"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto, como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo..." (Clarice Lispector)
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Coisinhas da Zama: PAP Forrando cadeira de Plástico
Coisinhas da Zama: PAP Forrando cadeira de Plástico: O que vcs vão precisar: - 01 tubo grande de cola branca (preferência a cascorez de rótulo azul); - 01 pincel ou trincha; - 01 estilete; -...
terça-feira, 28 de maio de 2013
domingo, 26 de maio de 2013
sábado, 25 de maio de 2013
carta aos homens
Prezados HOMENS,
A tradição
ibérica trouxe muitos efeitos para o nosso amado país, o Brasil. Trouxe por
exemplo, para a vida das mulheres
brasileiras, uma vida restrita em todos os sentidos. Por isso, difíceis de
medir.
O cenário que
já vinha se desenhando, e tomou forma mais nítidas na colônia brasileira do
século XVI impôs um papel à mulher, anunciou um recrudescimento das formas
fundamentalistas de pensar e agir, que, além de economicamente excludentes, são
racistas e patriarcais, negando a mulher qualquer direito, a não ser o de
procriar, cuidar da casa. Esses fatos são abusivos e ferem a mulher enquanto
ser humano.
Queremos denunciar os homens que apenas copulam com suas
esposas e não as amam, e muito menos sentem com elas prazer, já que entendem o
orgasmo como coisa do demônio. Com isso indagamos: “Será que só o demônio pode
sentir prazer?”. “Porque o corpo da mulher deve ser encoberto, e nem mesmo o
marido pode vê-lo?” Aliás, ao contrário
do que a Igreja Católica falava ou fala, o corpo é tudo o que uma mulher é. Ele
nos define, nos faz aparecer frente à realidade e aos outros, nos faz ir ao
encontro do mundo. Não podemos tratar nosso corpo de qualquer jeito, pois o
corpo é espaço da vida. Até na Bíblia encontramos histórias que falam de uma
forma boa sobre o corpo. O livro Cânticos dos Cânticos é um exemplo disto:
usando uma linguagem sensual, conta a história de um amor muito bonito.
Queremos também denunciar os homens que abusavam de suas
negras escravas que os satisfaziam duplamente nos trabalhos da casa e na cama,
porque diziam que com suas esposas não se podia ter prazer, orgasmo. Diante de
tudo isto indagamos: “O que dizer então da sexualidade?”. Ela faz parte do
nosso corpo e é uma energia boa que nos coloca em relação com outras pessoas,
nos permite viver o amor, a ternura, o prazer. Para viver estas experiências,
outros fatores também influenciam, como a nossa educação, a cultura e o jeito
de ser do grupo que vivemos. Acreditamos que seja importante olhar o corpo e a
sexualidade feminina como coisas muito positivas e não como um pecado. Todas o
corpo feminino é bonito e bom. Trabalhar, cuidar da casa, dançar, namorar, são
coisas que fazem parte da vida da mulher e fazem bem ao corpo, são todas coisas
boas e não há do que se envergonhar.
Desejamos que os homens aceitem que as mulheres têm
capacidade moral de tomar decisões, que sejam aceitáveis os seus pontos de
vista ético e religioso, que reconheçam direito da mulher de decidir acerca de
questões que afetem sua própria vida e seu corpo. As mulheres não são meras
reprodutoras, sem sentimentos ou desejos. A mulher tem o direito de ter o
controle do próprio corpo e não apenas de ser “usada” quando o homem bem
entender. “Como pode alguém sentir-se uma pessoa quando aquilo que se acha mais
próximo dela, seu próprio corpo, lhe escapa, tornando-se dependente de outras
pessoas e ficando submetido à autoridade delas?". Sabemos que os corpos
das mulheres têm sido o “locus” privilegiado de controle social dos homens
sobre as mulheres. Também sabemos que a efetivação da autonomia das mulheres -
como dos homens - não se dá quando direitos econômicos, sociais e políticos
lhes são negados. Não queremos que os homens nos devolvam “os nossos direitos”,
porque esse direitos não lhes pertencem. Apenas desejamos que nos respeitem e
nos permitam ter e exercer o direito de decidir.
Sem vergonha e sem culpa,
Mulheres do século XVIII
PS: Carta hipotética
quinta-feira, 23 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Cuidado pastoral
O CUIDADO PASTORAL
O cuidar é universalmente humano. Ninguém pode
cuidar de si mesmo em todas as situações. Ninguém pode, até mesmo, falar a si
próprio sem que lhe tivesse sido falado por outrem. Paul Tillich
Ao se falar de cuidado pastoral,
devemos lembrar que primeiro precisamos citar o mundo. O mundo como um lugar de
construção do “sendo humano” e com isso, do “sendo do ministério pastoral”.
