Hair é um filme de 1979, a versão cinematográfica dirigida por Milos
Forman, da peça teatral homônima escrita
por James Rado e Gerome Ragni, que estreou off-Brodway. O filme é do gênero
musical e o cenário reproduz de modo emblemático o espírito da revolta juvenil
que eclodiu no segundo pós-guerra chamado de contracultura. Todo o enredo gira em
torno de um grupo de jovens de comportamento libertário e lúdico que podemos identificar
como hippies. Eles criticam e desafiam o modelo de sociedade capitalista, tecnocrata
e individualista norte- americana através de uma vida comunitária, propostas pacifistas,
amor livre de compromissos, uso de alucinógenos, hindumentária enfeitada,
cabelos longos e desarrumados. As músicas, com suas letras, também fazem uma
crítica direta aos valores da sociedade atacada pelos hippies e nos mostram
muito de seus ideais. Vale citar que em nossos dias o bordão “Paz e Amor” já
não condiz com os espaços públicos, cercados e vazios, e substituído por
Campanhas e Passeatas pela Paz que idealizam uma sociabilidade entre iguais no
interior de lugares defensivamente fechados. Já a rebeldia se mostra atualmente,
em ações pontuais, como greves, abaixo-assinados, eleição de um político de
perfil não convencional que atendem a questões igualmente pontuais,
independentes entre si, sem um projeto coletivo agregador. Já no lugar das
experiências radicais com a maconha, o peyote e o LSD, há toda uma farmacologia
administrada com competência pelos jovens para “ficar bem e estar feliz”. A
viagem ao interior de si é trocada pelo “turbinamento para a ação”. Nesta nova conjuntura, a associação das
drogas com os riscos à saúde e à criminalidade é reforçada. A naturalização das
drogas como “problema” desconsidera os múltiplos significados adjudicados a
elas pelas diferentes sociedades ou segmentos sociais como fato da cultura e da
história e ignora as contribuições das Ciências Humanas distantes das suas
representações proibitivas. Assim, o filme vale pelo que testemunha e Hair nos apresenta
um movimento social que, como tal, aconteceu independentemente das principais
organizações como Estado, Igreja, partidos políticos, já que foi uma repulsa ao
controle institucional da sociedade. Nesse sentido, o filme Hair, nos incita a
discutir os principais temas que deram
origem a uma cultura hippie como o pacifismo, o relacionamento desinteressado,
o amor livre, as experiências religiosas e o uso de alucinógenos. O ideário da
contracultura é apresentado, sobretudo nas letras das músicas que retratam o
enfrentamento das principais instituições do ocidente moderno: a segregação
racial, a polícia, os militares, a propriedade privada e a família tradicional
burguesa. Vale assistir!!!
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