segunda-feira, 10 de junho de 2013

Meu caminhar


O ver, agir e julgar está atrelado a um modo arraigado na fé bíblica, pois a fé de Israel era e continua sendo em nossos dias, o ponto de partida do Êxodo 3. O grito de um povo que sofria e que clamava por justiça como nos dias atuais. E o mesmo Deus “viu” e vê (a opressão), “escutou” e escuta (os clamores), “conheceu” e continua conhecendo os sofrimentos e “agiu”, age libertando[1]. Assim, entende-se por liderança como o processo de conduzir as ações e influenciar o comportamento e a mentalidade  de outras pessoas, pois liderança é  uma escolha, uma relação, uma técnica, uma arte.

O VER se entende, não como um  mero falar “sobre” uma realidade, senão como se a vê, se a entende e se a  assume. O  JULGAR,  avalia  pessoas, estruturas e culturas no hoje da história,  recebe-as  no  que tem de verdade e bem; convida a enriquecer-se invita a enriquecer-se com cada realidade conhecida, estudada, discernida. O AGIR abriga e modifica; reconhece, depura e acaba/completa.

Nesse sentido o ver é mergulhar na realidade, incluir-se, encarnar-se, tendo como modelo Jesus Cristo que se encarnou, viveu a vida dos seres humanos e assumiu as nossas fraquezas e limitações, ajudando-nos a superá-las. Para abordar a realidade, é preciso partir dos campos principais: econômico, político, social, ideológico e religioso. E isso deve se fazer presente na liderança cristã, na igreja. Vendo, percebendo suas necessidades e agindo.

O JULGAR é desenvolver novos paradigmas. O julgar tem o sentido de iluminar, de criticar, de confrontar a realidade à luz da ótica cristã, na fidelidade a Deus, aos irmãos/irmãs e à vida. Trata-se de analisar as causas e consequências dos fatos; questionar criticamente o que se vê; discernir o que está ou não a serviço da vida, a serviço do reino de Deus. O ‘julgar’ exige conhecimento da realidade humana e social; discernimento crítico à luz da fé e do evangelho; escuta da palavra que se revela nos acontecimentos; conhecimento da doutrina/costumes da Igreja; capacidade de superar preconceitos. Cada pessoa tem uma parte da verdade e na transformação da realidade constatada. Assim, o ‘julgar’ na vida cristã tem como critérios o respeito à vida e à dignidade humana, o bom senso e os valores evangélicos (que nada mais é o que a Bíblia nos diz).

E finalmente o ‘AGIR’ é transformar a realidade. O ‘agir’ não é fazer coisas, mas é ação transformadora da realidade constatada. O agir é ter uma nova atitude diante da vida; é uma transformação pessoal e integral; tem consequência na sociedade; é o resultado do ‘ver’ e ‘julgar’ que compromete toda igreja (ninguém na igreja pode dizer que nada sabe fazer). O ‘agir’ tem momentos oportunos para acontecer. É ter paciência, evitar a acomodação, mas sem cair no ativismo, lembrar que, através da nossa ação, Deus age na história. Afinal, devemos deixar “Deus ser Deus”! Isso é o mais importante para minha vida e é o que eu posso fazer (o que posso fazer é orar, pregar, interceder, dar exemplo, o restante é com Deus, com o Espírito Santo).

E com isso tudo, pode-se dizer que a liderança não tem absolutamente nada a ver com popularidade barata nem boa aparência, mas sim grandeza do caráter, determinação e persuasão. Isto tudo passa por ser paixão. A paixão por “ser”  um líder que ganha poder por si próprio, talhado para o comando quer na conduta de todo o grupo, quer na orientação de um novo caminho com Cristo. Aconteça o que acontecer, faz parte do papel do líder responsável permanecer firme e constante nos seus propósitos.

Com o curso, percebe-se que ser líder é ser motivador, ter responsabilidade, ser um apaixonado pelo que faz e principalmente, como cristã, ser uma apaixonada pelo ser humano. Essas são as contribuições para meu ministério e vida. E concluo com o poema de Mário Quintana – Quem sabe um dia:

Sentir primeiro, pensar depois

Perdoar primeiro, julgar depois

Amar primeiro, educar depois

Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois

Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois

Agir primeiro, julgar depois

Dar primeiro, pedir depois

Fazer primeiro, mandar depois

Navegar primeiro, aportar depois

Viver primeiro, morrer depois.

 




[1] Conforme RAMIRES, Carlos Ayala. America Latina, ver-juzgar-actuar un método de estar en la realidad, Adital sábado 19 Mayo 2007.

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