terça-feira, 30 de agosto de 2016

Momentos em que comida não sacia, café queima a lingua, o doce fica amargo



É, tem momentos na vida que a comida não sacia, o café queima a língua, o doce fica amargo, o coração arde de dor sem saber, e nem toda beleza da vida a nossa volta, faz o coração serenar. É mais ou menos como se uma fome comesse a gente, e a gente então, devorasse o mundo sem mastigar, ou seja, engole inteiro. É como se o doce fosse amargo.
Claro que essa fome não é de comida, nem de bebida. É uma fome que vem de dentro, do nosso interior, do coração, da alma. Não é fome do mundo e sim, de nós mesm@s. Fome de nos transformarmos, sentimentos burbulhando, fome de nos mudarmos, fome de olharmos para dentro e nos vermos como somos, com nossas dores, nossas feridas. E como sarar tudo isso?  Como sanar a fome de nós?
Fome de nós, porque às vezes não nos aceitamos como somos ou não nos aceitamos como estamos. É preciso mudar. É preciso aquietar o coração, a vida, talvez sair por uns dias, ficar só. Nesse processo a gente tropeça nas idealizações, se esfola nos julgamentos, derrapa nos sonhos, cai com tudo quando olha pro coração, nos ocultamos, nos cobrimos com coisas inúteis, deixamos de lado o essencial e ficamos com o secundário, o medo nos agarra  e nisso, somos levad@s pela inércia do entretenimento sem sentido. Nos sufocamos conosco. Ficamos instáveis, tens@s, dolorid@s, doentes, instáveis. Queremos mudar o que não pode ser mudado. Vivemos por viver. É hora de parar. Olhar pro céu azul ou cinza, buscar socorro nas pequenas coisas e momentos. Decidir parar, continuar, mudar, separar, recomeçar. Enfim, escolher um novo rumo, dar um prumo para a vida. O que não vale é ficar como está!
E para aquietar o coração, buscar um novo caminho, vale andar descalç@ com os pés na água, na terra ou na areia da praia, ‘cavocar’ a terra,  plantar flores. Plantar, mesmo que num vasinho que fica na sacada ou varanda.  
Ficar em silêncio, mesmo em meio a eloquência que os ruídos, os barulhos, o agito de nossas mentes jamais são capazes de ouvir.  Mas o que é esse aquietar? É sobretudo a capacidade de se deslocar no passado, de não antecipar o futuro, de se fixar no hoje, como quem despertou para a realidade de que a maior parte de nossas energias é diluída entre o que já foi e o que provavelmente nunca será. Aceitar que as vezes é preciso colocar um ponto final, que outras vezes dá para consertar,  mas que acima de tudo, não se pode ficar como está.
Vale fazer um chá, tomar um chimarrão, sentar e tomar calmamente num canto, sozinh@, para acalmar o coração enquanto estimula o corpo e a mente.
Sair pra rua ou abrir a janela e sentir o vento soprar, abrir as gavetas empoeiradas do inconsciente, trazendo a memória bons momentos, boas lembranças que acalentam a alma e o coração. Trazer para o presente a sensação quase alucinada de ser transportada para um momento do passado e reviver, por um instante, as emoções e percepções registradas. Trazer a memória o que pode dar esperança, renovo. Voltar para o presente. Vislumbrar novos caminhos, traçar novos sonhos, trilhar por caminhos novos e inóspitos, afinal, a vida é assim: ora flores, ora espinhos, ora risos, ora lágrimas, ora emoções, ora vazios. E a gente segue, segue, segue... O que não vale é parar de viver,  sonhar, realizar!  Afinal, creio que em meio a tempestades, Deus age! Então, simbora!!
Odete Liber 

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