As palavras abaixo, são de um poema, do pastor assassinado por Hitler. E creio que as perguntas dele, são as nossas, pelo menos, as minhas...
Quem sou?
Frequentemente me dizem que
saí do
confinamento de minha cela
tranquilo,
alegre e firme
como um
senhor de sua mansão de campo.
Quem sou?
Frequentemente me dizem
que costumo
falar com os guardiões da prisão confiada,
livre e
claramente,como se eu desse as ordens.
Quem sou?
Também me
dizem
que superei
os dias de infortúnio
orgulhosa e
amavelmente, sorrindo,
como quem
está habituado a triunfar.
Sou, na
verdade, tudo o que os demais dizem de mim?
Ou sou
somente o que eu sei de mim mesmo?
Inquieto,
ansioso e enfermo,como uma ave enjaulada,
pugnado por
respirar, como se me afogasse,
sedento de
cores, flores, canto de pássaros,
faminto de
palavras bondosas, de amabilidade,
com a
expectativa de grandes feitos,
temendo,
impotente, pela sorte de amigos distantes,
cansado e
vazio de orar, de pensar, de fazer,
exausto e
disposto a dizer adeus a tudo.
Quem sou?
Esse ou aquele?
Um agora e
outro depois?
Ou ambos de
uma vez?
Hipócrita
perante os demais
e, diante de
mim mesmo, um débil acabado?
Ou há, dentro
de mim,algo como um exército derrotado
que foge
desordenadamente da vitória já alcançada?
Quem sou?
Escarnecem de
mim essas solitárias perguntas minhas;
seja o que
for, Tu o sabes, ó
Deus: sou Teu!
(Dietrich Bonhoeffer)
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