quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A vida segue desse jeito


O sonho é como uma ponte que nos possibilita atravessar os rios e até ares da vida.  Porque nessa vida, só temos uma certeza: nossa caminhada um dia será interrompida. Quando? Não sabemos e também não importa.  Gosto de ler uns trechos bíblicos, como o do sonhador Jeremias. Ele me faz pensar que vale a pena continuar sonhando e tendo esperança: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança (Lamentações 3.21)”  Esperança diária, esperança para cada dia, cada amanhecer.
Em especial, por acreditar que não há esperança mais gostosa do que saber que há um Deus gracioso, amoroso, que de tudo está cuidando, que por mim e por nós está zelando e que nada foge ao controle de suas mãos, apesar de nós e de nossas escolhas (muitas erradas). As alegrias são dádivas, as perdas são amostras de sua zelosa pedagogia, que num primeiro momento nos ensina a desapegar, para num segundo momento pedirmos. Nada nesta vida, nada é sem sentido, só precisamos encontrar o ensinamento ali contido: Seja agradável ou não, ruim ou bom, alegre ou feliz, dolorido ou prazeroso, encantador ou não... Em tudo e com tudo podemos e devemos aprender!

Afinal, um dia a gente sorri e em outro a gente chora, um dia a gente perde e em outro ganha, um dia agente é conquistada e em outro é esquecida, um dia amamos loucamente e no outro tudo acabou, num dia a vida parece um paraíso e no outro um inferno. A vida é dura, não é fácil, as pessoas erram, nós erramos, em um dia a gente se sente só, em outro não, em algum dia a gente não sente nada, só um vazio, em outro a gente vive intensamente gente, gente a alegre e feliz, cheia de amor, conquista. É a vida! E a vida segue, assim, desse jeito! Odete Liber


Momentos

Sabe aquele momento em que qualquer respiração mal sincronizada é capaz de tirar a sua paz, te tirar do sério?
Então, nesses momentos tenho aprendido que está mais do que na hora de aceitar o incerto da vida e ir atrás dos encantos que há escondidos em cada falha que guardamos dentro de nós.
Parafraseando Los Hermanos: e mesmo que tudo dê errado, mesmo assim, não tem problema. Eu deito no telhado de uma casa qualquer, olho pro céu e invento uma nuvem que chove sorrisos, bem em cima de mim. Ou salto, tentando tocar as nuvens!!! Até mais!!! ODete Liber


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Medo de que???

Estava lendo um texto em que este falava sobre o medo. E fiquei pensando quais são os meus medos. Na verdade não tenho muitos medos. Nunca tive medo escuro, de ficar sozinha, sair sozinha, brincar sozinha, nem de gente. Tanto que vou ao cinema, saio para tomar um café, passear, andar no shopping, tudo em minha companhia, sozinha. Não me amedronta a ideia de pensar que terei que mudar de cidade, estado ou país, pois vivi me mudando como uma peregrina. Também nunca tive medo mudar de oficio, de vida e rumo. Tanto que já fiz isso. Também não tenho medo da morte/de morrer, fome, desemprego. O que me dá medo é o fato de q eu, em algum momento venha a me anular, deixar de ser eu. Porque o se anular vai acontecendo inconscientemente, aos poucos e quando a gente vê, já nos colocamos em segundo ou terceiro ou até em último plano.
E sim, lógico, tenho medo. Tenho medo sim, de não perceber que muitas vezes não estou sendo eu mesma e de assim ficar atrofiada no interior de mim. Tenho medo de me perder, perder meus gostos, meu jeito, minha fala, meu sorriso, meu discurso, repreender as minhas vontades e anular meus prazeres.
Claro que tenho medo de ir contra o que acredito, aceitar o inaceitável, ceder quando não deveria. Tenho medo sim de deixar que as pessoas me invadam, abaixar a cabeça e não conseguir mais me reerguer, perder a voz e vez, caminhar atrás dos outros, de gostar do que não gosto, de parar de sonhar, perder a sensibilidade e com isso, viver como se estivesse morta. Tenho medo de deixar a vida apenas passar, me acostumar como ela está. E isso tudo sim, me dá medo. Disso tudo, eu tenho medo, muito medo. E com isso digo que é sempre bom cair em si, olhar pro interior e perceber que é preciso fazer algo conosco. Assumir o posto, ser o que se é e como se quer ser, resgatar nosso eu que ora naufragou, e nos priorizarmos outra vez.
É preciso perceber que se está morto ou vivo, já que na maioria das vezes a gente vai correndo aos poucos, se acostumando com o que não gosta, e cotidianamente, as vezes, escolhemos viver sem se dar conta de que simplesmente temos deixado as coisas, momentos passarem. É preciso tomar fôlego e nos salvar da morte, é preciso respirar fundo e buscar forças para retomar as rédeas e seguir em frente, como construtor/a da própria história de vida. Odete Liber


