domingo, 20 de abril de 2014

Conhecendo Castelo - ES
























O Estado do Espírito Santo tem lugares belíssimos para se visitar, conhecer. Em Castelo - ES, há muito lugares lindos. Um deles é o Parque Estadual do Forno Grande, que tem mais de 2.000 metros de altitude, onde está o pico do Forno Grande, um grande maciço rochoso e o segundo ponto mais alto do Espírito Santo. De um lado pode-se avistar o Pico da Bandeira e de outro o mar, bem como a Pedra Azul, do Parque Pedra Azul. São 25 km de estrada de chão, com belíssimas paisagens. Muitos pássaros, flores, verde e claro pedras... Há também a Gruta do Limoeiro, que é um sítio arqueológico (pré-história do ES). Logo na entrada da gruta se vê buracos, de onde foram retirados os fósseis/ossos dos índios da tribo puri coroados. Estima-se que eles tenham 4.500 anos ou mais. A gruta fica no município de Castelo, ao sul do Espírito Santo. Dentro da gruta há vários salas (na verdade são 7, mas só é possível visitar 4, por questão de segurança), já que há trechos em que só se pode andar abaixad@, é muito escuro (não recomendo para quem tem claustrofobia). São lugares que tod@s,que puderem, deveriam visitar... Vale a pena cada momento. São belezas naturais, que Deus nos dá.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Educar por Rubem Alves.wmv

EDUCAR O OLHAR RUBEM ALVES Maria Inês

gosto de pessoas e coisas simples



Nessa caminhada da vida, nas muitas mudanças, aprendi a gostar e apreciar pessoas simples e de coisas simples! 
Pessoas que transbordam simplicidade sem nenhum esforço, são cheias de interessantes e  belas  histórias e experiência de vida e conhecimento.
Aprecio pessoas simples e sábias, que com generosidade repartem saberes.
Ah! Mas não suporto pessoas com  um nariz empinado e com  vazio da alma. Dessas prefiro manter certa distancia.
E nessa simplicidade da vida, as coisas simples são as melhores. Exemplo? Muitos!! 
Um bate-papo (e sinto falto aqui), com pessoas conhecidas ou não, o que vale é a simplicidade, o riso, o bem estar que esse momento propicia.  
Um momento de comes e bebes (pode ser um café, um chá, um suco, um copo de águia, um chimarrão, vinho, acompanhado de uma comidinha), compartilhado com amig@s. 
A simplicidade do tempo tempo dedicado às amizades, família, e por isso os posso chamar de “meus”. Como amo e aprecio um momento com pessoas simples e especiais, momentos de boas risadas, riso incontrolável. Isso faz bem pra alma, pro coração, para saúde, pra mente, e nos torna pessoas belas.
Outra coisinha simples e que aprecio muito, é o olho no olho, simplicidade das palavras, sinceridade dos gestos, transparência, verdade. Amo a cumplicidade, fidelidade, mas a hipocrisia e falsidade me levam a loucura e a exaustão. Tiram minha energia. Por isso tento evitar pessoas assim...
Outro gesto simples e sem custo e que gosto muito, é um abraço apertado, um afago. Por isso não o dispenso, porque nada melhor que um sorriso e um abraço apertado e caloroso,  num reencontro (que pode ser de um dia, uma semana, um mês, um ano).
E tudo isso, a gente só encontra nas pessoas simples, em momentos simples e que não tem preço!



Vivendo na dimensão do desvelo

Vivendo na dimensão do desvelo

“Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor” (Cântico dos Cânticos).


Com a humildade de um eterno aprendiz, pois em matéria de amor nunca se sabe tudo, proponho aos leitores, no contexto do dia dos namorados, uma reflexão sobre três sentimentos que alicerçam a relação a dois quando vivida na dimensão do desvelo: o cuidado, a ternura e a carícia. Segundo Leonardo Boff, a palavra cuidado tem origem etimológica em duas expressões latinas: "cura" (se escrevia coera) e “cogitare ou cogitatus”. Ambas significam “atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação, de colocar atenção e de inquietação pela pessoa amada”. Quando vivemos na dimensão do cuidado, o 'outro' passa a ser a referência primeira. A relação deixa de ser marcada pelo domínio para ser con-vivência. As pessoas passam a perceber que não existem na solidão, mas co-existem no plural. Ter cuidado por alguém que amamos implica em respeitá-la e acolhê-la com as suas virtudes e com os seus defeitos. É uma atitude que implica em reciprocidade e complementaridade. Um é importante ao outro. Para Boff, quando se vive na dimensão do cuidado, os problemas e dificuldades são superados "pela paciência perseverante. No lugar da agressividade, há a convivência amorosa. Em vez de dominação, há a companhia afetuosa, ao lado e junto com o outro".

