sexta-feira, 5 de abril de 2019

É caminhando que se faz o caminho


É caminhando que se faz o caminho - Lucas 13;31-35
Estamos na quaresma, tempo em que acompanhamos a caminhada de Jesus (v.33) rumo a Jerusalém. É um período propício para refletirmos sobre a nossa caminhada como Crist@s, como discipul@s de Cristo.  É tempo de repensarmos e, quem sabe, de refazermos nossa caminhada rumo a Jerusalém. Afinal, é preciso caminhar com convicção da missão que temos como cristãos e cristãs, é preciso assumir a missão até o fim e, como foi dito no domingo passado, ser cristão muitas vezes não é fácil, não é ser rico, poderoso e, sim, enfrentar as lutas e desafios que nos aparecem ao longo da caminhada.
Quantas coisas e fatos nos amedrontam e, às vezes, nos desanimam, mas é preciso caminhar, seguir adiante, pois Deus nos ajunta como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo de suas asas.
O essencial nesse texto biblico é que o caminho dos seguidores de Jesus é o mesmo d’Ele: os seguidores, @s discipul@s podem ter o mesmo destino do mestre. O destino de Jesus em Jerusalém é a rejeição por causa do caminho que Ele seguiu, ou seja, sua opção de vida, como registrada em Lucas 4:17-19:
17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a por em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
Jesus, para cumprir sua missão com êxito, demonstra que tem paciência e infinito amor para salvar todas as pessoas pecadoras (ou seja, todos nós), pois seu desejo é que ninguém se perca, porém, esse caminho é de mão dupla: por uma via Jesus oferece gratuita e amorosamente a salvação e, por outra, a pessoa deve desejar ser salva, precisa, a partir de seu encontro com Jesus, “buscar o Reino de Deus e a sua justiça”.
Jesus propõe o Reino que liberta e dá vida. E isso deve acontecer não com violência ou com imposição. É preciso servir e não dominar!
A morte de Jesus aconteceu para cumprir os desígnios do Reino de Deus. E esta morte não foi um fracasso e, sim, um êxito, uma vitória, a qual é demonstrada pelos Evangelhos por meio das curas e expulsão de demônios, que são sinais também do Reino de Deus.
A presença de Deus pode abandonar os lugares santos. Vários textos bíblicos, como, por exemplo, o próprio verso 35. A sorte de Jesus transformara o destino da vida dos seres humanos, porque de inimigos passaram a amigos, pois com Jesus é sempre tempo de reencontro.
O que interessa é que Jesus foi rejeitado, mas cumpre sua missão. E a igreja tem sido sinal do reino? E nós? Você tem cumprido seu papel como discípul@ de Jesus?
Vale ressaltar que seguir a Jesus é muitas vezes ser rejeitado, porque os discipul@s andam na contramão da sociedade. É literalmente fazer a diferença evangelizando, curando, pregando e anunciando o ano aceitável do Senhor.
A subida a Jerusalém depende da descida à periferia, inclusive aos marginalizados.
Na caminhada com Jesus, somos desafiados para a prática da solidariedade com as pessoas sofridas: mulheres, homens doentes, crianças abandonadas, idosos solitários, afastados, pessoas desiludidas da vida e tantos outr@s.
Não podemos ficar alhei@s ao mundo. A casa não pode ficar deserta, porque logo será propriedade abandonada. Como filh@s, discipul@s de Deus é preciso caminhar, andar pelos caminhos da vida, através dos quais Deus mesmo se achega e ingressa na vida das pessoas.  É preciso compromisso exclusivamente com o Reino de Deus, para não nos deixarmos intimidar e nem desviar do caminho. Quem não consegue seguir o caminho enfrentando os inimigos acaba sendo inimigo do Reino, os quais, em Filipenses 3:18-19 são chamados inimigos da cruz, que têm como destino a perdição. No domingo passado também ouvimos um pouco sobre o que é ser profeta de Deus, inclusive que ser profeta é muitas vezes ser rechaçado.
Não podemos ser como Jerusalém, que era o lugar escolhido por Deus para ali fazer habitar o seu nome, símbolo da presença de Deus e da proximidade com Deus e ao mesmo tempo cidade que mata os profetas a ela enviados. Jerusalém era a cidade que refletia a presença de Deus e que abrigava quem conhecia os caminhos de Deus, mas também não percebeu quando Deus lhe falava através de seus enviados. Não percebeu Jesus.
