AMOR
NÃO SE IMPLORA
Ouço muito
pessoas dizerem que é possível amar dobrado. Amar pelo outr@. Não acredito
nisso. E ninguém deve ficar com alguém que não ama. Há muitos jeitos de amar, e
isso não significa que não se ama. O amor apenas mudou de jeito. E ficar com alguém por pena, dó, é tudo,
menos amor. Porque amor não se mendiga, amor não se implora, amor se tem ou
não. Também tenho visto tantas pessoas simplesmente deixando o tempo e avida
passar. Vivem como se fossem meros colegas, morando na mesma casa, vivendo no fazendo
de conta.
Amor implorado,
amor de pena, dó, é amor falso, triste, pesado, duro, sem leveza. A pessoa carrega e convive com esse dito amor,
achando que é o melhor que se pode ter e
esquece que sem ele é possível ser melhor. Também sei que não é e não deve ser
fácil terminar uma relação, pois são tantos fatores envolvidos, porém, acredito
que a vida vai além de qualquer fator.
Vale lembrar que
somos livres, leves e abertos para almejar o que nos cabe e não o que, até
agora, nos coube. Ficar com alguém com a desculpa de não destruir a família, já
significa que ela não é tão boa assim. E afinal, que família se está falando? Hummm???
Lembro sempre
que atenção, carinho, respeito, desejo, amor, tesão, nada disso pode ser
imposto, pedido, implorado, pois, na medida que mendigamos sentimentos, o
sentir deixa de fazer sentido e vira apenas um mero estar com o outro. A casa
vira um hotel, pensão, convive-se cada um no seu quadrado, fazendo de conta que
tudo vai bem, afinal a família é linda!! Santa hipocrisia!
Quero lembrar
que o doar-se ao outro e a tudo que é oferecido, carece acontecer sem regras,
sem solicitações, sem restrições, sem indicações, sem raiva, ódio, sem cobranças.
Amor simplesmente acontece!
Não se mantém o
amor com regras sociais, morais ou religiosas. Amor se vive e inclusive deve
também ter o direito de, talvez, nunca acontecer ou terminar.
Não entendo
desses amores forçados, em que ambos, fingem ver o que não existe, fingem ouvir
o que nunca foi dito. Esforço inútil para crer em palavras enviesadas, sem
sentido, resmungos, carinhos pequenos e raros, entregas restritas, silêncios doloridos,
diálogos inexistentes, risos forçados, coração vazio. Tapa-se a boca pra não
dizer o que grita interiormente; tapam-se os ouvidos, pra não ouvir aquela
denúncia quase silenciosa de que não há amor, só há ilusão. Só o desejo de que
seja amor, mas não é, já foi!
Certas pessoas
passam anos fingindo que amam, outras passam anos amando de forma solitária e
fingindo que são amadas. Outras pessoas, ao fingirem amar, vivem um mundo
duplo, o real e o que gostaria de viver.
As pessoas que amam dobrado, acreditam que o que sentem é suficiente
para alcançar e dar conta do florescer no território infértil do outr@. A
pessoa que não ama, mas aceita viver assim, simplesmente vai levando a vida,
afinal, já é tarde para terminar e recomeçar. Ambas, projetam uma energia sem
dimensão num projeto fadado ao erro, fracasso, dor e ao fim. Um dia talvez
tenha sido amor, desejo, tesão, paixão, mas hoje é outro tipo de amor.
E com isso,
vive-se a luta solitária e a rejeição de um primeiro amor essencial: o próprio.
Porque viver uma relação onde há um emaranhado de bons sentimentos e desejos
correspondidos, já não é fácil, imagina agora, quando todos estes sentimentos
concentram-se apenas de um lado.
De um lado, o
peso do querer irracional, do medo de ficar só, do que irão falar, do que
familiares e amig@s dirão, a insegurança que diz que você não pode ter mais
chance. Já no outro lado, o vazio o emaranhado de duvidas e medos. Na verdade, não é possível saber o que é
sentido na outra margem porque nossa querência excessiva não aceita enxergar o desejo do outro e respeitar tal
desejo.
De um lado, você
diz que não está feliz ao lado da outra pessoa, que tem dúvidas, que anda
perdid@, que os sentimentos mudaram e que não sabe o que sente. Mas a outra
pessoa não liga, na precipitação de uma onipotência absurda, assume as rédeas e
se lança na guerra para lutar por dois, opa, por três, qual seja, por você, por
ela mesma e pelo ideal de amor que é instituído ou sonhado, mas já não existe.
Bem, sobre o
amor, não há muito que dizer, mas é salutar dizer que amor a dois é pra ser compartilhado, vivido,
porém, se for solitário, que seja um amor por você mesm@!!
E como disse
Nina Simone, "Você tem que aprender a levantar-se da mesa quando o amor
não estiver mais sendo servido." A dor da ruptura proporciona fortalecimento
pessoal, as lágrimas derramadas e a dor, logo passam, porém, ficar como se
está, ah, isso não passa. Mas a escolha é pessoal, e cada pessoa vive do jeito
que quer. Porém, continuo acreditando, que sempre é possível recomeçar! Odete Liber
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