segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MAÇÃ: RECEITAS DELICIOSAS

Maçã é uma delícia e faz um bem que só. Ela faz bem para a digestão, para o hálito, é diurética, regula o intestino, ajuda a controlar o colesterol, ativa a memória, e é facilmente encontrada em qualquer mercado e quarquer pessoa tem em sua fruteira ou geladeira.
Vale lembrar que a sabedoria popular recomenda uma por dia para ter mais saúde! Então vamos aproveitar que é uma fruta saborosa e não tão cara e usá-la também em delícias culinárias, como essas a seguir.
Trouxe 3 tipos de torta de maçã, testadas e aprovadas, para você deliciar-se. Escolha aquela que mais combina com seu momento de vida agora e alegre sua família (e seu estômago!), desperte @ don@ de casa quituteir@ que existe em você!
 
1-Torta de maçã
 Ingredientes:
  • massa para pizza ou massa folhada
  • 1 maçã grande
  • 3 colheres de sopa de açúcar mascavo
  • uva passa à gosto
Preparo:
Cortar a maçã em fatias e colocar sobre metade da massa, salpicar o açúcar mascavo por cima da maçã, jogar a uva passa por cima, fechar a massa como se fosse um grande pastel. Assar a 180° por 40 minutos.

2- Bolo de maçã com canela

Ingredientes:

  • 3 ovos
  • 1 xícara (chá) de leite desnatado
  • ½ xícara (chá) de óleo
  • 3 maçãs Fuji descascadas (reserve as cascas) (600 g)
  • 1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo
  • ½ xícara (chá) de aveia em flocos finos
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó
  • ½ colher (sopa) de canela em pó
  • ½ xícara (chá) de amêndoas laminadas tostadas
  • ½ xícara (chá) de Tal e Qual (13 g)
Preparo
Bata no liquidificador os ovos, o leite, o óleo e as cascas das maçãs. Despeje essa mistura em uma tigela. Pique as maçãs em cubinhos e a adicione-as à tigela, junto com o restante dos ingredientes. Misture bem.

Despeje essa massa em uma assadeira retangular (30 x 20 cm), untada e enfarinhada, e leve ao forno médio (180°C), pré-aquecido, por cerca de 35 minutos, ou até que, ao espetar um palito no centro da massa, ele saia limpo. Espere esfriar, desenforme e sirva.
 
3- Bolo de maçã
Cobertura 2 maçãs fatiadas (sem as sementes)
½ xícara de açúcar para o caramelo.
Canela em pó a gosto
Forrar uma forma redonda com folha de papel alumínio, distribuir as fatias
de maçã, polvilhar com canela e despejar o caramelo (levar o açúcar ao fogo numa panela de fundo grosso até dourar, sem mexer.)
Reservar.
Massa:
2 ovos
1 xícara de leite
½ xícara de café de óleo de milho
½ xícara de açúcar (como já tem o caramelo reduzi o açúcar da massa)
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher de sobremesa de fermento
Bater os líquidos e o açúcar no liquidificador, adicionando a farinha aos poucos. Juntar o fermento, misturar e a despejar a massa na forma sobre as maçãs. Levar ao forno pré-aquecido por 35/40 minutos ( 200°) . Para desenformar: Deixar amornar e virar sobre um prato, soltando o papel alumínio.
 

