É
caminhando que se faz o caminho - Lucas
13;31-35
Estamos na quaresma, tempo em que acompanhamos a
caminhada de Jesus (v.33) rumo a Jerusalém. É um período propício para
refletirmos sobre a nossa caminhada como Crist@s, como discipul@s de
Cristo. É tempo de repensarmos e, quem
sabe, de refazermos nossa caminhada rumo a Jerusalém. Afinal, é preciso
caminhar com convicção da missão que temos como cristãos e cristãs, é preciso
assumir a missão até o fim e, como foi dito no domingo passado, ser cristão
muitas vezes não é fácil, não é ser rico, poderoso e, sim, enfrentar as lutas e
desafios que nos aparecem ao longo da caminhada.
Quantas coisas e fatos nos amedrontam e, às vezes, nos
desanimam, mas é preciso caminhar, seguir adiante, pois Deus nos ajunta como a
galinha ajunta seus pintinhos debaixo de suas asas.
O essencial nesse texto biblico é que o caminho dos
seguidores de Jesus é o mesmo d’Ele: os seguidores, @s discipul@s podem ter o
mesmo destino do mestre. O destino de Jesus em Jerusalém é a rejeição por causa
do caminho que Ele seguiu, ou seja, sua opção de vida, como registrada em Lucas
4:17-19:
17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o
lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, pois
que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do
coração, 19 a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista
aos cegos, a por em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
Jesus, para cumprir sua missão com êxito, demonstra
que tem paciência e infinito amor para salvar todas as pessoas pecadoras (ou
seja, todos nós), pois seu desejo é que ninguém se perca, porém, esse caminho é
de mão dupla: por uma via Jesus oferece gratuita e amorosamente a salvação e,
por outra, a pessoa deve desejar ser salva, precisa, a partir de seu encontro
com Jesus, “buscar o Reino de Deus e a sua justiça”.
Jesus propõe o Reino que
liberta e dá vida. E isso deve acontecer não com violência ou com imposição. É
preciso servir e não dominar!
A morte de Jesus aconteceu
para cumprir os desígnios do Reino de Deus. E esta morte não foi um fracasso e,
sim, um êxito, uma vitória, a qual é demonstrada pelos Evangelhos por meio das
curas e expulsão de demônios, que são sinais também do Reino de Deus.
A presença de Deus pode
abandonar os lugares santos. Vários textos bíblicos, como, por exemplo, o
próprio verso 35. A sorte de Jesus transformara o destino da vida dos seres
humanos, porque de inimigos passaram a amigos, pois com Jesus é sempre tempo de
reencontro.
O que interessa é que
Jesus foi rejeitado, mas cumpre sua missão. E a igreja tem sido sinal do reino?
E nós? Você tem cumprido seu papel como discípul@ de Jesus?
Vale ressaltar que seguir
a Jesus é muitas vezes ser rejeitado, porque os discipul@s andam na contramão
da sociedade. É literalmente fazer a diferença evangelizando, curando, pregando
e anunciando o ano aceitável do Senhor.
A subida a Jerusalém
depende da descida à periferia, inclusive aos marginalizados.
Na caminhada com Jesus,
somos desafiados para a prática da solidariedade com as pessoas sofridas:
mulheres, homens doentes, crianças abandonadas, idosos solitários, afastados,
pessoas desiludidas da vida e tantos outr@s.
Não podemos ficar alhei@s
ao mundo. A casa não pode ficar deserta, porque logo será propriedade
abandonada. Como filh@s, discipul@s de Deus é preciso caminhar, andar pelos
caminhos da vida, através dos quais Deus mesmo se achega e ingressa na vida das
pessoas. É preciso compromisso
exclusivamente com o Reino de Deus, para não nos deixarmos intimidar e nem
desviar do caminho. Quem não consegue seguir o caminho enfrentando os inimigos
acaba sendo inimigo do Reino, os quais, em Filipenses 3:18-19 são chamados inimigos da cruz, que têm
como destino a perdição. No domingo passado também ouvimos um pouco sobre o que é
ser profeta de Deus, inclusive que ser profeta é muitas vezes ser rechaçado.
Não podemos ser como
Jerusalém, que era o lugar escolhido por Deus para ali fazer habitar o seu
nome, símbolo da presença de Deus e da proximidade com Deus e ao mesmo tempo
cidade que mata os profetas a ela enviados. Jerusalém era a cidade que refletia
a presença de Deus e que abrigava quem conhecia os caminhos de Deus, mas também
não percebeu quando Deus lhe falava através de seus enviados. Não percebeu
Jesus.