Tod@s temos asas para Voar

A gente sabe que os dias e a vida precisam de animação, de coisas novas, boas risadas, bom papo. Tem uma frase que diz: “Você vai ter que aprender que a vida só dá asas para quem não tem medo de cair.” (Kleber Martins). E outra que recebei e não sei a autoria (pode ser até eu kkk) “a vida só da asas a quem não tem medo de voar”. Penso o contrario. Tod@s temos asas e podemos voar, porém cabe a nós querer ou não voar. Digo isso porque o ser humano tem no coração o desejo de voar, sonhar, correr, ir além. Tudo bem, que as vezes isso fica apenas no desejo. Para o ser humano alcançar o infinito é quase uma meta, vislumbrar outros horizontes é algo fascinante. E a superação é algo prazeroso. Dentro desse voar e sonhar também se perde muito tempo apenas olhando para as dificuldades, consentindo a intromissão do pessimismo e do pouco anseio de mudar. Lógico que Viver é voar. Mas quanto tempo a gente não “abre as asas” e levanta voo? Ter asas e não voar, é triste, é como ter um copo de água ao lado e não poder beber. Quanta alegria e prazer desperdiçados devido a acomodação. Tod@s temos asas. E agora? Voar ou não? Abrir as asas e voar pressupõe coragem. Não é fácil! É aceitar correr riscos, possíveis quedas, aprender a ser resiliente. Quem não abre mão da busca do bem viver, abre as asas, ensaia voos e voa. No começo, voos rasantes; quedas, depois com o passar dos dias alturas são conquistadas e a vida e os voos passam a ter um sabor “delicioso”. Não é possível alçar voo sem se sair do local onde se está. E claro, as limitações de tempo e espaço não alteram o gosto por alturas, sonhos. Por isso, levantar voo dentro de nós mesmos “pode” ser o norte certo para contemplar outros horizontes e os pretextos minam os voos. Limitadores, medos sempre existirão, o desafio é seguir apesar deles ou parar e ficar com eles, mesmo sabendo que cada pessoas tem um mundo interior todo seu. Mas é isso e com isso que caminhamos: conosco. É com esse universo que interagimos. Que tal alçar voo da acomodação, da indiferença, do mau humor, da procrastinação. Os céus estão sendo ‘povoados’ por quem está ou já decidiu voar. Odete Liber

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



LUCAS 14.1,7-14 - Ser @ primeir@ ou @ últim@?



 Como é bonito quando nos reunimos em nome de Deus, como irmãs e irmãos da fé. Cada uma, cada um de lugares diferentes, de formas diferentes de crer e amar a Deus e de adorá-Lo. É o amor que nos proporciona esse encontro, amor que é intenso e, que, por isso, rompe barreiras. Amor que faz servir, que nos torna diaconisas e diáconos, razão porque mesmo sendo os últimos, somos os primeiros, pois no Reino de Deus há lugar para todos e todas.



Nosso texto bíblico para a nossa reflexão trata de regras, mas acima de tudo do servir. A busca pelos primeiros lugares que o texto menciona não deve ser tratada apenas como uma regra de etiqueta, mas levanta a questão sobre o nosso papel e sobre o nosso lugar na comunidade de fé.



Seria o nosso papel a busca pelos primeiros lugares apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? Ou apenas para servir o próximo? Ser o primeiro ou o último?



Sabemos que regras de etiqueta podem ser a redenção ou a perdição. Saber manuseá-las, usar a roupa certa, o gesto, atitude correta no momento correto pode nos livrar de algumas gafes. Falo de etiquetas e banquetes são parte do assunto dos versos 7-11 do texto de nossa predica.



Jesus estava numa ceia festiva, na casa de um dos líderes dos fariseus, era observado por todos e observava a todos. Ele notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares e, naturalmente, numa conversa, contou-lhes uma parábola:



“Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar...”



