“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por
isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer. Porque eu sou do
tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...” Fernando Pessoa
Para Boff vivemos no século da
consolidação da globalização. A globalização provocada pelo avanço da revolução
tecnológica, caracterizada pela internacionalização da produção e pela expansão
dos fluxos financeiros; regionalização caracterizada pela formação de blocos
econômicos; fragmentação que dividem globalizadores e globalizados, centro e
periferia, os que morrem de fome e os que morrem pelo consumo excessivo de
alimentos, rivalidades regionais, confrontos políticos, étnicos e
confessionais, terrorismo. É nesse contexto, nessa travessia de milênio, que
devemos pensar a espiritualidade, ou melhor, que o ser humano começa a voltar-se
cada dia mais para a busca do transcendente, da espiritualidade.
Vivemos em uma época em que não
há mais uma única história e sim, história da humanidade unificada e
globalizada, unida com a história da Terra. E com isso há a consciência
coletiva, ou seja, uma preocupação que vai além do meu bairro, cidade, Estado,
país. É algo global!
Nessa globalização o desenvolvimento
e sustentabilidade são compatíveis e é possível falarmos em desenvolvimento
fora da lógica do capital. E assim como Boff, Gadotti diz que isso tudo "implica
um equilíbrio do ser humano consigo mesmo e com o planeta, mais ainda, com o
universo. A sustentabilidade que defendemos refere-se ao próprio sentido do que
somos de onde viemos e para onde vamos, como seres de sentido e doadores de
sentido a tudo o que nos cerca (GADOTTI, 2005, p. 16). E é a partir disto que o
ser humano buscará mais a espiritualidade. Num mundo de caos e tantas
diferenças busca-se algo mais, a espiritualidade.
Pois, segundo Boff,
"A espiritualidade dará leveza à vida e fará que os seres humanos não se
sintam condenados a um vale de lágrimas, mas se sintam filhos e filhas da
alegria de viver juntos nesse mundo." Afinal, desde crianças temos a
sensação de estarmos ligados ao universo, pois não somos apenas corpo e nem só
psique. Somos espírito. O sentimento de pertença ao universo, de se estar
ligad@ ou re-ligad@ com algo que é muito maior do que nós. E creio que sim,
vivemos cada dia mais uma época em que o ser humano busca experimentar o
sagrado, a espiritualidade. Busca-se um encontro com o transcendente, que é
segundo Boff o "gerador de grande sentido e de entusiasmo para
viver".
Odete Liber de AAdriano
Referencia:
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra e
cultura de sustentabilidade. In: Revista
Lusófona de Educação, 2005, 6, 15-29.
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