segunda-feira, 16 de junho de 2014

A dúvida não invalida a preocupação do ser humano com o seu futuro



A dúvida não invalida a preocupação do ser humano com o seu futuro
Por: Odete Liber de AAdriano

A dúvida não invalida a preocupação do ser humano com o seu futuro. A dúvida não invalida a esperança e a fé. O ser humano observa diferentes etapas em sua vida, ele tem e faz planos, cria antecedentes para seu futuro ao tomar decisões ou ao não tomá-las. A vida em meio a dúvidas, preocupações, medos, anseios, dores, se faz por ciclos. Observe sua vida, ela não é simplesmente uma eterna volta às mesmas coisas, apesar da rotina que possa haver. E ciclos não são eternas voltas ao começo.
O tempo que passa, o que passou e o que está por vir, aquele que não temos mais e o tempo que nos resta, são os ciclos que fazem nossa história e que o completam. Tempo que prossegue, que continua e que se transforma em algo maior. Tempo que é  preenchido por esperança, crises, dores, alegrias, fracassos, sucessos. Levanta-se, cai-se e a vida segue.
Todo ser humano necessita de uma esperança para viver. Então a questão para o futuro é algo inato nos seres humanos. O problema é como o ser humano vive seu tempo.  O problema do tempo, sempre estará presente na vida humana. Quando o amanhã chega, reclamamos que não fizemos o que deveríamos ter feito ontem, planejamos e deixamos muita coisa por fazer.  O importante é refletir sobre o que fazemos entre o nascer e o morrer, entre o plantar e o colher, entre matar e curar, entre guerra e paz.   O que temos feito no decorrer desse ciclo? O que temos feito com o nosso tempo? Temos o percebido?  Ou o tempo apenas passa por nós? Temos sentido o tempo em nossas mãos ou ele tem escorrido como água entre os dedos?
Nesse tempo, nesse ciclo da vida, é claro que a vida precisa de uma dose de constância e perseverança. É preciso força e paciência para lidar com as forças negativas que se opõem a nossa vida, ao nosso tempo, aos nossos planos.  Às vezes é preciso uma palavra de encorajamento, para alentar os corações e as vidas que estão cansad@s ​​de esperar por algo do futuro, para aqueles/as para os quais a vida passou a ser mera rotina: todos os dias a mesma miséria, a mesma dor, a mesma cor, todos os dias a falta de um sentido para a vida, algo que faça valer a pena viver. E assim se acostuma com isso. E os ciclos da vida começam e terminam sem se perceber.
Os nossos ciclos são como as estações do ano e ás vezes nem os percebemos. Ou o percebemos quando ele bate forte em nossa vida.  A primavera com suas flores e com ela os frutos, os momento bonitos de nossa vida, onde florescemos, quando nascem os sorrisos, exalamos perfume, os verões, tempo de festa, alegria, calor, felicidade. Às vezes ficamos como o outono, onde as folhas caem, ficam sem frutos, galhos secos, ou então os invernos, escuros, frios, gelados, quando precisamos de algo que aqueça nosso coração, nossa alma, que está fria, que parece sem vida, mas que na verdade é um momento de introspecção, de conhecimento de si mesmo, ou então de dor que precisa ser acalentada, curada. Em nossa vida, às vezes vivemos todas as estações num só dia.
Acordamos pensando na hora de deitarmos. Horários lotados, tomados por compromissos. Queremos ter um tempo maior do que o que Deus nos Deus. Ou então, deixamos simplesmente o tempo passar, quiet@s, inertes, amendrontad@s.
Há pessoas que esperam que todas as mudanças possíveis aconteçam rapidamente; e o perigo é decepção, pois não se considera que, como no mundo físico, na vida também há uma forte inércia.
Jesus ensina: não se preocupe com o amanhã. W. Kammermeier diz: “Hoy se entiende por futuro aquello que ha de ser forjado por la mano del hombre. El porvenir no es aquél que nos sobreviene. Así el futuro tiene su propia efervescência”.
Para algumas pessoas a esperança não existe. Elas a perderam em um dado percurso da vida. A vida então não tem sentido. O ritmo da vida é igual todos os dias, seja pela pobreza, pela doença, pelos relacionamentos rompidos, por perda de pessoas queridas, por dificuldade que surgem no dia a dia, pela falta de trabalho/emprego, ou até pela rotina do trabalho ou pelo acostumar-se da vida ser assim. Não falta a experiência da esperança de Deus no futuro, mas sim, Deus no presente. Porém lembremo-nos de que Deus cuida de tod@s no aqui e agora, e também no amanhã. É preciso viver o dia por inteiro. E não apenas o começo e o fim. A vida está nos detalhes, na simplicidade, nas pequenas coisas, na tentativa, no acerto e no erro. Na insistência, na esperança, na luta, na resiliência.
Lindolfo Weingärtner fala da prática da esperança:
Uma canoa à beira da lagoa
Um velho pescador, os pés firmados na popa,
lançando a tarrafa.
Há meia hora que o estou observando.
É um senhor tarrafeador:
Em círculo perfeito rede cai sobre a água.
Ele espera, enquanto a tarrafa afunda,
até que suas bordas, pesadas de chumbo,
tocam o fundo lamacento.
Depois começa a puxar a corda,
cauteloso, com mãos esperançosas,
ansiosas, sentindo se há vida na rede,
ou se vai ser outra esperança desfeita.
A rede está vazia.
Ele a sacode, prepara o próximo lance.
Contei os arremessos:
Vinte e três vezes seguidas ele lançou a tarrafa.
Vinte e três vezes a tirou da água, vazia.
Porque é preciso lançar a rede, ensaiando esperança —
praticando esperança porque deixar de lançá-la
seria o mesmo que desistir, e desistir seria igual a morrer.
Ele sabe: Há dias em que é preciso lançar a rede,
contrariando as expectativas, contrariando o bom senso —
vinte vezes, cinquenta vezes, cem vezes —
Prática da esperança:
Agradeço-te, velho pescador. Teu trabalho não foi em vão.
Hoje eu necessitava desesperadamente
que alguém me desse o recado que me acabas de dar.
Eu o entendi.


Nenhum comentário:

Postar um comentário