quinta-feira, 10 de abril de 2014

Enquanto caminho





Enquanto caminho na praia, olho o mar, as ondas, ouço o barulho das águas, sinto o cheiro do mar, e fico entranhada em meus pensamentos e sonhos. Nesses momentos desligo-me dos ruídos da televisão, da interferência do meu celular e do meu computador e tenho um tempo forçado de avaliação da vida e também faço planos e sonhos, sonhos...
Enquanto caminho, revejo a frustração de ainda não ter conseguido o quero, em termos profissionais, me veem a memória os sonhos desejados e não colocados em prática e estes me perseguem.
Enquanto caminho pela praia, na areia, com a água batendo em meus pés, me sito energizada e também pequena diante da grandeza do mar. Nesses momentos agradeço a Deus pela vida, pel@s amig@s, namorido, família.
Enquanto caminho, em alguns momentos me desligo do mundo real e o sonho me comanda. Também caio na real, e a frustração me toca. Rola uma lágrima! Sigo em frente!!
Enquanto ando, as dúvidas sobre os próximos passos a dar me consomem e uma profunda solidão me toma. Sinto-me perdida, sem saber para onde ir.  A cada quilometro que me distancio mais eu me divido entre o racional e o emocional. O sonho e o real. A dor, a frustração, a esperança... Mistura de sentimentos!
Enquanto caminho, não me permito ter autopiedade, mas me questiono do “porque”, “por que” .  Porque as coisas dão certo pra tod@s, menos pra mim. Porque algumas coisas dão certo pra mim e não para tod@s...  
É a vida que segue, com seus conflitos, anseios, dores, sonhos, risos, esperanças... Vamos caminhando, seguindo em frente e seja como for, com muita fé. Pois um dia as coisas entrarão nos eixos, o tão sonhado trabalho será alcançado ou me alcançará... Até lá, sigo caminhando, vendo o mar, lutando, correndo atrás, ficando pra trás... O. L. A.A

SAUDADE




A saudade tem prazo de validade.
Não pode permanecer muito tempo guardada. Não pode permanecer muito tempo não sendo correspondida.
Depois de aberta e fora do convívio, assim como o leite, a saudade azeda. E não há memória refrigerada para conservá-la.
Quando passa da hora, aquela falta ansiosa e comovente é capaz de se tornar ironia e sarcasmo.
O suspiro se transforma em ofensa – nos enxergaremos tolos e burros por confiar cegamente em alguém e esperar à toa. Reclamaremos nossa idiotice por termos feito uma vigília em vão, por termos esquecido de viver.
Já não queremos que o outro volte, já desejamos que ele nunca mais apareça em nossa frente. Violentaremos as lembranças, fecharemos a reza.
A ternura de antes será trocada pela raiva de não ser atendido. Mudaremos a personalidade de nossa conversa, de doce para ácida. Pois o segredo (a saudade é um segredo!) que nos alimentou durante meses não fora respeitado.
Infelizmente, a saudade apodrece.
Quando deixamos de pedir a presença para cobrar a ausência. É sutil o movimento. Toda a atenção dedicada ao longo de um período começa a ser vista como desperdício. Não aconteceu retorno das juras, nem o estorno das expectativas.
Você mandou centenas de mensagens, renunciou saídas com amigos e bares, teve uma vida discreta e fiel, só para honrar uma despedida, e percebeu que, no fim, sempre esteve sozinho na saudade.
Saudade é como o amor. Perece quando não é a dois.
Aliás, quando a saudade não é a dois, deixa de ser saudade para se descobrir solidão.
A saudade é o que guardamos do amor para o futuro. É o que deixamos para amar no futuro.
Nada dói tanto quanto um amor que não vingou após os cuidados do plantio.
Nada dói tanto quanto a saudade que envelhece, uma saudade que definhou pela indiferença, que não foi valorizada pela nossa companhia, que não desembocou em festa.
Nada dói tanto quanto promessas feitas gerando ressentimento.
A saudade não é eterna. Acaba quando percebemos que o amor era da boca para fora, que a urgência era interesse, que a necessidade era falsa.
A saudade é uma esperança de amor. Precisa ser consumida rapidamente, não mais que três meses. Senão, nos consome e nos estraga.
Fabrício Carpinejar

