Há momentos na vida, há fases, dias em que a gente deseja, quer... Deseja um amor que arde, queima. Quer momentos com alguém que você deseja com um sorriso largo, que conta piadas, até sem graça, mas você ri como nunca.
A gente deseja voar, correr sem hora, sem destino. Deseja aquela pessoa com fogo, com tempestade, doçura, amargura, com a dureza dos dias sem sol e a calmaria da imensidão de seus sonhos. Deseja e pronto!
A gente deseja o vir do outro, o ir, a presença, mesmo ausente, seu dó maior. Anseia por seu beijo, abraço apertado, sorriso esperto, o correr das mãos pelo corpo um do outro. Se anseia pela fome que o outro provoca, pelo prazer que evoca, pelo ritmo que lança, enquanto se movimenta, lenta e docemente com agente. Se anseia pelos seus dias, pelas horas, na cama e fora da cama. Se quer tudo o que essa pessoa trouxer, toda luz e toda escuridão que teremos de consumir.
O desejo,
o querer, o anseio... Você anseia, deseja, você precisa. Precisa ouvir a voz
dessa pessoa, deseja sentir o seu calor, precisa receber o seu amor, com volta, em dobro,
atravessando pela gente. Precisa-se do cheiro, da chegada, das partidas. Precisa
da impaciência, da insegurança, dessa pessoa reclamando de você. Ah, a insônia,
o aconchego em seu corpo, da conchinha na hora de dormir, dos pés gelados sob
as cobertas, perdidos numa noite sem fim. Às vezes a gente precisa disso tudo e mais um pouco!
Cabelos
desalinhados, barriga descoberta, o pouso do olhar do outro sobre você. Seu
olhar sobre essa pessoa. A gente adora quando o outro faz uma surpresa, quando se é surpreendida. Quando o outro vem, fica e
se demora mais e mais, sem tempo, sem regras, sem pudor. Até ama seu jeito desengonçado,
seus beijos molhados, o corpo suado. E como é bom andar de mãos dadas, lutar
contra o tédio, aceitar o outro em você... Adoro!
Mas eu
desejo, a gente deseja muito mais, deseja que essa pessoa não se canse da
gente, nem que ela saia de perto, mesmo as vezes longe. Deseja que tudo venha
como for, que tudo teste a nossa dor, que a gente atravesse tempestades e
ventanias avassaladoras, para que fiquemos mais fortes juntos, sempre, apesar e
por causa do bem e do mal. Que a gente brigue e retorne, discuta e se acerte,
que a gente se perca um no outro, a ponto de alcançar aquela felicidade que até
dói.
A gente não
quer um amor muito açucarado porque
enjoa, nem sorriso forçado, presença sem vontade, silêncio que separa, tesão
sem amizade. A gente não quer ninguém morrendo de amores mas sim alguém vivendo de amor pela gente e a gente por por essa pessoa. Na verdade, a gente sempre quer verdade,
entrega, partilha, acolhimento, força, resgate. No fundo a gente quer poder ir embora
sem despedida, porque se tem a certeza da volta, do reencontro. E no fundo a gente
quer que o outro saiba da gente, da
vida, cicatrizar cada ferida, amargar cada tombo, cada sonho sonhado e que e no
meio do caminho não deu certo, cada falha, seja no sexo e na bossa nova, na
MPB, Jazz ou POP.
Na verdade
o que se quer é a outra pessoa, a gente quer amar, aprender a amar, a ter sem
prender. No fundo, a gente quer o outro com laço, sem nó, nu e cru, sem dó. A
gente deseja poder repousar tranquilamente a alma na do outro, assim,
serenamente, com verdade, sempre e para sempre… Bem simples, simples assim! Afinal,
“O nosso amor é como o vento. Não posso vê-lo, mas posso senti-lo.” (Nicholas
Sparks)
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