A ternura é outro princípio essencial para desfrutar a vida na dimensão do desvelo. Assim como o cuidado, ela surge com maior vigor quando nos descentramos de nós mesmos e nos direcionamos ao outro. A ternura nos torna mais sensíveis e nos leva a comungar da vida do outro com maior intensidade e intimidade. Ela rega a relação e se reveste dos pequenos gestos e palavras para tornar-se presença no cotidiano. A carícia é mais um princípio do existir na perspectiva do desvelo. Segundo Boff, é importante distinguir duas possibilidades de manifestação da carícia. A primeira é a carícia que se manifesta "como pura excitação psicológica”, como fruto de uma paixão passageira. É a carícia do ‘ficar’, da cultura hedonista tão presente na sociedade moderna, ou seja, o prazer pelo prazer e sem qualquer compromisso. A segunda possibilidade de manifestação da carícia é aquela que respeita o outro em sua diversidade. É a carícia que irrompe de dentro do coração e da alma de quem ama. É o ato de afagar, acariciar, mimar e acalentar. Afago é meiguice.

Estes três sentimentos – o cuidado, a ternura e a carícia – são fundamentais para a qualidade da relação a dois, assim como, no âmbito das demais relações familiares. Entretanto, sabemos que nem sempre eles estão presentes. As rotinas e preocupações do dia a dia podem impedir a manifestação dos mesmos. Viver a dois é uma construção que requer paciência e tempo. Como diz a sabedoria popular, “é um tijolinho por dia”. É essencial manter uma atitude de vigilância diária para não permitir que ações externas ou internas destruam a convivência. Neste sentido, o livro “Cântico dos Cânticos”, repleto de poemas que celebram o amor e os perigos que o acompanham, nos recomenda: “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. A metáfora das "vinhas em flor" é utilizada para evidenciar a formosura e o encantamento do amor entre dois amantes. Há, porém, um perigo que ronda as vinhas e pode destruí-las: as raposas e as raposinhas. Na verdade, elas podem devastar os vinhedos. Por isso, é imperativo que as raposas sejam capturadas. É um desejo dos amantes que nada destrua ou interfira no amor que os une. Capturar as raposas expressa o anseio de se desfrutar de um lugar tranqüilo e idealizado para viver este grande amor, longe de todos os problemas que possam perturbar uma relação amorosa. Fica claro o desejo dos amantes de viver a relação a dois na dimensão do desvelo. Entretanto, sabem dos perigos que rodam o relacionamento. 

Ainda hoje, após milhares de anos da criação deste poema, e diante da beleza e dureza destas metáforas, os enamorados, de qualquer idade, devem se perguntar: “As nossas vinhas estão em flor? Quais são as ‘raposas e raposinhas’ que podem destruí-las”? São perguntas fundamentais para o fortalecimento da relação amorosa, pois muitos casais só percebem a presença das ‘raposinhas’ quando as vinhas já estão destruídas. Perceber o encanto diário de uma vinha florida é essencial para manter acesa a chama do amor. É possível expressar este encantamento por meio do cuidado, da ternura e da carícia, sentimentos que nos tornam mais humanos. Não vamos deixar que as "raposas e raposinhas" entrem em nossas vinhas em flor e causem grande devastação. O desvelo, como vimos, requer vigilância e preocupação. Devemos ficar atentos para que a mesmice e a burocratização não se instalem e façam morada no espaço íntimo da vida a dois. "Quem ama cuida", diz uma canção popular. 


Clovis Pinto de Castro
(clovis.shalom@gmail.com)

Quando o sofrimento bater a sua porta



"Estamos ressuscitando todos os dias. A cigarra fica um ano debaixo da terra para cantar somente um dia. Um ano se preparando para cantar até se arrebentar. O sofrimento é isso, um tempo de preparo. Louvado seja Deus pelos sofrimentos.

Todos os artistas compõem maravilhosas obras quando estão sofrendo, e toda vez que tocamos nos nossos limites, vamos além. Compomos música, pintura, criamos vida e caráter. Você pode estar se perguntando: "Mas eu não sou artista, e aí?"

Você pode desenhar a sua alma, pode esculpir o seu caráter.

A cigarra não fica debaixo da terra por motivo de masoquismo. Não. É um tempo de preparo existencial da natureza.

Quando você perceber que o seu sofrimento está infértil, é o tempo de parar de sofrer.

