domingo, 14 de julho de 2013

CERVEJAS NA ALEMANHA

Alemanha é o pais das cervejas...
Conta a história que Guilherme IV, duque da Baviera (região alemã onde está Munique), passou mal ao tomar cerveja (dor de cabeça, vomito, etc), e após esse fato,  no dia 23 de abril do longínquo ano de 1516, assinou a Reinheitsgebot, ou, para os íntimos, a Lei de Pureza da Cerveja, determinou que a cerveja  só poderia, apartir desta data, ser produzida utilizando-se apenas água pura, malte e lúpulo. O fermento, por sua vez, foi incluído nesta lei algum tempo mais tarde, uma vez que ainda não era conhecido. Guilherme tinha ótimos motivos para radicalizar. Até então, os cervejeiros da Baviera, na tentativa de “inovar” suas receitas, incluíam ingredientes bizarros na cerveja, como fuligem e cal, o que, provavelmente, teria causado a ressaca ducal.
Hoje, muitas cervejarias ainda seguem à risca a Reinheitsgebot, principalmente as alemãs e belgas, o que explica a excelência das brejas/cervejas produzidas nesses países. No Brasil, várias cervejarias artesanais também compartilham do mesmo ideal de Gulherme, como a Eisenbahn e a Falke, produzindo cervejas de qualidade indiscutível.
Eis o que diz a Reinheitsgebot, traduzida:
"Como a cerveja deve ser elaborada e vendida neste país, no verão e no inverno: Decretamos, firmamos e estabelecemos, baseados no Conselho Regional, que daqui em diante, no principado da Baviera, tanto nos campos como nas cidades e feiras, de São Miguel até São Jorge, uma caneca de 1 litro (1) ou uma cabeça (2) de cerveja sejam vendidos por não mais que 1 Pfennig da moeda de Munique, e de São Jorge até São Miguel a caneca de 1 litro por não mais que 2 Pfennig da mesma moeda, e a cabeça por não mais que 3 Heller (3), sob as penas da lei. Se alguém fabricar ou tiver cerveja diferente da Märzen, não pode de forma alguma vende-la por preço superior a 1 Pfennig por caneca de 1 litro . Em especial, desejamos que daqui em diante, em todas as nossas cidades, nas feiras, no campo, nenhuma cerveja contenha outra coisa além de cevada, lúpulo e água. Quem, conhecendo esta ordem, a transgredir e não respeitar, terá seu barril de cerveja confiscado pela autoridade judicial competente, por castigo e sem apelo, tantas vezes quantas acontecer. No entanto, se um taberneiro comprar de um fabricante um, dois ou três baldes (4) de cerveja para servir ao povo comum, a ele somente, e a mais ninguém, será permitido e não proibido vender e servir a caneca de 1 litro ou a cabeça de cerveja por 1 Heller a mais que o estabelecido anteriormente.”
Guilherme IV, duque da Baviera, no dia de São Jorge (23 de abril), no ano de 1516, em Ingolstadt"
 
 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

BERLIN


Desde a reunificação alemã, em 1990, Berlim tornou-se um ponto turístico cada vez mais popular. História convive com arte, cultura, tecnologia, boemia e política. Além de ser capital alemã, é a mais importante cidade-estado do país.

O centro histórico da cidade fica ao longo da avenida Unter den Linden com construções barrocas e neoclássicas, e na Ilha dos Museus, local de uma impressionante coleção de museus dos séculos 19 e 20. Ao sul da Unter den Linden fica o Checkpoint Charlie, herança da cidade dividida durante a Guerra Fria. O amplo espaço verde do Tiergarten e a Kurfürstendamm, centro da Berlim Ocidental, ficam a oeste.