Jesus utiliza uma situação cotidiana como termo de comparação para trazer uma mensagem que vai muito além de uma simples regra de etiqueta. Ele fala sobre o Reino de Deus, o qual não admite discussão sobre quem é o maior, o mais importante ou quem merece o primeiro lugar. O núcleo é a questão dos últimos e dos primeiros, de quem serve e de quem é servido. O propósito é ilustrar os valores do Reino de Deus, a partir das regras de etiqueta, mas radicalizando-as ao absurdo, para mostrar que estes valores invertem as regras estabelecidas pela sociedade. O Reino de Deus é festa, é o banquete da ressurreição dos pobres, dos aleijados, coxos e cegos. O Reino de Deus é dos que pelas regras sociais estabelecidas estão a margem, é dos tolos e desvalidos, dos loucos e estropiados, das crianças, das mulheres, dos que fazem um desvairado carnaval escatológico invertendo as regras, vivendo a impossível exceção.



Os “últimos” no texto não indica apenas um lugar social, não é apenas o lugar em que se encontram os que são objetos da filantropia e da caridade. Os “últimos” não são um subproduto, dignos de pena, de dó, compaixão. Para o evangelho, os últimos são o eschaton, o fim da história, são a linha do horizonte, o fim de um mundo e o começo de um novo mundo. O lugar dos últimos é o lugar do juízo, onde o velho vira novo e a morte ressurge em vida, o lugar da graça e da maldição, por isso, lugar de epifania. É a margem que vira centro, que se torna o eixo em torno do qual gira o mundo.



A falta de conhecimento dos sábios e a fraqueza dos fortes não está em criar os últimos, ou então em criar a pobreza, a marginalidade, o desemprego, mas na sua incapacidade de pensá-los como margem, como periferia.



O texto de Hebreus, lido hoje, ressalta um aspecto do servir, da hospitalidade, afirmando que quem trata de um oprimido como se fosse oprimido tem a sorte de acolher anjos, mensageiros do novo, surpreendentes evangelistas. Com estas observações, creio que a parábola traz para nós um chamado que é o de estar com os últimos, escolher os últimos lugares junto a eles, permitindo que o novo se estenda além da linha do horizonte, pois a vida surge do outro lado de quem vive a morte.



Servir no seguimento de Jesus não se busca subir e dominar sobre os outros, mas procura-se justamente o orientar-se para baixo. Ser servidor/a e escravo/a de todos , e isto tem conseqüências. Ou seja, não se pode ter ou haver domínio de pessoas sobre pessoas.


Dessa forma, podemos responder a indagação: qual o nosso papel, qual é o nosso lugar na comunidade de fé? Será apenas para receber honra, mérito, reconhecimento? A resposta é NÃO. Estamos para servir, somos todas/os diaconisas e diáconos, somos feitos e chamados para servir. Somos chamados para alimentar com gestos concretos a esperança de que é possível construir uma sociedade justa, pois para isso não precisamos de regras de etiquetas, nem de poder, tampouco de cargos para exercer o serviço e a compaixão, que levam à encarnação no cotidiano dos empobrecidos. Servir representa para a Igreja e para as pessoas o esforço de construir mesas, como nos diz o professor e pastor Rodolfo Gaede Neto: 
 

Mesas como espaços abertos, para os quais as pessoas são convidadas sem prévia seleção; ou mesas que superam a barreira da velha lista dos iguais;
Mesas como espaços de partilha do pão, para que todas as pessoas possam comer e se fartar (o banquete da vida);
Mesas em que as pessoas se encontram com suas diferenças; aí todos e todas estão na mesma condição de convidados e convidadas do mesmo anfitrião, cabendo-lhes aceitarem-se e respeitarem-se mutuamente como irmãs e irmãos; superado o fundamentalismo e a inveja entre irmãos, poderá haver cooperação na causa comum da solidariedade; 
Mesas como espaços de reconciliação nos níveis social, econômico, político, cultural e religioso, como lugar de testemunho do projeto de Deus de reconciliação do seres humanos divididos


 Mas fica ainda a indagação: Como fazer isto no dia dia?


Todos e todas somos chamados/as a servir. Servir  não se resume em apenas doar alimentos, roupas, dinheiro. É mais que isso. Servir significa caminhar com quem sofre, ajudar alguém a levantar-se, ouvir @ outr@, orar pelo outr@, dar um abraço, um sorriso. Ninguém pode dizer que nada pode fazer para ajudar o outr@.



Todos/as os/as cristãos/ãs são chamados/as através do batismo a viverem o serviço, a diaconia naquilo que fazem e na maneira como vivem o seu dia-a-dia no mundo. Pois no servir ou na diaconia, tanto os/as que são servidos/as como os/as que servem são transformados. É nesse sentido que a pratica evangélica se converte para o mundo como um reflexo da antecipação do Reino de Deus. Deus nos abençoe! Odete Liber