Jesus morreu ‘em’ e ‘por’ intermédio de Jerusalém, porque Ele era e é o enviado especial para trazer a nossas vidas a presença e o abrigo de Deus. O texto nos diz que diversas vezes Deus se dirigiu as pessoas e estas não ouviram os seus enviados. É preciso avaliar nossa ação, afinal, Deus usa a nossa comunidade para servir de abrigo aos que precisam, para acolher as pessoas desamparadas e a comunidade deve lembrar que ela precisa das asas protetoras de Deus.
A imagem da galinha é aplicada ao Deus protetor, que também se refere ao templo, que é lugar de proteção e presença divina. É também a imagem feminina e maternal, que assegura a proteção e ternura aos seres humanos recém nascidos. É a descrição da graça, a grande novidade do Reino.
Não nos agarramos a Deus primeiro, é Deus quem nos protege. Jesus diz: “Eu quis ajuntar”. Os pintinhos se perdem, piam, gritam e a mãe os chama. Deus nos chama!
A comunidade de fé, formada por tod@s nós deve ser espaço, o abrigo para os pintinhos perdidos (afinal quantas vezes nos sentimos como pintinhos perdidos, desprotegidos). A comunidade de fé, as pessoas que confessam sua fé em Jesus Cristo e o seguem, podem ensaiar solidariedade e anunciar a presença viva de Deus conosco. Membros em perigo a mãe – Deus ajunta e protege. Dá sua vida por eles, que é o que Jesus fez por nós.
Encontrei uma história muito bonita, sob o titulo “Debaixo de suas asas”
“Após um incêndio no parque nacional Yellowstone dos Estados Unidos, começou a tarefa de limpeza e avaliação dos danos. Um guarda florestal ia caminhando pelo parque, quando encontrou uma ave carbonizada ao pé de uma árvore, numa posição bastante estranha, pois não parecia que morrera escapando, nem que fora apanhada, simplesmente estava com suas asas fechadas ao redor do corpo. O guarda intrigado, encostou nela suavemente com uma vara; 3 pequenos filhotes vivos apareceram debaixo das asas da mãe. Mãe que sabia que seus filhotes vivos não poderiam escapar do fogo, por isso não os abandonou, nem os levou para o ninho sobre a arvore, onde a fumaça subiria  e o calor se acumularia. Levou-os para debaixo da arvore, provavelmente um por um, e ali ofereceu a sua vida, para salvar a vida deles. Podem imaginar a cena? O fogo rodeando, os filhotes assustados e a mãe muito decidida transmitindo paz, dizendo-lhes: “Não tema, venham par debaixo de minhas asas e nada lhes acontecerá”. E os filhotinhos estavam tão seguros  e protegidos do fogo, que horas depois do incêndio terminado ainda não tinham saído de lá. Estavam totalmente confiantes na proteção da mãe, somente após o encostar do guarda no corpo morto da mãe, é que pensaram que deveriam sair.”
Tens a quem amar assim?  És capaz de amar o irmão de fé? Alguém tem te amado assim? Quem encontra um motivo pelo qual vale a pena viver, encontra um motivo pelo qual vale a pena dar a vida. E seguir a Cristo vale a pena!
Pois a vinda de Jesus, com Jesus a caminho, caminhando, é o modo como Deus ingressa na vida das pessoas, é como Ele ingressou na minha vida, me encontrou e passamos a caminhar juntos.    
Quaresma é tempo de acompanhar Jesus na sua caminhada para Jerusalém. A serviço. Sem desvios. É caminhar: com coragem e firmeza de fé, com o objetivo certo: o Reino de Deus, não a promoção pessoal; obediente a Deus e não ao poder do mundo; com solidariedade aos sofrid@s e não pensar que não tem mais nada a fazer, que já é tarde, porque para Deus nunca é tarde; sem pensar em deixar para os outros ou pensar que a mudança vai tardar; é caminhar com a certeza das asas protetoras da mãe e na confiança: nossa pátria esta nos céus, de onde aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Caminhar confiando que Deus está conosco, apesar da caminhada muitas vezes não ser fácil e a conscientização de que há um “tarde demais”.
Deus nos abençoe e guarde com suas asas protetoras. Que Deus toque nossos olhos para que possamos enxergar a beleza da vida e a dor dos que sofrem, toque nossos ouvidos para que possamos ouvir o clamor das pessoas, toque nossa boca para que possamos levar adiante a sua mensagem, toque nossas mãos para que possamso ofertar com disposição, toque nossa vida para que o Espírito Santo possa nos envolver, toque nosso coração e nos permita sentir seu amor e  sejamos forte para seguirmos o caminho, andar pelos caminhos da vida, com o compromisso radical com quem sofre e passa necessidades. Odete Liber













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