SANTO VINAGRE BRANCO

Claro que eu não poderia deixar de dividir tudo isso com vocês, para que facilite o dia-a-dia ...
Seguem as dicas encontradas sobre vinagre branco e já testei e aprovei várias:
  • O vinagre branco, substitui o amaciante com maestria, pois deixa as roupas bem macias e costuma ser bem mais baratos. Diferente do amaciante ele não agride os fios do tecido. Usar 200 ml de vinagre para cada 6 litros de água.
  • É ecologicamente correto, pois agride menos o meio ambiente quando comparado com o amaciante.
  • Tira cheiro de mofo, de roupas velhas ou guardadas há muito tempo. Nesse caso é necessário deixar de molho na água com vinagre por um período de aproximadamente uma hora. Tira o cheiro ruim e não deixa o cheiro de vinagre no lugar.
  • Vinagre é ótimo para tirar manchas de roupas coloridas, pois ele não desbota a roupa. Para resolver manchas em roupas coloridas, coloque a peça no tanque, molhe, ensaboe com sabão em barra e pingue vinagre branco sobre a mancha e aguarde cerca de uma hora. Depois prossiga a lavagem normalmente.
  • Para evitar que roupas coloridas soltem tinta acrescente um jato generoso de vinagre branco à água de lavagem. Enxague normalmente.
  • Tira o amarelado das roupas brancas. Coloque no molho das roupas uma xícara de vinagre branco. Lave normalmente. O vinagre é um alvejante leve, que funciona muito bem para tirar o amarelado, manchas de suor e de desodorante.
  • O vinagre corta a espuma do sabão, por isso facilita o enxague e economiza água, mais um motivo que o torna ecologicamente correto.
  • Manchas de chicletes e desodorantes desaparecem se a peça for molhada com vinagre antes da lavagem.
  • Uma pasta com vinagre e bicarbonato de sódio, aplicada por 20 minutos sobre os colarinhos e punhos e lavadas em seguida, elimina aquelas machas escurecidas provenientes do suor e do uso.
  • Ajuda na higienização da máquina de lavar roupa. Bata um ciclo de lavagem com pelo menos uns 5 litros de vinagre ao invés de roupas. O vinagre vai limpar os resíduos de sabão ou de sujeira que se acumularam nos cantinhos mais escondidos da máquina.
  • Remove furos de costuras. Após remoção de bainhas ou costuras, há furos normalmente imperceptíveis no tecido. Estes furos podem ser removidos posicionando um pano umedecido em vinagre branco destilado sob o tecido e passando-o com ferro quente.
  • Tira cheiro de urina das roupas. Retirar a urina com água lavando normalmente e em seguida deixar no molho com água e vinagre, depois enxaguar.
  • Peças de lã enxaguadas com água e vinagre ficam felpudas e macias.
  • Panos de prato deixados de molho numa solução morna de água, vinagre e sal ficam bem branquinhos.
  • Bordados que podem desbotar voltam a brilhar quando a peça é passada pelo avesso, com um pano umedecido com vinagre por baixo.
  • Para evitar que os cobertores fiquem duros e ásperos, passar os cobertores rapidamente em água com vinagre após a lavagem (200 ml de vinagre para 6 litros de água).
Dois cuidados necessários: O vinagre para lavar roupas tem que ser sempre o vinagre branco e é importante verificar se na composição do sabão em pó tem fermento, pois este não reage bem com o vinagre.

DICAS: BICABORNATO DE SÓDIO

O bicarbonato de sódio é um grande coringa em sua casa. Ja postamos sobre suas várias utilidades na limpeza da casa, mas não pára por aí, pois nos cuidados pessoais o bicarbonato de sódio também se mostra muito útil. A vantagem de usar o bicarbonato de sódio é que ele é muito barato e eficiente, vale a pena ter um pouco sempre à mão. É um produto facilmente encontrado, de baixo custo e que pode ser usado em várias receitas caseiras. Dicas para o cuidado pessoal:

Higiene bucal

1. Pasta de dentes: Uma pasta feita a partir de bicarbonato de sódio e uma solução de 3 por cento de peróxido de hidrogénio pode ser utilizado como uma alternativa para a pasta de dentes comercial;
2. Dentes brancos: Depois de escovar os dentes normalmente, mergulhar a ponta da escova no pozinho de bicarbonato de sódio e escovar assim os dentes. É ótimo para quem fuma, ou toma muito café e fica com os dentes manchados. Não é aconselhável fazer todas as vezes que escovar, para não ferir o esmalte dos dentes, mas fazendo eventualmente ajuda a tirar as manchas;
3. Refrescante bucal: Coloque uma colher de chá em meio copo de água, fazer bochecho, cuspir e enxaguar. Os odores são neutralizados, e não apenas oculto;
4. Aparelhos dentários: Mergulhe aparelhos dentários, tais como retentores e dentaduras em uma solução de 2 colheres de chá de bicarbonato de sódio dissolvido em um copo ou tigela pequena de água morna. O bicarbonato de sódio solta as partículas de comida e neutraliza os odores. Você também pode limpar esfregando aparelhos orais com uma escova com bicarbonato de sódio;

Cuidados da pele

5. Esfoliante facial e esfoliação corporal: Uma massa com 3 partes de bicarbonato de sódio e 1 parte de água. Esfregue com suaves movimentos circulares para esfoliar a pele. Enxágüe. Esta é suave o suficiente para uso diário.
6. Desodorante natural: Aplique bicarbonato de sódio para neutralizar o odor das axilas do corpo.
7. Fazer um banho de neutralização: Adicione 1/2 xícara de bicarbonato de sódio à água do banho de imersão para neutralizar os ácidos na pele e ajudar a remover o óleo e suor, ele também deixa a sua pele muito macia.
8. Faça um sabonete: Para neutralizar os odores nas mãos preparar uma pasta com 3 partes de bicarbonato de sódio e 1 parte de água. Em seguida, enxaguar. Ótimo para tirar cheiro de alho e cebola, para donas de casa prendadas na cozinha. Comida gostosa e mãos cheirosas.

