrudescimento das formas fundamentalistas de pensar e agir, que, além de economicamente excludentes, são racistas e patriarcais, negando a mulher qualquer direito, a não ser o de procriar, cuidar da casa. Esses fatos são abusivos e ferem a mulher enquanto ser humano.

Queremos denunciar os homens que apenas copulam com suas esposas e não as amam, e muito menos sentem com elas prazer, já que entendem o orgasmo como coisa do demônio. Com isso indagamos: “Será que só o demônio pode sentir prazer?”. “Porque o corpo da mulher deve ser encoberto, e nem mesmo o marido pode vê-lo?”  Aliás, ao contrário do que a Igreja Católica falava ou fala, o corpo é tudo o que uma mulher é. Ele nos define, nos faz aparecer frente à realidade e aos outros, nos faz ir ao encontro do mundo. Não podemos tratar nosso corpo de qualquer jeito, pois o corpo é espaço da vida. Até na Bíblia encontramos histórias que falam de uma forma boa sobre o corpo. O livro Cânticos dos Cânticos é um exemplo disto: usando uma linguagem sensual, conta a história de um amor muito bonito.

Queremos também denunciar os homens que abusavam de suas negras escravas que os satisfaziam duplamente nos trabalhos da casa e na cama, porque diziam que com suas esposas não se podia ter prazer, orgasmo. Diante de tudo isto indagamos: “O que dizer então da sexualidade?”. Ela faz parte do nosso corpo e é uma energia boa que nos coloca em relação com outras pessoas, nos permite viver o amor, a ternura, o prazer. Para viver estas experiências, outros fatores também influenciam, como a nossa educação, a cultura e o jeito de ser do grupo que vivemos. Acreditamos que seja importante olhar o corpo e a sexualidade feminina como coisas muito positivas e não como um pecado. Todas o corpo feminino é bonito e bom. Trabalhar, cuidar da casa, dançar, namorar, são coisas que fazem parte da vida da mulher e fazem bem ao corpo, são todas coisas boas e não há do que se envergonhar.

Desejamos que os homens aceitem que as mulheres têm capacidade moral de tomar decisões, que sejam aceitáveis os seus pontos de vista ético e religioso, que reconheçam direito da mulher de decidir acerca de questões que afetem sua própria vida e seu corpo. As mulheres não são meras reprodutoras, sem sentimentos ou desejos. A mulher tem o direito de ter o controle do próprio corpo e não apenas de ser “usada” quando o homem bem entender. “Como pode alguém sentir-se uma pessoa quando aquilo que se acha mais próximo dela, seu próprio corpo, lhe escapa, tornando-se dependente de outras pessoas e ficando submetido à autoridade delas?". Sabemos que os corpos das mulheres têm sido o “locus” privilegiado de controle social dos homens sobre as mulheres. Também sabemos que a efetivação da autonomia das mulheres - como dos homens - não se dá quando direitos econômicos, sociais e políticos lhes são negados. Não queremos que os homens nos devolvam “os nossos direitos”, porque esse direitos não lhes pertencem. Apenas desejamos que nos respeitem e nos permitam ter e exercer o direito de decidir.

Sem vergonha e sem culpa,

                                                                        Mulheres do século XVIII
 
 
 
 
PS: Carta hipotética

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Cuidado pastoral


O CUIDADO PASTORAL

O cuidar é universalmente humano. Ninguém pode cuidar de si mesmo em todas as situações. Ninguém pode, até mesmo, falar a si próprio sem que lhe tivesse sido falado por outrem. Paul Tillich


Ao se falar de cuidado pastoral, devemos lembrar que primeiro precisamos citar o mundo. O mundo como um lugar de construção do “sendo humano” e com isso, do “sendo do ministério pastoral”. Pois é nesse mundo, no qual o ser humano está sendo, é que a vida acontece, e o ministério pastoral também. E nessa caminhada, nesse mundo, é preciso lembrar a questão do cuidado, que é essencial numa comunidade. Visitar, orar, cuidar das pessoas. Amá-las.