Quando começamos a derramar as lágrimas, é o processo de cura que está nos lavando e purificando.

Quanto tempo pode durar um velório dentro de nós? O sepultamento do corpo tem que iniciar um processo de amizade com a vida. O sofrimento é criado dentro de nós. O velório não é uma situação de morte. O que fazemos com o ruim que aconteceu conosco? Não importa o que a vida fez com você, mas o que você faz com o que a vida fez com você. Não temos como evitar o desprezo do outro, vão acontecer coisas que não vamos gostar, mas somos nós que vamos ver quanto custa esse sofrimento.

Boa parte dos sofrimentos do ser humano está naquilo que nós pensamos e permitimos em nosso pensamento. Se racionalizarmos a nossa emoção, nós não sofreríamos.

Padre Fábio de Melo

Sonhos - Chris Durán - Legendado em Português



Há um lugar
Pra chegar
Há uma ponte
Que te levará
Pro outro lado
Há um sonho, uma voz
Dizendo: "os teus sonhos também são meus"
Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado

(Refrão)

Os teus sonhos são meus
Teus problemas são meus
Tua vida também é minha vida
Eu de ti cuidarei
Nunca te deixarei
Os teus sonhos eu realizarei

Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado

Chris Durán

Jorge Drexler - Dos Colores: Blanco Y Negro

                                         Nuestra primera intención,
Era hacerlo en colores:
Una acuarela que hablara
De nuestros amores.

Un colibri polícromo
Parado en el viento,
Una canción arcoiris
Durando en el tiempo.

El director de la banda
Silbando bajito
Pensaba azules y rojos
Para el valsecito.

Pero ustedes saben, señores,
Muy bien cómo es esto;
No nos falló la intención,
Pero sí el presupuesto...

En blanco y negro
Esta canción
Quedó en blanco y negro
Con el corazón,
En blanco y negro,
Nieve y carbón,
En blanco y negro,
En technicolor,
Pero en blanco y negro...

Fuimos quitando primero
De nuestra paleta
Una mirada turquesa
De marco violeta.

Luego el carmín de las flores
Encima del piano,
Una caída de sol
Cuando empieza el verano.

Todos los tipos de verde
De una enredadera...
Ya ni quedaban coloresa
Para las banderas.

Nuestrar intención ya no fué
Más que un viejo recuerdo
Y esta canción al final
Se quedó en blanco y negro.

En blanco y negro
Esta canción
Quedó en blanco y negro
Con el corazón,
En blanco y negro,
Nieve y carbón,
En blanco y negro,
En technicolor,
Pero en blanco y negro...

filmes

Filmes

  • Amor sem Fronteiras
  • Ponto de Decisão
  • Sob o Sol da Toscana
  • À Prova de Fogo

Jesus Adrian Romero - Cansado del Camin



                                                                                                                                    

SUMÉRGEME

Cansado del camino,
sediento de Ti,
un desierto he cruzado,
sin fuerzas he quedado,
vengo a Ti.

Luché como un soldado,
y a veces sufrí,
y aunque la lucha he ganado,
mi armadura he desgastado,
vengo a Ti.

Sumérgeme,
en el rio de tu Espíritu,
necesito refrescar este seco corazón,
sediento de Ti
(Jesús Adrián Romero)
                                        

respeito



Independente da maneira como agem, pensam, governam ou lideram, eu aprendi desde muito pequena, que eu devo respeito às autoridades sob mim constituídas. Não devo aceitar e concordar com todas as suas ações e ideologias, mas respeitá-l@s. 
Isso vale para professores, chefes e, inclusive, líderes políticos.

Gato


                                                          Sartre, o gato dos gatos!!

sem tamanho

Sem tamanho

"Tem dor que tem nome
Tem rosto 
Tem cheiro 
Tem gosto 
Mas não tem tamanho" (Fabrício Cunha)

Saudade também...

 