Nos arredores encontram-se os magníficos palácios de Potsdam, hoje quase um subúrbio de Berlim. Nós fomos ao  Brandenburger Tor (Portão de Brandemburgo), Reichstag que é a sede do Parlamento alemão e fica na Platz der Republik, ao lado do Portão de Brandemburgo, Fernsehturm (Torre da Televisão)na Alexanderplatz, andamos pela Unter den Linden que é a rua mais famosa de Berlim (foi construída em 1647 para que servisse como ligação entre o castelo na cidade (Stadtschloss) e o parque Tiergarten, que ficava além dos muros de Berlim),Seguindo pela Unter den Linden, você passa por outros prédios históricos, como a Deutsche Staatsoper (Ópera), ao lado da Babelplatz, aberta de seg/sex das 10h-18h, sábados, domingos e feriados das 14h-20h. Em estilo rococó, o teatro lembra um templo coríntio, sendo um dos mais populares de Berlim. À sua frente, está a Humboldt Universität. Construída entre 1748 e 1766, teve alunos ilustres como Marx, Planck, Einstein e os irmãos Grimm. Também perto da universidade (à esquerda) fica a Neue Wache, monumento construído em 1931 em homenagem aos heróis da 1ª Guerra Mundial, um memorial às vítimas do fascismo. Mais adiante está o Deutsches Historisches Museum, um dos principais museus sobre a História da Alemanha. Depois vimos a Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche Breitscheidplatz. Esta igreja, construída em 1895, é o símbolo mais conhecido de Berlim ocidental. Foi severamente bombardeada em 22 de novembro de 1943, e sua ruína manteve-se preservada. Um campanário de 53m de altura e com 6 sinos foi construído ao seu lado.

Berliner Mauer (Muro de Berlim) A maior atração da cidade não existe mais, para alegria (da maioria) dos berlinenses e do resto do mundo. Construído em 13 de agosto de 1961, o muro separou um mesmo povo em duas diferentes e distintas cidades: de um lado, socialista e de outro, capitalista. Berlim ocidental era praticamente uma ilha dentro da República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental. Talvez um dos momentos mais significativos do século 20 tenha sido sua queda, 28 anos mais tarde, em 9 de novembro de 1989. Alguns pedaços do muro foram preservados, podendo ser encontrados pela cidade em vários locais: na Potsdamer Platz, dentro do Europa Center, no Ckeckpoint Charlie, perto da estação U1 Warschauerstrasse (maior trecho, uma verdadeira galeria a céu aberto) e dentro do cemitério Sophien Friedhof (abre das 8h-18h), na esquina das ruas Ackerstrasse e Bernauerstrasse (metrô S1 estação Nordbahnhof). Não se surpreenda caso encontrar ainda outro pedaço de muro perdido por Berlim. Em algumas ruas, há uma linha de paralelepípedos vermelhos, indicando onde a cidade era dividida.

Deutsche Dom (Catedral Alemã) Apesar do nome, é um museu com a exposição permanente "Questões da História Alemã" espalhada pelos seus 3 primeiros andares.

Rotes Rathaus (Prefeitura) O prédio foi construído entre 1869 e 1891, sendo o centro do Senado de Berlim desde 1991. Não é permitida a entrada. Vale a visita pela fachada, lembrando o comunismo pela cor.

Potsdamer Platz (Praça) Região conhecida antes da queda do Muro como terreno morto, ou terra de ninguém, por não pertencer a nenhum país. É onde se localiza o Centro Sony, um complexo de arquitetura moderna com shopping center, cafés e cinemas. ]Schloss Bellevue Residência do presidente alemão. Fica na Bellevueufer, na margens do rio Spree, dentro do parque Tiergarten. A bandeira hasteada no centro do prédio significa que o presidente está em casa.

Nikolaiviertel (Quarteirão) Atrás da Prefeitura. Nas margens do rio Spree, é a parte mais velha da cidade, onde Berlim começou. Parece que o tempo parou ali. A construção foi fiel às primeiras casas e um fim de tarde tomando uma Berliner Weiße faz você voltar ao passado. A Nikolaikirche é a mais antiga construção de Berlim e a maior do quarteirão.

O Pergamonmuseum Bodestrasse  foi o primeiro a ser visitado. Imenso.  O prédio é dividido em três diferentes museus: Coleção de antiguidades, com o altar da cidade de Pergamon (séc. II a.C.) na Turquia, o portão do mercado de Mileto (séc. II d.C.), esculturas gregas, romanas e mosaicos. Museu da Ásia Menor, com o portão de Ishtar da Babilônia, fachada de tijolos do templo da deusa Innana em Uruk (cultura suméria) e relevos do palácio de Assumersipal II em Kulchu (séc. VIII a.C.). Museus de arte islâmica, com a fachada do castelo de Mhatta, paredes decoradas de uma casa em Aleppo (Síria) e pinturas. Abre de ter/dom das 9h-18h.