Pois é nesse mundo, no qual o ser humano está sendo, é que a vida acontece, e o
ministério pastoral também. E nessa caminhada, nesse mundo, é preciso lembrar a
questão do cuidado, que é essencial numa comunidade. Visitar, orar, cuidar das pessoas. Amá-las.
Sabe-se que o “cuidado” em si, tem
significados que extrapolam o conhecimento comum, como por exemplo, “Ser-no-mundo-com-outros”,
“atitude de solicitude, de atenção, dedicação”; pois quem cuida sente-se
“afetivamente ligada ao outro”; “é constituição ontológico-existencial” do ser
e do “ser-aí”, no mundo.
De acordo com Tillich o cuidar é
universalmente humano, e só é possível receber cuidado se cuidarmos de outr@s. Trata-se
de uma atitude e não de dois atos. Não se torna pessoa sem o encontro com outra
pessoa e por isso Boff ressalta: “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o
cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um
momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação,
preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. O
cuidado, é uma característica inerente aquele/a que se dispõe ao pastorado, deve
ser algo que vá além da mera oração. Deve ser algo que faça com que @ pastor/a
sinta em seu coração, algo que o faça acordar à noite e orar pelas pessoas,
abençoando-as.
Vale citar que o “Cuidado
pastoral” não é um conceito bíblico, mas sabe-se que há uma longa história na
dinâmica tradição da Igreja, além do respaldo nas Escrituras. Na tradução
francesa temos o “cure d’âme” (cura da alma) e no latim “cura animarum” (cura
ou cuidado da alma). E por isso, na tradição cristã tal expressão tornou-se
clássica ao descrever esse elemento central e unificador do ministério pastoral,
afinal o “Cuidar das almas significa cuidar do centro vital das pessoas; é o
reparo e a nutrição desse centro pessoal de afeto e vontade”. Isso significa que a pessoa que está a frente
de uma comunidade, deve ser uma “pessoa apaixonada” por gente. E não é tarefa
fácil! Mas é possível e essencial.
Cuidado pastoral pode
ser definido como encontro, e esse encontro é um acontecimento de conhecimento,
um processo de interpretação, marcado por dualidades; e mais, encontro implica
em experiência, reciprocidade e interação; encontro envolve o influenciar,
transformar e mudar. Não é estático! Envolve relação, afetividade, cuidado, amor.
Para Clebsch e Jaekle “O
cuidado pastoral consiste de atos de ajuda realizados por representantes
cristãos, voltados para curar, suster, guiar e reconciliar as pessoas em
dificuldades, cujos problemas emergem no contexto de preocupações e
significados últimos”. Ou seja, para eles, o curar, significa tornar inteiro, íntegro. Tem o objetivo de superar
desarmonias pessoais e, recuperar a integralidade nas relações interpessoais e com
isso, fazer com que as pessoas se desenvolvam em relação a seu estado prévio. O
suster, é ajudar uma pessoa que está
em sofrimento, é amparar, é ser apoio, ajudar em crise, a perseverar e a
transcender uma circunstância em que a recuperação de condição anterior pareça
ser impossível, distante ou improvável. O guiar
é a assistência pastoral ante a iminência de decisões e opções em relação a
alternativas de pensamento e ação, em especial quando essas escolhas podem alterar
fortemente a vida presente e futura da pessoa. E por fim, reconciliar, que é facilitar o restabelecimento de relacionamentos
rompidos entre a pessoa e Deus, pessoas e a natureza, pessoas, grupos e
sociedade.
E nesse sentido uso as palavras
de Bonhoeffer, que disse: “o outro só será irmão quando se tornar um fardo, e
só então deixará de ser objeto dominado. [...]. Levar o fardo do outro
significa aqui suportar a realidade do outro em sua condição de criatura,
aceitá-la, e, sofrendo-a, chegar ao ponto de alegrar-se com ela”. Portanto,
somente “quem carrega sabe-se carregado, e somente com esta força poderá
carregar”. O cuidado pastoral ensina que ser cristã ou cristão, ser clerig@, pastor/a é
tornar-se carregador/a de fardos de esperança, de justiça, de amor, cura,
sustentação, assistência, reconciliação, de misericórdia e da paz que excede
todo entendimento humano.
Que o trino Deus nos abençoe,
como corpo de Cristo que somos.
Odete Liber
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