Perder-se para encontrar-se: o monge, o gato e a lua

Perder-se para encontrar-se: o monge, o gato e a lua

10/04/2014
O homem moderno perdeu o sentido da contemplação, de maravilhar-se diante das águas cristalinas do riacho, de encher-se de espanto face a um céu estrelado e de extasiar-se diante dos olhos brilhantes de uma criança que o olha interrogativa. Não sabe o que é o frescor de uma tarde de outono e é incapaz de ficar sozinho, sem celular, internet, televisão e aparelho de som. Ele tem medo de ouvir a voz que lhe vem de dentro, aquela que nunca mente, que nos aconselha, nos aplaude, nos julga e sempre nos acompanha. Essa pequena estória de meu irmão Waldemar Boff, que tenta pessoalmente viver no modo dos monges do deserto, nos traz de volta a nossa dimensão perdida. O que é profundamente verdadeiro só se deixa dizer bem, como atestam os sabios antigos, por pequenas estórias e raramente por conceitos. Às vezes quando imaginamos que nos perdemos, é então que nos encontramos. É o que esta estória nos quer comunicar: um desafio para todos.
“Era uma vez um eremita que vivia muito além das montanhas de Iguazaim, bem ao sul do deserto de Acaman. Fazia bem 30 anos que para lá se recolhera. Algumas cabras lhe davam o leite diário e um palmo de terra daquele vale fértil lhe dava o pão. Junto à cabana esgueiravam-se algumas ramas de videira. Durante o ano todo, sob as folhas de palmeira de cobertura, abelhas vinham fazer suas colméias.
“Há 30 bons anos que por aqui vivo! …”, suspirou o monge Porfiro. “Há 30 bons anos! …”. E, sentado sobre uma pedra, o olhar perdido nas águas do regato que saltitavam entre os seixos, deteve-se neste pensamento por longas horas. “Há 30 bons anos e não me encontrei. Perdi-me para tudo e para todos, na esperança de me encontrar. Mas perdi-me irremediavelmente !”
Na manhã seguinte, antes de o sol nascer, de parco farnel aos ombros e semi-rotas sandálias aos pés, pôs-se a caminho das montanhas de Igazaim, após a reza pelos peregrinos. Ele sempre subia as montanhas, quando, sob forças estranhas, seu mundo interior ameaçava desabar. Ia visitar Abba Tebaíno, eremita mais provecto e mais sábio, pai de uma geração toda de homens do deserto. Vivia ele sob um grande penhasco, de onde se podia ver lá embaixo os trigais da aldeia de Icanaum.
“Abba, perdi-me para encontrar-me. Perdi-me, porém, irremediavelmente. Não sei quem sou, nem para que ou para quem sou. Perdi o melhor de mim mesmo, o meu próprio eu. Busquei a paz e a contemplação, mas luto com uma falange de fantasmas. Fiz tudo para merecer a paz. Olha meu corpo, retorcido com uma raiz, retalhado de tantos jejuns, cilícios e vigílias! … E aqui estou, roto e combalido, vencido pelo cansaço da procura.”
E dentro da noite, sob uma lua enorme, iluminando o perfil das montanhas, Abba Tebaíno, sentado à porta da gruta, ficou a escutar com ternura infinita as confidências do irmão Porfiro.
Depois, num destes intervalos onde as palavras somem e só fica a presença, um gatinho que já vivia há muitos anos com o Abba, veio se arrastando de mansinho até a seus pés descalços. Miou, lambeu-lhe a ponta reta do burel, acomodou-se e pôs-se, com grandes olhos de criança, a contemplar a lua que, como alma de justo, subia silenciosa aos céus.
E, depois de muito tempo, começou o Abba Tebaíno a falar com grande doçura:
“Porfiro, meu filho querido, deves ser como o gato; ele nada busca para si mesmo, mas espera tudo de mim. Toda a manhã aguarda ao meu lado um pedaço de côdea e um pouco de leite desta tigela secular. Depois, vem e passa o dia juntinho a mim, lambendo-me os pés machucados. Nada quer, nada busca, tudo espera. É disponibilidade. É entrega. Vive por viver, pura e simplesmente. Vive para o outro. É dom, é graça, é gratuidade. Aqui, junto a mim deitado, contempla inocente e ingênuo, arcaico como o ser, o milagre da lua que sobe, enorme e abençoada. Não se busca a si próprio, nem mesmo na vaidade íntima da auto-purificação ou na complacência da auto-realização. Ele se perdeu irremediavelmente, para mim e para a lua…É a condição de ele ser o que é e de encontrar-se.
E um silêncio profundo desceu sobre a boca do penhasco.
Na manhã seguinte, antes de o sol nascer, os dois eremitas cantaram os salmos das Matinas. Seus louvores ecoaram pelas montanhas e fizeram estremecer as fímbrias do universo. Depois, deram-se o ósculo da partida. O irmão Porfiro, de parco farnel à costas e semi-rotas sandálias aos pés, retornou ao seu vale, ao sul do deserto de Acaman. Entendeu que para encontrar-se devia perder-se na mais pura e singela gratuidade.
Contam os moradores da aldeia próxima que, muitos anos depois, numa profunda e quieta noite de lua cheia, eles viram no céu um grande clarão. Era o monge Porfiro que subia, junto com a lua, à imensidão infinita daquele céu delirantemente faiscado de estrelas. Agora não precisava mais perder-se porque se havia definitivamente encontrado”.
Waldemar Boff (um dos meus 10 irmãos) estudou nos USA, é educador popular e camponês.