Altes Museum Entrada pelo Lustgarten. Construção em estilo romântico clássico. Abriga por hora coleções da Alte National Galerie, pinturas do século 19.

Alte National Galerie Entrada pela Bodestrasse 1-3. Uma das maiores coleções de pintura da Alemanha. Obras de Feuerbach e Menzel, além de Manet, Degas e Coubert.

Neues Museum Atrás do Altes Museus e próximo da National Galerie.

Bodemuseum é um museu egípcio, com uma coleção de papiros, artes bizantina e cristã, além de pintura dos séc. 13 a 18.

Topographie des Terrors (Topografia do Terror) Niederkirchnerstrasse esquina Wilhelmstrasse. Era o local onde ficava o escritório central da Gestapo e da SS, documentando os crimes nazistas. Planos de genocídio, perseguição e morte de judeus foram arquitetados neste local.

Berliner Dom (Catedral de Berlim) Unter den Linden. Ao lado do Altes Museum. Construída em 1904 para ser a principal igreja dos protestantes prussianos em Berlim, abriga também uma cripta com 95 tumbas da família real Hohenzollern.

Mariekirche Unter den Linden É a segunda construção sacra mais antiga da cidade. Iniciada em 1270, apresenta em seu interior o afresco Totentanz- Dança da morte de 2m de altura e 22,6m de comprimento referente à peste negra do séc. 15.

Neue Sinagoge Oranienburger Strasse 39. Incendiada pelos nazistas na famosa Noite de Cristal (9 de novembro de 1938) e totalmente destruída durante a 2ª Guerra Mundial, no local foram reunidos 500 mil judeus antes de serem deportados aos campos de concentração. Hoje se mantém protegida pela polícia. À tarde, quando o sol bate na cúpula dourada, a sinagoga mostra toda a sua beleza.















 






 

domingo, 7 de julho de 2013

Kassel

Kassel: obra de arte e conto de fadas.

Cidade que se tornou centro das atenções no mundo da arte contemporânea, com a documenta. Kassel é também uma das mais interessantes atrações culturais da Alemanha, devido à herança dos irmãos Grimm. Uma cidade que sempre soube combinar tradição com inovação, que tem um dos mais belos parques na Alemanha, o Wilhelmshöhe, e um símbolo como nenhuma outra: o Hércules.
Era uma vez... dois irmãos que viveram em Kassel durante muitos anos e ali criaram obras inesquecíveis como a grande coletânea de contos de fadas e fábulas infantis, e a "Gramática Alemã" ("Deutsche Grammatik"). E como eles eram tão famosos, sua memória é preservada em Kassel até hoje – com o museu a eles dedicado (Brüder-Grimm-Museum), as comemorações de aniversários e datas memoráveis, congressos e exposições. Há 200 anos, foi publicado o primeiro livro de fábulas dos irmãos Wilhelm e Jacob Grimm, que alcançaram grande reputação também como linguistas, historiadores e democratas engajados.























 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Uma voz clama no deserto: Fé na ousadia de Deus! (Mc 1,1-8) - Odete Adriano

Uma voz clama no deserto: Fé na ousadia de Deus! (Mc 1,1-8) - Odete Adriano
O "evangelho" de Jesus não vem dos palácios
Os primeiros versos do Evangelho segundo Marcos retomam a profecia do Antigo Testamento e a conduzem ao Novo, ao evento do Espírito. O Espírito perfaz o novo! Marcos ressalta que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Boa Nova da salvação para a humanidade. Como o mensageiro antigo (Isaías 52,7), João Batista proclama o alegre anúncio, que culmina em Jesus (Marcos 1,14-15) e ressoa nas comunidades cristãs como apelo a anunciar a mensagem de libertação no mundo inteiro (Marcos 13,10; 14,9).
Sabe-se que, para o evangelista, as palavras e ações de Jesus são "evangelho". "Evangelho" é uma palavra que era utilizada pelas autoridades para anunciar as suas ações. Contudo, para o evangelista Marcos, o "evangelho" de Jesus não vem dos palácios, mas da periferia de Nazaré (W. Marxen). O evangelho é alegria, não é imposto, como o evangelho imperial. Aqui nos é apresentado Jesus Cristo como "Filho de Deus", uma expressão que é central para o Evangelho segundo Marcos (cf. Marcos 1,11; 15,39).
Em seguida, Marcos 1,2-8 apresenta o precursor, João Batista. Jesus está na linha da profecia! João Batista é o profeta anunciado em Isaías. Restaura Israel a partir do deserto, como Moisés o fez com o povo que saiu do Egito, como tinha sido a prática de Elias no Horebe. João Batista, o profeta, tem seu foco no deserto. Para a história de Israel, o deserto é símbolo de vida, de resistência, vida restaurada, nova.
A profecia de João Batista apela à conversão, ao arrependimento. Isso é antiga tradição profética. O arrependimento é o eixo da renovação.
 
