segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O QUE É TEOLOGIA

Compartilho o texto de Julio Zabatiero. Após lê-lo, digo que concordo com ele. Gosto do jeito que ele escreve, de forma simples e objetiva. Nada de palavras dificeis, vc não precisará de um dicionário para ler o texto. E como estamos no carnaval, dias de nada fazer, dias de festa, tenho aproveitado para ter"preguiça intelectual". Então pra que irei escrever algo, se ele já o fez maravilhosamente. ...Vamos ao texto:
[...] o que é teologia.
Por que religiosos fundamentalistas e conservadores demonizam a teologia? Por que teologia - se for digna desse nome, porque há vários tipos de 'teologia' que não merecem o nome - é uma reflexão crítica sobre as práticas e as crenças de comunidades e/ou de instituições religiosas. No caso do cristianismo, por exemplo, a teologia reconhece que a bíblia é "palavra de deus", por isso a submete a um olhar crítico, diferenciando entre o graus de permanência e impermanência de crenças e práticas nela relatadas. Os fundamentalistas e conservadores também fazem isso, mas, ou negam que o fazem, ou afirmam que deus é quem faz essa crítica - se você conhecer um fundamentalista que siga as leis levíticas em sua totalidade, me apresente. Outro exemplo: a teologia assume seu lugar sociocultural - em meu caso, sou um teólogo 'moderno', o que quer dizer que aceito a historicidade de todas as nossas crenças e práticas, que aceito o caráter discursivo de todas as nossas crenças e práticas, que aceito a diferenciação entre religião, ciência, política, etc., entre outras coisas, e, principalmente, que aceito tudo isso criticamente. Assim, sou 'moderno' mas não fundamentalistamente moderno ...
Por que religiosos progressistas se desiludem com a teologia? Por que tratam a teologia como se fosse permanente, não reconhecendo o seu prazo de validade. Imaginam que, uma vez construindo uma teologia 'racional', ela terá uma durabilidade que os mitos, ritos e superstições da 'religião' não tem mais. Religiosos progressistas tendem a trocar a fé no dogma pela fé na razão. Teólogos, do tipo que eu imagino ser, não têm fé em dogmas nem na razão. Por que? Por uma simples razão: teologia é algo que nós fazemos, por isso, tem todos os limites próprios às ações humanas. Assim, em última instância (se é que esta instância existe), progressistas acabam sendo fundamentalistas ou conservadores - não nas crenças religiosas, mas nas políticas, ou nas científicas, ou nas estéticas.
Como escapar do fundamentalismo, do conservadorismo e/ou do progressismo (se é que devemos escapar, se é que podemos escapar)? Aceitar o fato de que a teologia - um discurso que nós fazemos porque 'cremos' - não possui autoridade, seja religiosa, seja racional, seja filosófica, seja científica, seja humana, seja teológica. Teologia não é Verdade. Teologia é busca, caminhada, peregrinação (já dizia um antigo teólogo: 'fides quaerens intellectum') que nunca termina, não tem ponto de chegada, apenas estações ao longo do caminho sempre inacabado.
E este é apenas o primeiro pit stop.
 

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