Enquanto caminho





Enquanto caminho na praia, olho o mar, as ondas, ouço o barulho das águas, sinto o cheiro do mar, e fico entranhada em meus pensamentos e sonhos. Nesses momentos desligo-me dos ruídos da televisão, da interferência do meu celular e do meu computador e tenho um tempo forçado de avaliação da vida e também faço planos e sonhos, sonhos...
Enquanto caminho, revejo a frustração de ainda não ter conseguido o quero, em termos profissionais, me veem a memória os sonhos desejados e não colocados em prática e estes me perseguem.
Enquanto caminho pela praia, na areia, com a água batendo em meus pés, me sito energizada e também pequena diante da grandeza do mar. Nesses momentos agradeço a Deus pela vida, pel@s amig@s, namorido, família.
Enquanto caminho, em alguns momentos me desligo do mundo real e o sonho me comanda. Também caio na real, e a frustração me toca. Rola uma lágrima! Sigo em frente!!
Enquanto ando, as dúvidas sobre os próximos passos a dar me consomem e uma profunda solidão me toma. Sinto-me perdida, sem saber para onde ir.  A cada quilometro que me distancio mais eu me divido entre o racional e o emocional. O sonho e o real. A dor, a frustração, a esperança... Mistura de sentimentos!
Enquanto caminho, não me permito ter autopiedade, mas me questiono do “porque”, “por que” .  Porque as coisas dão certo pra tod@s, menos pra mim. Porque algumas coisas dão certo pra mim e não para tod@s...  
É a vida que segue, com seus conflitos, anseios, dores, sonhos, risos, esperanças... Vamos caminhando, seguindo em frente e seja como for, com muita fé. Pois um dia as coisas entrarão nos eixos, o tão sonhado trabalho será alcançado ou me alcançará... Até lá, sigo caminhando, vendo o mar, lutando, correndo atrás, ficando pra trás... O. L. A.A

SAUDADE




A saudade tem prazo de validade.
Não pode permanecer muito tempo guardada. Não pode permanecer muito tempo não sendo correspondida.
Depois de aberta e fora do convívio, assim como o leite, a saudade azeda. E não há memória refrigerada para conservá-la.
Quando passa da hora, aquela falta ansiosa e comovente é capaz de se tornar ironia e sarcasmo.
O suspiro se transforma em ofensa – nos enxergaremos tolos e burros por confiar cegamente em alguém e esperar à toa. Reclamaremos nossa idiotice por termos feito uma vigília em vão, por termos esquecido de viver.
Já não queremos que o outro volte, já desejamos que ele nunca mais apareça em nossa frente. Violentaremos as lembranças, fecharemos a reza.
A ternura de antes será trocada pela raiva de não ser atendido. Mudaremos a personalidade de nossa conversa, de doce para ácida. Pois o segredo (a saudade é um segredo!) que nos alimentou durante meses não fora respeitado.
Infelizmente, a saudade apodrece.
Quando deixamos de pedir a presença para cobrar a ausência. É sutil o movimento. Toda a atenção dedicada ao longo de um período começa a ser vista como desperdício. Não aconteceu retorno das juras, nem o estorno das expectativas.
Você mandou centenas de mensagens, renunciou saídas com amigos e bares, teve uma vida discreta e fiel, só para honrar uma despedida, e percebeu que, no fim, sempre esteve sozinho na saudade.
Saudade é como o amor. Perece quando não é a dois.
Aliás, quando a saudade não é a dois, deixa de ser saudade para se descobrir solidão.
A saudade é o que guardamos do amor para o futuro. É o que deixamos para amar no futuro.
Nada dói tanto quanto um amor que não vingou após os cuidados do plantio.
Nada dói tanto quanto a saudade que envelhece, uma saudade que definhou pela indiferença, que não foi valorizada pela nossa companhia, que não desembocou em festa.
Nada dói tanto quanto promessas feitas gerando ressentimento.
A saudade não é eterna. Acaba quando percebemos que o amor era da boca para fora, que a urgência era interesse, que a necessidade era falsa.
A saudade é uma esperança de amor. Precisa ser consumida rapidamente, não mais que três meses. Senão, nos consome e nos estraga.
Fabrício Carpinejar