Fé na renovada ousadia de Deus e olhos fixos no futuro
O povo de Deus sempre teve os olhos fixos no futuro, com esperança na vinda definitiva do Senhor (Isaías). Marcos nos chama a olhar à nossa volta e enxergar dentro de nossa história a vinda de Deus: João é o novo Elias (1 Reis 1,8), isto é, a profecia que volta a ser proclamada, o povo se reúne e se organiza para recomeçar como nos tempos do "deserto", enquanto os poderosos se abalam por se sentirem desmascarados (Mateus 3,7). Em Jesus de Nazaré, é Deus mesmo quem opera a restauração das pessoas.
Assim como se deu com Elias, João foi perseguido e morto covardemente, mas a palavra ressurge em Jesus (Marcos 1,14-15; 6,16). Também Jesus foi perseguido e assassinado, mas a caminhada da Palavra prossegue com seus discípulos e discípulas.
Ouvir de Elias, de João, de Jesus... é ouvir falar da renovada ousadia de Deus, a ousadia da liberdade, que não aceita calar-se nunca, nem teme os poderosos do mundo. Sempre de novo a Palavra ressurge para anunciar que são possíveis "novos céus e nova terra" (2 Pedro 3,13; Marcos 1,9-13; 9,2-13). A Palavra volta a levantar-se para denunciar os obstáculos que se antepõem ao propósito de Deus e proclamar que só há uma maneira de viver nessa nova realidade: "endireitar" os caminhos, reconhecer os erros pessoais e coletivos, refazer as relações pelo perdão, a igualdade e a partilha (Lucas 3,10-14). Aí, sim, o "deserto" se transforma em larga estrada, em jardim do Senhor.
O deserto era o lugar onde frequentemente se refugiava quem se sentia à margem do sistema e se punha na oposição. Lá estavam os essênios, pessoas que romperam com o templo e se consideravam vanguarda do novo povo. Para lá se dirigia quem se proclamava profeta ou messias e pretendia organizar a resistência popular. Por lá andavam guerrilheiros (sicários, zelotas) e bandidos. O movimento de João é de protesto e resistência, por isso foi preso e morto. Herodes o temia.
Batismos e rituais de purificações eram práticas comuns no ambiente dos fariseus e dos essênios. No movimento de João não são os sacrifícios que purificam do pecado, mas a confissão e o arrependimento, a mudança de vida. O povo não peregrina em direção ao templo, mas sai das cidades, como num êxodo, em direção ao deserto. É como se fosse preciso sair de novo do Egito, "a casa da servidão". E, pelo Jordão, entrar na Terra Prometida. Sob a expressão "remissão dos pecados" está escondida a antiga esperança da "remissão das dívidas" prevista para o Ano do Jubileu (Levítico 25). O novo tempo anunciado por João é a possibilidade, com Jesus, de restauração radical da convivência do povo em sociedade, segundo os ideais da igualdade e da justiça. Para isso é que se prevê a "imersão" (batismo) no Espírito Santo. Será como passar pelo fogo (Mateus 3,11; Malaquias 3,2) que purifica e destrói, para que algo novo possa surgir. Essa novidade era esperada desde o final do exílio na Babilônia e é dela que falavam profetas e profetisas no grupo de discípulos de Isaías (Is 40-66).
 
