sábado, 22 de setembro de 2012

Missão numa perspectiva anglicana


Missão numa perspectiva anglicana
Segundo D. Tutu, a "missão é, em primeiro lugar, não o que nós, mas o que Deus faz".  A igreja é chamada a testemunhar o amor de Deus conhecido em Jesus Cristo. Este testemunho é expresso em servir, proclamar e compartilhar a vida comum e adorar.  Deste modo a missão está sempre presente na igreja e em nossas vidas, porque tudo que fazemos, fazemos como cristãos numa forma de testemunho , consciente ou não.  A igreja e nós como parte dela, existe para dar testemunho de Jesus Cristo como Senhor.
Nesse sentido, missão numa perspectiva anglicana é o objetivo da igreja (a partir de sua identidade), o que ela pretende, é sua visão. É o jeito da igreja proclamar as boas novas do Reino de Deus. Ou seja, missão é o anuncio da graça e o juízo de Deus para os seres humanos para que sejam novas criaturas, e com isso estruturas sociais fiquem a serviço da justiça, do amor, da paz e toda a criação fique salvaguardada em sua integridade.
Missão não é o que o cristão faz pelos pobres, pelos que estão a margem, mas sim é o agir de Deu por meio da igreja, por meio de nós.  E que essa missão deve ser holística, e como diz D. Jubal,
[...] envolve não somente anunciar, mas ensinar, curar e reconciliar, com a responsabilidade de buscar transformar a ordem social [...] Proclamação e serviço são vistos como inseparáveis e nossa Igreja está sendo encorajada a tornar-se uma igreja missionária através de atividades que ultrapassem o cuidado pastoral e a formação. Somos chamados a ser uma Igreja serva, e para isso devemos ter estruturas que nos liberem para a tríplice tarefa do testemunho (martyria), serviço (diakonia) e comunhão (koinonia), como o transbordamento da experiência pessoal do encontro com Cristo.
Por isso, não há como ser cristão anglicano e não partilhar com outras pessoas a alegria de ser cristão, pois “A boca fala do que o coração está cheio” (Lc 6.45). Essa partilha, que é o testemunho cristão, pode ser publico ou privado, dentro e fora das paredes da igreja, expressos em palavras e atos, pessoalmente e por escrito, por pessoas, grupos ou grandes multidões, por cuidado silencioso, por uma celebração vibrante ou por um simples ato de convidar alguém para um cafezinho e partilhar da fé em Cristo e os feitos desse Deus em nossas vidas e isso só acontece se tivermos fé no Criador, pois afinal “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”. Logo, as relações políticas, econômicas e religiosas da sociedade em que estamos inseridos anunciam ou denunciam a nossa espiritualidade, fé e missão.
Pode-se dizer que a missão e a espiritualidade numa perspectiva e num contexto anglicano não se separam, já que a missão é espiritual e a espiritualidade é missionária, e com isso, a prática humana da missão é a resposta a experiência espiritual para com Deus. Vale ressaltar que sem essa interligação a espiritualidade se torna vazia de significado, o que a faz ser um misticismo alienado e a missão passa a ser um mero ativismo eclesiástico, vazio e sem sentido. Por isso, J. Wesley dizia que “A autêntica experiência de salvação é transformadora. Ou impacta a orientação total da vida ou não é autêntica", pois a missão está conectada a espiritualidade, e esta devem ser concreta e com isso, transformadora, ou seja, transforma o mundo que está a nossa volta.
Não se pode perder de vista que a Igreja existe no poder do Espírito para Proclamar as Boas Novas do amor reconciliador de Deus em Jesus Cristo; Batizar e nutrir a quem passa a crer em Cristo; Responder às necessidades humanas com serviço zeloso; Trabalhar pela transformação da sociedade de acordo com os valores do Evangelho e Salvaguardar a integridade da criação e a renovação da vida na terra. É preciso incitar no processo diário o ato de amar e trabalhar com outros, ou seja deve comprometer-se com a "missio dei" e vivenciando a  nossa fé Trinitária, pois "Cremos em um Deus como Criador e Sustentador, Redentor e Doador da Vida". Somos uma comunidade de batizad@s, chamad@s para a fé e esperança e com isso, existimos para brilhar como luzes do mundo para a glória de Deus, preparando o caminho para a liberdade que há Cristo e para que o amor de Deus seja revelado no meio de nós.
Somos tod@s chamados a proclamar as boas novas. Deus chama a tod@s para a uma vida nova no poder da ressurreição de Cristo, que é precedida pela morte. Morte para tradições apreciadas, morte para preconceitos inveterados; morte para um ego antiquado, e então uma chamada para uma vida nova e revitalizada em serviço e esperança. E como disse D. Helder Camara:
Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.  É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos o centro do mundo e da vida.  É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: A humanidade é maior.  Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros. É, sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.  E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.
Missão numa perspectiva anglicana é proclamar as boas novas, é proclamar o shalom de Deus, o reino da totalidade, da paz, da restauração, da cura e da justiça.  E como disse Queiroz, [...] Quem assim ama, vive em missão permanente".

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