site:  http://leonardoboff.wordpress.com/2014/04/10/perder-se-para-encontrar-se-o-monge-o-gato-e-a-lua/

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Dietrich Bonhoeffer : Von guten Mächten

Von guten Mächten wunderbar geborgen - Hochzeitssängerin Silvie live / ...



A CONFIANÇA DE BONHOEFFER EM DEUS, MESMO NA PERSPECTIVA DA MORTE.

Já contando com a possibilidade de vir a ser condenado à morte e
executado, o que viria a acontecer em 9 de abril de 1945, o pastor e
teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer escreveu sensível poesia de
confiança em Deus para o ano novo de 1945. Entrementes ela tem versão
musical em forma de hino, contida em muitos hinários de igrejas
luteranas do mundo e de outras igrejas do mundo ecumênico. O refrão, na
versão em português:

Maravilhosamente bem guardados,
confiantes esperamos o porvir.
De noite e dia em Deus aconchegados
e assim em cada dia que surgir.

gatos


Nós: de abril a abril...quando te vi pela primeira vez


Há anos nossos caminhos se cruzaram. Lá se vão anos juntos. Anos de alegrias, muito companheirismo, admiração mutua, fé em Deus, lutas, vitórias e acima de tudo muito amor e vontade de continuar juntos.  Não somos aquele casal perfeito, somos perdoares um do outro.  Não somos apenas casados, somos comprometidos um com o outro, aliançados. Não vivemos apenas juntos, optamos todos os dias, em caminharmos na mesma direção, sempre juntos.  E nessa caminhada crescemos e somos felizes juntos. 




sexta-feira, 4 de abril de 2014

se a tua voz ouvir - Toque no Altar

Se atentamente eu ouvir
A tua voz e obedecer
Seguir os teus passos
E jamais me desviar
Se o meu coração se achar
Sempre puro e fiel a ti
Se a tua vontade
Sempre for o meu prazer

O deserto então será manancial
Sem medidas fluirão
As tuas bênçãos sobre mim
Mais que abundantes serão
E eu viverei tudo o que tens pra mim
Da tua mesa sempre eu comerei
E me fartarei do melhor de tuas mãos
Se a tua voz ouvir e obedecer

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Julia Balducci, autista que hoje é cineasta.

PAI - MÃE

Eu colocaria pai-mãe... Pra minha mãe!!!

 
Me pareço tanto com você
Olhando dá pra ver
Seu rosto lembra o meu
Desde o primeiro aniversário
O primeiro passo
Sempre pronto pra me defender

Sempre que brigou comigo
Pra eu não correr perigo
Um herói pronto pra me salvar
E com você eu aprendi todas lições
Eu enfrentei os meus dragões

E só depois me deixou voar

Mas eu só quero lembrar
Que de 10 vidas, 11 eu te daria
Que foi vendo você
Que eu aprendi a lutar
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Eu só queria se tivesse você

Pai
Eu sei o tempo é implacável
Afasta nossos corpos
Mas aproxima o coração
O seu nome sempre lembrado
Converso e falo de você sempre na oração

Pai
Foi muito chato crescer
Passei a não ter você contando histórias para eu dormir
Mesmo o mundo querendo me derrubar
Ao meu lado você sempre está

Pra me levantar quando eu cair

Mas eu só quero lembrar
Que de 10 vidas, 11 eu te daria
Que foi vendo você
Que eu aprendi a lutar
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Eu só queria se tivesse você
Eu só queria se tivesse você
Eu só queria se tivesse você

"Pai/Mãe, você diz que me criou para o mundo
Mas meu mundo é você."

quarta-feira, 2 de abril de 2014

SER TOLERANTE

“Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice. O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. Jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter princípios e agir conforme a sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.
Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu. Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados?
Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz da sua vida um gesto de doação.” – Frei Betto