Deus sabe o caminho que devemos andar
João Batista, o precursor, propõe a conversão como meio para preparar o caminho do Senhor e acelerar a chegada de um mundo novo de justiça. Deus caminha pelo deserto da história, ensinando-nos a endireitar as veredas através de gestos solidários de amor e paz.
Dietrich Bonhoeffer dizia: "Eu não entendo os Teus caminhos, Senhor. Mas Tu sabes os caminhos que devo andar!" E é verdade! Deus sabe o caminho que devemos andar. Sabe, quanto mais procuro vivenciar e entender as coisas que Deus quer de mim, mais me surpreende o quanto Deus vem ao meu, ao nosso encontro nas áreas mais essenciais e carentes da vida: "significado, pertencimento, saúde, liberdade e comunidade". É que Deus - que é um Deus de amor e, consequentemente, de salvação - vem ao nosso encontro nas áreas mais necessitadas da existência humana e comunitária.
Por isso, "Ficai atentos, preparem-se". Ficai Atentos! A Esperança não pode esmorecer, mas resistir. Esperança Teimosa! Nascida do discernimento. Construída mesmo no tempo de sofrimento e esmorecimento! O tempo que vivemos é tempo de resistir pela solidariedade ao egoísmo e ao individualismo que nos consomem. Ser sensível é ser humano! Olhar o mundo sem indiferença. Com compaixão e afeto que movam à transformação! Vivamos intensamente este tempo! Pois este período nos  ensina: Não canse de esperar, o que esperamos vai chegar!

domingo, 23 de junho de 2013

Cancion Para Mi America

Canción para mi América (Daniel Viglietti)
Dale tu mano al indio Dale que te hará bien
Y encontrarás el camino Como ayer yo lo encontré
Dale tu mano al indio Dale que te hará bien
Te mojara el sudor santo De la lucha y el deber
La piel del indio te enseñará Toda las sendas que habrás de andar
Manos de cobre te mostrarán Toda la sangre que has de dejar
Dale tu mano al indio Dale que te hará bien
Y encontrarás el camino Como ayer yo lo encontré
Es el tiempo del cobre Mestizo, grito y fusil
Si no se abren las puertas El pueblo las ha de abrir
América esta esperando Y el siglo se vuelve azul
Pampas, ríos y montañas Liberan su propia luz
La copla no tiene dueño Patrones no más mandar
La guitarra americana Peleando aprendió a cantar
Dale tu mano al indio Dale que te hará bien

" Todas las voces " Mercedes Sosa


sexta-feira, 21 de junho de 2013

“Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos”! Salmos 90:17

Seja você mesm@


 Se você está procurando crescer, observe os outros, mas jamais procure agir exatamente como eles. Cada pessoa tem um caminho diferente nesta vida. Não nos transformamos em mestres porque sabemos repetir o que os mestres fazem, mas porque aprendemos a pensar por nós mesmos. Descubra sua própria luz ou passará o resto da vida sendo um pálido reflexo da luz alheia.
Esse princípio de vida é fundamental para o seu crescimento profissional dentro de uma empresa. Até que ponto você deve pedir ajuda ao seu gerente ou diretor? Até que ponto o seu comportamento não está fazendo com que você seja apenas uma sombra no seu ambiente de trabalho e, quem sabe, também na vida familiar?
 
Assumir a responsabilidade pelo que faz e sentir-se seguro para tomar as próprias decisões é um processo de aprendizado, que deve ser praticado. É importante que você siga o exemplo das pessoas a quem respeita, confia e admira, mas vai chegar o momento em que você terá de ser você mesmo e tomar suas próprias decisões. Só assim poderá crescer e descobrir a sua capacidade! Você não vai se transformar em gerente porque copia o que o seu gerente faz. É preciso que você aprenda a pensar e a agir por você mesmo.
 