Perder-se para encontrar-se: o monge, o gato e a lua

Perder-se para encontrar-se: o monge, o gato e a lua

10/04/2014
O homem moderno perdeu o sentido da contemplação, de maravilhar-se diante das águas cristalinas do riacho, de encher-se de espanto face a um céu estrelado e de extasiar-se diante dos olhos brilhantes de uma criança que o olha interrogativa. Não sabe o que é o frescor de uma tarde de outono e é incapaz de ficar sozinho, sem celular, internet, televisão e aparelho de som. Ele tem medo de ouvir a voz que lhe vem de dentro, aquela que nunca mente, que nos aconselha, nos aplaude, nos julga e sempre nos acompanha. Essa pequena estória de meu irmão Waldemar Boff, que tenta pessoalmente viver no modo dos monges do deserto, nos traz de volta a nossa dimensão perdida. O que é profundamente verdadeiro só se deixa dizer bem, como atestam os sabios antigos, por pequenas estórias e raramente por conceitos. Às vezes quando imaginamos que nos perdemos, é então que nos encontramos. É o que esta estória nos quer comunicar: um desafio para todos.
“Era uma vez um eremita que vivia muito além das montanhas de Iguazaim, bem ao sul do deserto de Acaman. Fazia bem 30 anos que para lá se recolhera. Algumas cabras lhe davam o leite diário e um palmo de terra daquele vale fértil lhe dava o pão. Junto à cabana esgueiravam-se algumas ramas de videira. Durante o ano todo, sob as folhas de palmeira de cobertura, abelhas vinham fazer suas colméias.
“Há 30 bons anos que por aqui vivo! …”, suspirou o monge Porfiro. “Há 30 bons anos! …”. E, sentado sobre uma pedra, o olhar perdido nas águas do regato que saltitavam entre os seixos, deteve-se neste pensamento por longas horas. “Há 30 bons anos e não me encontrei. Perdi-me para tudo e para todos, na esperança de me encontrar. Mas perdi-me irremediavelmente !”
Na manhã seguinte, antes de o sol nascer, de parco farnel aos ombros e semi-rotas sandálias aos pés, pôs-se a caminho das montanhas de Igazaim, após a reza pelos peregrinos. Ele sempre subia as montanhas, quando, sob forças estranhas, seu mundo interior ameaçava desabar. Ia visitar Abba Tebaíno, eremita mais provecto e mais sábio, pai de uma geração toda de homens do deserto. Vivia ele sob um grande penhasco, de onde se podia ver lá embaixo os trigais da aldeia de Icanaum.
“Abba, perdi-me para encontrar-me. Perdi-me, porém, irremediavelmente. Não sei quem sou, nem para que ou para quem sou. Perdi o melhor de mim mesmo, o meu próprio eu. Busquei a paz e a contemplação, mas luto com uma falange de fantasmas. Fiz tudo para merecer a paz. Olha meu corpo, retorcido com uma raiz, retalhado de tantos jejuns, cilícios e vigílias! … E aqui estou, roto e combalido, vencido pelo cansaço da procura.”
E dentro da noite, sob uma lua enorme, iluminando o perfil das montanhas, Abba Tebaíno, sentado à porta da gruta, ficou a escutar com ternura infinita as confidências do irmão Porfiro.
Depois, num destes intervalos onde as palavras somem e só fica a presença, um gatinho que já vivia há muitos anos com o Abba, veio se arrastando de mansinho até a seus pés descalços. Miou, lambeu-lhe a ponta reta do burel, acomodou-se e pôs-se, com grandes olhos de criança, a contemplar a lua que, como alma de justo, subia silenciosa aos céus.
E, depois de muito tempo, começou o Abba Tebaíno a falar com grande doçura:
“Porfiro, meu filho querido, deves ser como o gato; ele nada busca para si mesmo, mas espera tudo de mim. Toda a manhã aguarda ao meu lado um pedaço de côdea e um pouco de leite desta tigela secular. Depois, vem e passa o dia juntinho a mim, lambendo-me os pés machucados. Nada quer, nada busca, tudo espera. É disponibilidade. É entrega. Vive por viver, pura e simplesmente. Vive para o outro. É dom, é graça, é gratuidade. Aqui, junto a mim deitado, contempla inocente e ingênuo, arcaico como o ser, o milagre da lua que sobe, enorme e abençoada. Não se busca a si próprio, nem mesmo na vaidade íntima da auto-purificação ou na complacência da auto-realização. Ele se perdeu irremediavelmente, para mim e para a lua…É a condição de ele ser o que é e de encontrar-se.
E um silêncio profundo desceu sobre a boca do penhasco.
Na manhã seguinte, antes de o sol nascer, os dois eremitas cantaram os salmos das Matinas. Seus louvores ecoaram pelas montanhas e fizeram estremecer as fímbrias do universo. Depois, deram-se o ósculo da partida. O irmão Porfiro, de parco farnel à costas e semi-rotas sandálias aos pés, retornou ao seu vale, ao sul do deserto de Acaman. Entendeu que para encontrar-se devia perder-se na mais pura e singela gratuidade.
Contam os moradores da aldeia próxima que, muitos anos depois, numa profunda e quieta noite de lua cheia, eles viram no céu um grande clarão. Era o monge Porfiro que subia, junto com a lua, à imensidão infinita daquele céu delirantemente faiscado de estrelas. Agora não precisava mais perder-se porque se havia definitivamente encontrado”.
Waldemar Boff (um dos meus 10 irmãos) estudou nos USA, é educador popular e camponês.

site:  http://leonardoboff.wordpress.com/2014/04/10/perder-se-para-encontrar-se-o-monge-o-gato-e-a-lua/