segunda-feira, 3 de outubro de 2016

a gente quer um amor



Há momentos na vida, há fases, dias em que a gente deseja, quer... Deseja um amor que arde, queima. Quer momentos com alguém que  você deseja com um sorriso largo, que conta piadas, até sem graça, mas você ri como nunca.
A gente deseja voar, correr sem hora, sem destino. Deseja aquela pessoa com fogo, com tempestade, doçura,  amargura, com  a dureza dos dias sem sol e a calmaria da imensidão de seus sonhos. Deseja e pronto!
A gente deseja o vir do outro, o ir, a presença, mesmo ausente, seu dó maior. Anseia por seu beijo,  abraço apertado, sorriso esperto, o correr das mãos pelo corpo um do outro. Se anseia pela fome que o outro provoca, pelo prazer que evoca, pelo ritmo que lança, enquanto se movimenta, lenta e docemente com agente. Se anseia pelos seus dias, pelas  horas, na cama e fora da cama. Se quer tudo o que essa pessoa trouxer, toda luz e toda escuridão que teremos de consumir.
O desejo, o querer, o anseio... Você anseia, deseja, você precisa. Precisa ouvir a voz dessa pessoa, deseja sentir o seu calor, precisa receber o seu amor, com volta, em dobro, atravessando pela gente.  Precisa-se do cheiro, da chegada, das partidas. Precisa da impaciência, da insegurança, dessa pessoa reclamando de você. Ah, a insônia, o aconchego em seu corpo, da conchinha na hora de dormir, dos pés gelados sob as cobertas, perdidos numa noite sem fim. Às vezes a gente precisa disso tudo e mais um pouco!
Cabelos desalinhados, barriga descoberta, o pouso do olhar do outro sobre você. Seu olhar sobre essa pessoa. A gente adora quando o outro faz uma surpresa, quando se é surpreendida. Quando o outro vem, fica e se demora mais e mais, sem tempo, sem regras, sem pudor. Até ama seu jeito desengonçado, seus beijos molhados, o corpo suado. E como é bom andar de mãos dadas, lutar contra o tédio, aceitar o outro em você... Adoro!
Mas eu desejo, a gente deseja muito mais, deseja que essa pessoa não se canse da gente, nem que ela saia de perto, mesmo as vezes longe. Deseja que tudo venha como for, que tudo teste a nossa dor, que a gente atravesse tempestades e ventanias avassaladoras, para que fiquemos mais fortes juntos, sempre, apesar e por causa do bem e do mal. Que a gente brigue e retorne, discuta e se acerte, que a gente se perca um no outro, a ponto de alcançar aquela felicidade que até dói.
A gente não quer um  amor muito açucarado porque enjoa, nem sorriso forçado, presença sem vontade, silêncio que separa, tesão sem amizade. A gente não quer ninguém morrendo de amores mas sim alguém vivendo de amor pela gente e a gente por por essa pessoa. Na verdade, a gente sempre quer verdade, entrega, partilha, acolhimento, força, resgate. No fundo a gente quer poder ir embora sem despedida, porque se tem a certeza da volta, do reencontro. E no fundo a gente quer  que o outro saiba da gente, da vida, cicatrizar cada ferida, amargar cada tombo, cada sonho sonhado e que e no meio do caminho não deu certo, cada falha, seja no sexo e na bossa nova, na MPB, Jazz ou POP.
Na verdade o que se quer é a outra pessoa, a gente quer amar, aprender a amar, a ter sem prender. No fundo, a gente quer o outro com laço, sem nó, nu e cru, sem dó. A gente deseja poder repousar tranquilamente a alma na do outro, assim, serenamente, com verdade, sempre e para sempre… Bem simples, simples assim! Afinal, “O nosso amor é como o vento. Não posso vê-lo, mas posso senti-lo.” (Nicholas Sparks)


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