 

domingo, 16 de junho de 2013

O ser humano como nó de relações totais

 

 
    Em 1845 Karl Marx escreveu suas famosas 11 teses sobre Feurbach, publicadas somente em 1888 por Engels. Na sexta tese Marx afirma algo verdadeiro mas reducionista:”A essência humana é o conjunto das relações sociais”. Efetivamente não se pode pensar a essência  humana fora das relações sociais. Mas ela é muito mais que isso pois resulta do conjunto de suas relações totais.
Descritivamente, sem querer definer a essência humana, ela emerge como um nó de relações voltadas para todas as direções: para baixo, para cima, para dentro e para fora. É como um rizoma, aquele bulbo com raízes em todas as direções. O ser humano se constrói na medida em que ativa este complexo de relações, não somente as sociais.
Em outros termos, o ser humano se caracteriza por surgir como  uma abertura ilimitada: para si mesmo, para o mundo, para o outro e para a totalidade. Sente em si uma pulsão infinita, embora encontre somente objetos finitos. Daí a sua permanente implenitude e insatisfação. Não se trata de um problema psicológico que um psicanalista ou um psiquiatra possa curar. É sua marca distintiva, ontologógica, e não um defeito.
Mas aceitando a indicação de Marx, boa parte da construção  do humano se realiza, efetivamente, na sociedade. Daí a importância de considerarmos qual seja a formação social que melhor cria as condições para ele poder desabrochar mais plenamente nas mais variadas relações.
Sem oferecer as devidas mediações, diria que a melhor formação social é a democracia: comunitária, social, representativa, participativa, debaixo para cima e que inclua a todos sem exceção. Na formulação de Boaventura de Souza Santos, a democracia deve ser ser sem fim. Temos a ver com um projeto aberto, sempre em construção que começa nas relações dentro da família, da escola, da comunidade, das associações, dos movimentos, das igrejas e culmina na organização do estado.
Como numa mesa, vejo quatro pernas que sustentam uma democracia mínima e verdadeira, como tanto acentuava em sua vida Herbert de Souza (o Betinho) e que juntos em conferências e debates, procurávamos difundir entre prefeitos e lideranças populares.
A primeiro perna reside na participação: o ser humano, inteligente e livre, não quer ser apenas beneficiário  de um processo mas ator e participante. Só assim se faz sujeito e cidadão. Esta participação deve vir de baixo para não excluir ninguém.
A segunda perna consiste na igualdade. Vivemos num mundo de desigualdades de toda ordem. Cada um é singular e diferente. Mas a participação crescente em tudo impede que a diferença se transforme em desigualdade e permite a igualdade crescer. É a igualdade no reconhecimento da dignidade de cada pessoa e no respeito a seus direitos que sustenta a justiça social. Junto com a igualdade vem a equidade: a proporção adequada que cada um recebe por sua colaboração na construção do todo social.
A terceira perna é a diferença. Ela é dada pela natureza. Cada ser, especialmente, o ser humano, homem e mulher, é diferente. Esta deve ser acolhida e respeitada como manifestação das potencialidades próprias das pessoas, dos grupos e das culturas. São as diferenças que nos revelam que podemos ser humanos de muitas formas, todas elas humanas e por isso merecedoras de respeito e de acolhida.
A quarta perna se dá na comunhão: o ser humano possui subjetividade, capacidade de comunicação com sua interioridade e com a subjetividade dos outros; é um  portador de valores como  solidariedade, compaixão, defesa dos mais vulneráveis e de diálogo com a natureza e com a divindade. Aqui aparece a espiritualidade como aquela dimensão da consciência que nos faz sentir parte de um Todo e como aquele conjunto de valores intangíveis que dão sentido à nossa vida pessoal e social e também a todo o universo.
Estas quatro pernas  vem sempre juntas e equilibram a mesa, vale dizer, sustentam uma democracia real. Ela nos educa a sermos co-autores da construção do bem comum; em nome dele aprendemos a limitar nossos desejos por amor à satisfação dos desejos coletivos.
Esta mesa de quatro pernas não existiria se não estivesse apoiada no chão e na terra. Assim a democracia não seria completa se não  incluisse a natureza que tudo possibilita. Ela fornece a base físico-química-ecológica que sustenta a vida e a cada um de nós.  Pelo fato de terem valor em si mesmos, independente do uso que fizermos deles, todos os seres são portadores de direitos. Merecem continuar a existir e a nós cabe respeitá-los eentendê-los como concidadãos. Serão incluidos numa democracia sem fim sócio-cósmica. Esparramdo em todas estas dimensões realiza-se o ser humano na história, num processo ilimitado e sem fim.
Leonardo Boff é autor de O destino do homem e do mundo, Vozes 2000.