Cuidados de saúde

9. Antiácido: Bicarbonato de sódio é um antiácido seguro e eficaz para aliviar a azia e/ou indigestão. Adicionar uma colher de chá e meia de bicarbonato de sódio para um copo de água.
10. Tratar picadas de insectos: Para picadas de insetos, faça uma pasta de bicarbonato de sódio e água. Aplique no lugar afetado. Para aliviar a coceira, salpique bicarbonato de sódio em sua mão e esfregue-o sobre a pele úmida após o banho ou ducha.
11. Alivie o cansaço dos seus pés: Dissolver 3 colheres de sopa de bicarbonato de sódio em uma bacia com água morna e mergulhar os pés. Esfregue suavemente. Aguarde até a água esfriar e enxágue.

Cuidados capilares

12. Cabelo: Polvilhe uma pequena quantidade de bicarbonato de sódio na palma da mão com o seu shampoo favorito. Aplique e lave como de costume. O bicarbonato de sódio ajuda a eliminar resíduos de produtos de styling, deixando seu cabelo mais limpo e mais fácil de pentear.
13. Escovas e pentes: Para manter o cabelo brilhante é preciso manter limpas as escovas e pentes. Remova o óleo natural e acumulação de produtos do cabelo em pentes e escovas com a imersão em uma solução de 1 colher de chá de bicarbonato de sódio numa pequena quantidade de água morna. Enxágüe e deixe secar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A BUNDA DURA

A BUNDA DURA (Arnaldo Jabor)

Tenho horror a mulher perfeitinha. Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário? E, só pra piorar, tem a bunda dura!!! Pois então, mulheres assim são um porre.. Pior: são brochantes. Sou louco? Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?

a) Escova toda manhã: A fulana acorda as seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia de Sabrit. Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão 'Alisabel', que é legal... Burra.

b) Na moda: Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? JAMAIS! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar desarrumada nem enquanto estiver transando.
c) Sorriso incessante: Ela mora na vila dos Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipático com orgulho, só sorrio para quem provoca meu sorriso.. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa... Coitada.
d) Bunda dura: As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico, portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem H-O-R-R-O-R a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja? Esquece!
Portanto: É melhor vc ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja,gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica , faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada; Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps. Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!
Arnaldo Jabour E não se esqueça....

Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!!!
Esses dias não tenho postado muitos textos... Não tenho escrito como gostaria... mas segue fotos, que alegram os olhos... um pouco do que já vi e tenho visto... Lindo!! Dádiva de Deus...











terça-feira, 23 de outubro de 2012

O que as marés de nossa consciência nos revelam?


"Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1 Coríntios 4:5).

Um homem foi morto às margens do Lago Michigan e seu corpo foi jogado nas águas. O assassino foi embora, mas, três dias depois, o corpo foi encontrado em frente à sua cabana. O culpado, tomado pela consciência, entregou-se às autoridades e confessou o crime. "Eu sei que foram as marés que fizeram isso! eu sei que foram as marés que fizeram isso!" era tudo o que o assassino conseguia dizer. Quando as marés da memória, consciência e razão começarem a chegar, no dia do juízo, tudo que está oculto será revelado. (Howard W. Ferrin)

O que as marés de nossa consciência nos revelam? O que revelam aos que nos rodeiam? O que revelam a Deus? A nossa vida tem sido transparente, verdadeira, sincera? Ou temos mantido muitas coisas ocultas, escondendo-as de todos que
nos conhecem? E de Deus, temos tentado esconder alguma coisa?

O Senhor conhece nossas atitudes, nossos corações, nossos pensamentos. Nada podemos ocultar-Lhe e, se imaginamos
que isso seja possível, enganamo-nos completamente.

Muito melhor é colocar tudo diante do Senhor, buscar perdão pelos erros e ajuda para alcançar os bons propósitos. Melhor é crer que Ele tem a solução para nossos problemas e o caminho certo para a realização de todos os nossos sonhos.

Quando a verdade de Deus está em nossas vidas, nada temos a temer, nenhuma dúvida nos inquieta, nenhuma tempestade pode impedir que a luz do sol brilhe nos lugares por onde passamos. 
No dia do juízo as coisas ocultas serão reveladas. Que elas mostrem apenas a pureza de nossos corações transformados e a alegria de sermos filhos de Deus.

O que revelam as marés de Deus sobre você?
 
