Eu
acredito em anjos
Tem gente que acredita em
anjos, tem gente que não acredita. Eu acredito.
Encontrei um ontem. Anjos não têm asas, não são louros, altos,
como está no ideário de muit@s. São gente, humanos!
São gentis, tem um
sorriso encantador, são simples, calad@s, calm@s, brincam e sempre dispostos a
ajudar a tod@s.
O engraçado é que, quando
menos se espera a gente se depara com um/a. E quando isso acontece a gente
também fica sem reação, estarrecid@s, quase que indagando: “É verdade?”, pois não
estamos acostumad@s a encontra-los nesses tempos difíceis.
Nesses tempos difíceis
em que as pessoas já não mais sorriem (só riem de você), não dizem mais com
licença, por favor. Nesses tempos em que tod@s só pensam em si mesmos e só
fazem algo para tirar proveito, para ganhar algo em troca. Vivemos a lógica do
comércio, das trocas e não da simplicidade, gratuidade, gentileza, amor.
Mas vamos aos fatos. Fui
buscar um documento numa repartição publica. O chefe daquela repartição disse
que o mesmo só ficaria pronto em 15 dias úteis e que esse prazo seria só para o
final da próxima semana.
Gelei! Pela conta que
fiz, dancei, pois precisava do documento para o trabalho!
Porém, outro
funcionário, um estagiário, ao qual chamo de anjo, veio discretamente e me
disse: “Essa semana ninguém buscou nada lá na DPC”. “Eu saio daqui às 12:30 h e
posso ir lá com você e pegar pessoalmente pra você”.
Pensei: “hummm, sei
não”. Agradeci, sai e já na rua resolvi dar marcha ré, voltei, subi as
escadarias e perguntei pro C (irei chamar meu anjo de C) se poderia então esperá-lo,
ali, sentadinha e, claro, ele disse que sim.
Esperei mais de 50
minutos, tranquilamente, barriga roncando, mas tudo bem, pois a dele também
deveria estar roncando. Saímos praticamente as 13 horas, rumo ao DPC. Descendo
as escadas, ele me perguntou se eu não ligaria de andar umas 4 quadras sob o
sol. Respondi que iríamos de carro e ele sorriu. Disse-me que o seu ônibus
passa ali pertinho e só. Pensei que ele
iria ao DPC para trabalhar, mas não, era só para pegar minha “certidão”, “meu
documento”. Novamente fiquei pasma, pois como que alguém que trabalhou a manhã
toda, já eram 13 horas, com certeza sem almoço, diz que iria lá só para me
ajudar. Senti-me a top, famosa e
maravilhosa, mas com o coração na mão de tanta gratidão por esse gesto.
Lá fomos nós. Chegando
ao DPC logo ele foi cumprimentando tod@s com um lindo sorriso (o sorriso faz
muita diferença, assim como um bom dia, boa tarde, boa noite. Como amo essas
sutilezas simples da vida que a cada dia vão ficando raras!) Lá C foi para uma sala,
para outra, pergunta daqui, é inquerido dali e sumiu... Fiquei aguardando uns
dez minutos e, de repente, lá vem meu anjo sorrindo, com o documento na mão.
Ele diz: “Pronto, peguei, tchau”. Agradeci. E ele saiu rapidinho e eu fiquei
“tontinha”, porque às vezes já sou por natureza. Ele sumiu, não pude nem
perguntar onde ele morava para, quem sabe, levá-lo até à sua casa.
Em pensamento, agradeci
a Deus por sua vida e pedi que outros anjos o abençoem. Sempre acreditei em anjos, mas meu anjo hoje
não caiu do céu, andou comigo, me ajudou e partiu sorrindo, com seu fone de ouvido
branco, andando rapidinho.
Eu posso continuar
seguindo, acreditando que no mundo ainda há pessoas boas, amáveis, gentis,
humanas. Que Deus me ajude a ser uma pessoa melhor a cada dia, apesar de minhas
fragilidades, demônios, erros. E que eu possa ajudar, sempre!
Odete Liber
Adriano
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