Sabe-se que o “cuidado” em si, tem significados que extrapolam o conhecimento comum, como por exemplo, “Ser-no-mundo-com-outros”, “atitude de solicitude, de atenção, dedicação”; pois quem cuida sente-se “afetivamente ligada ao outro”; “é constituição ontológico-existencial” do ser e do “ser-aí”, no mundo.

De acordo com Tillich o cuidar é universalmente humano, e só é possível receber cuidado se cuidarmos de outr@s. Trata-se de uma atitude e não de dois atos. Não se torna pessoa sem o encontro com outra pessoa e por isso Boff ressalta: “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. O cuidado, é uma característica inerente aquele/a que se dispõe ao pastorado, deve ser algo que vá além da mera oração. Deve ser algo que faça com que @ pastor/a sinta em seu coração, algo que o faça acordar à noite e orar pelas pessoas, abençoando-as. 

Vale citar que o “Cuidado pastoral” não é um conceito bíblico, mas sabe-se que há uma longa história na dinâmica tradição da Igreja, além do respaldo nas Escrituras. Na tradução francesa temos o “cure d’âme” (cura da alma) e no latim “cura animarum” (cura ou cuidado da alma). E por isso, na tradição cristã tal expressão tornou-se clássica ao descrever esse elemento central e unificador do ministério pastoral, afinal o “Cuidar das almas significa cuidar do centro vital das pessoas; é o reparo e a nutrição desse centro pessoal de afeto e vontade”.  Isso significa que a pessoa que está a frente de uma comunidade, deve ser uma “pessoa apaixonada” por gente. E não é tarefa fácil! Mas é possível e essencial.

Cuidado pastoral pode ser definido como encontro, e esse encontro é um acontecimento de conhecimento, um processo de interpretação, marcado por dualidades; e mais, encontro implica em experiência, reciprocidade e interação; encontro envolve o influenciar, transformar e mudar. Não é estático! Envolve relação, afetividade, cuidado, amor.

Para Clebsch e Jaekle “O cuidado pastoral consiste de atos de ajuda realizados por representantes cristãos, voltados para curar, suster, guiar e reconciliar as pessoas em dificuldades, cujos problemas emergem no contexto de preocupações e significados últimos”. Ou seja, para eles, o curar, significa tornar inteiro, íntegro. Tem o objetivo de superar desarmonias pessoais e, recuperar a integralidade nas relações interpessoais e com isso, fazer com que as pessoas se desenvolvam em relação a seu estado prévio. O suster, é ajudar uma pessoa que está em sofrimento, é amparar, é ser apoio, ajudar em crise, a perseverar e a transcender uma circunstância em que a recuperação de condição anterior pareça ser impossível, distante ou improvável. O guiar é a assistência pastoral ante a iminência de decisões e opções em relação a alternativas de pensamento e ação, em especial quando essas escolhas podem alterar fortemente a vida presente e futura da pessoa. E por fim, reconciliar, que é facilitar o restabelecimento de relacionamentos rompidos entre a pessoa e Deus, pessoas e a natureza, pessoas, grupos e sociedade.

E nesse sentido uso as palavras de Bonhoeffer, que disse: “o outro só será irmão quando se tornar um fardo, e só então deixará de ser objeto dominado. [...]. Levar o fardo do outro significa aqui suportar a realidade do outro em sua condição de criatura, aceitá-la, e, sofrendo-a, chegar ao ponto de alegrar-se com ela”. Portanto, somente “quem carrega sabe-se carregado, e somente com esta força poderá carregar”. O cuidado pastoral ensina que ser cristã ou cristão, ser clerig@, pastor/a é tornar-se carregador/a de fardos de esperança, de justiça, de amor, cura, sustentação, assistência, reconciliação, de misericórdia e da paz que excede todo entendimento humano. 

Que o trino Deus nos abençoe, como corpo de Cristo que somos.
Odete Liber