Jesus morreu ‘em’ e ‘por’
intermédio de Jerusalém, porque Ele era e é o enviado especial para trazer a
nossas vidas a presença e o abrigo de Deus. O texto nos diz que diversas vezes
Deus se dirigiu as pessoas e estas não ouviram os seus enviados. É preciso
avaliar nossa ação, afinal, Deus usa a nossa comunidade para servir de abrigo
aos que precisam, para acolher as pessoas desamparadas e a comunidade deve
lembrar que ela precisa das asas protetoras de Deus.
A imagem da galinha é
aplicada ao Deus protetor, que também se refere ao templo, que é lugar de
proteção e presença divina. É também a imagem feminina e maternal, que assegura
a proteção e ternura aos seres humanos recém nascidos. É a descrição da graça,
a grande novidade do Reino.
Não nos agarramos a Deus
primeiro, é Deus quem nos protege. Jesus diz: “Eu quis ajuntar”. Os pintinhos
se perdem, piam, gritam e a mãe os chama. Deus nos chama!
A comunidade de fé,
formada por tod@s nós deve ser espaço, o abrigo para os pintinhos perdidos
(afinal quantas vezes nos sentimos como pintinhos perdidos, desprotegidos). A
comunidade de fé, as pessoas que confessam sua fé em Jesus Cristo e o seguem,
podem ensaiar solidariedade e anunciar a presença viva de Deus conosco. Membros
em perigo a mãe – Deus ajunta e protege. Dá sua vida por eles, que é o que
Jesus fez por nós.
Encontrei uma história
muito bonita, sob o titulo “Debaixo de suas asas”
“Após um incêndio no
parque nacional Yellowstone dos Estados Unidos, começou a tarefa de limpeza e
avaliação dos danos. Um guarda florestal ia caminhando pelo parque, quando
encontrou uma ave carbonizada ao pé de uma árvore, numa posição bastante
estranha, pois não parecia que morrera escapando, nem que fora apanhada,
simplesmente estava com suas asas fechadas ao redor do corpo. O guarda
intrigado, encostou nela suavemente com uma vara; 3 pequenos filhotes vivos
apareceram debaixo das asas da mãe. Mãe que sabia que seus filhotes vivos não
poderiam escapar do fogo, por isso não os abandonou, nem os levou para o ninho
sobre a arvore, onde a fumaça subiria e
o calor se acumularia. Levou-os para debaixo da arvore, provavelmente um por
um, e ali ofereceu a sua vida, para salvar a vida deles. Podem imaginar a cena?
O fogo rodeando, os filhotes assustados e a mãe muito decidida transmitindo
paz, dizendo-lhes: “Não tema, venham par debaixo de minhas asas e nada lhes
acontecerá”. E os filhotinhos estavam tão seguros e protegidos do fogo, que horas depois do
incêndio terminado ainda não tinham saído de lá. Estavam totalmente confiantes
na proteção da mãe, somente após o encostar do guarda no corpo morto da mãe, é
que pensaram que deveriam sair.”
Tens a quem amar
assim? És capaz de amar o irmão de fé? Alguém
tem te amado assim? Quem encontra um motivo pelo qual vale a pena viver,
encontra um motivo pelo qual vale a pena dar a vida. E seguir a Cristo vale a
pena!
Pois a vinda de Jesus,
com Jesus a caminho, caminhando, é o modo como Deus ingressa na vida das
pessoas, é como Ele ingressou na minha vida, me encontrou e passamos a caminhar
juntos.
Quaresma é tempo de
acompanhar Jesus na sua caminhada para Jerusalém. A serviço. Sem desvios. É
caminhar: com coragem e firmeza de fé, com o objetivo certo: o Reino de Deus,
não a promoção pessoal; obediente a Deus e não ao poder do mundo; com
solidariedade aos sofrid@s e não pensar que não tem mais nada a fazer, que já é
tarde, porque para Deus nunca é tarde; sem pensar em deixar para os outros ou
pensar que a mudança vai tardar; é caminhar com a certeza das asas protetoras
da mãe e na confiança: nossa pátria esta nos céus, de onde aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Caminhar confiando que Deus está conosco,
apesar da caminhada muitas vezes não ser fácil e a conscientização de que há um
“tarde demais”.
Deus nos abençoe e guarde
com suas asas protetoras. Que Deus toque nossos olhos para que possamos
enxergar a beleza da vida e a dor dos que sofrem, toque nossos ouvidos para que
possamos ouvir o clamor das pessoas, toque nossa boca para que possamos levar
adiante a sua mensagem, toque nossas mãos para que possamso ofertar com
disposição, toque nossa vida para que o Espírito Santo possa nos envolver,
toque nosso coração e nos permita sentir seu amor e sejamos forte para seguirmos o caminho, andar
pelos caminhos da vida, com o compromisso radical com quem sofre e passa
necessidades. Odete Liber
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