 
 

Mídia religiosa e mercado


Mídia religiosa e mercado: o fenômeno da ressignificação de signos do Antigo Testamento pelos evangélicos brasileiros

 Magali do Nascimento Cunha

 Introdução
Signos bíblicos sempre foram utilizados na história das igrejas como formas de comunicação da mensagem da fé, seja por meio do discurso verbal ou imagético. Além de Jesus, personagens dos relatos biblicos como Adão e Eva, Jacó, Moisés, Sansão, Davi, os doze apóstolos, Zaqueu, o filho pródigo, Paulo revelaram-se as mais frequentes referências, certamente pelo apelo do conteúdo das situações em que estiveram envolvidos, para reprodução em sermõesl, na educação infantil e em representações teatrais. Desconsiderada a cruz e os elementos da eucaristia (signos centrais no Cristianismo), pode-se também identificar imagens, objetos e símbolos bíblicos como o Éden, o Mar Vermelho, a arca de Noé, sal e luz, a pomba e a Nova Jerusalém como signos com expressiva incidência em sermões, na educação infantil e na decoração templos e outros espaços relacionados às igrejas.
Interessa a este trabalho um elemento novo nesta constatação da utilização de signos bíblicos na prática das igrejas, particularmente entre as evangélicas brasileiras. A partir dos anos 90 do século XX, passaram a ser enfatizados, em movimento crescente, nessas igrejas signos (expressões/imagens/símbolos) retomados do Antigo Testamento bíblico, alguns já utilizados mas boa parte deles não, comunicados na forma de canções, pregações, liturgias e outras práticas. Essa forte ênfase é estimulada pela mídia religiosa, na veiculação de programas de rádio e TV, e pelo mercado da religião, em especial o fonográfico, e encontra farta resposta entre os mais diferentes grupos do campo evangélico brasileiro.
Pesquisa que buscou compreender a configuração de uma nova forma cultural entre os evangélicos brasileiros da passagem do século XX para o século XXI, com base na tríade música-mercado-entretenimento, realizada pela autora deste trabalho, identificou o fenômeno então denominado cultura gospel.[1] Na compreensão dessa conformação cultural, já havia sido percebida uma tendência na ressignificação de signos do Antigo Testamento :

Uma atenção à letra das canções e às posturas assumidas em relação ao culto leva à percepção de que há uma utilização ideológica da teofania das tradições monárquicas de Jerusalém, com a reconfiguração de elementos e imagens retirados dos relatos do Antigo Testamento. A tradição é utilizada para se reconstruir, no século XXI, uma noção de religião templária, intimista, centrada no louvor e na adoração, que se contrapõe à teologia mosaica, e cristológica, do pastoreio e do serviço à comunidade. É elaborada uma teologia da realeza, do poder, do domínio, da guerra, da seleção, da hierarquia, que pode ser partilhada na terra. Essa teofania contém uma linguagem bíblica que facilita a justificação ideológica e dá forma à cultura gospel. (CUNHA, 2007, p. 186-187)
Este caso já identificado em pesquisa se revela intensificado e potencializado no final da primeira década do século XXI como um movimento de apropriação de símbolos/imagens/expressões/signos referentes ao Antigo Testamento bíblico e ao contexto judaico antigo, por igrejas, grupos e lideranças cristãs. Estes signos são selecionados, retirados do seu contexto, ressignificados e aplicados em práticas de igrejas evangélicas dos mais distintos ramos. O presente trabalho busca oferecer um estudo sobre como se dá este processo e identificar o lugar da mídia e do mercado no seu desenvolvimento.
 
1. Identificando elementos do fenômeno
As aplicações teológico-pastorais mais comuns dos signos do Antigo Testamento hoje podem ser identificadas: (1) na ênfase à monarquia, ao templo judaico, a ações de guerra e domínio expressas no movimento musical gospel (letras de canções, capas de CDs e nos nomes de grupos musicais); (2) na utilização de imagens bíblicas na língua hebraica em letras de música e na nominação de elementos relacionados às igrejas ou ao mercado religioso; (3) na introdução de figuras, instrumentos musicais e símbolos judaicos e do Judaísmo nas práticas de culto e na ornamentação dos espaços cúlticos; (4) na realização de festas relacionadas à tradição judaica (Tabernáculos, Primícias, Purificação, Dedicação, Purim); (6) na prática de estabelecimentos de "votos" (promessas) que implicam assumir comportamentos atribuídos a personagens do Antigo Testamento, como os "gaditas".
1.1 Ênfase à monarquia, ao templo judaico, a ações de guerra e domínio expressas no movimento musical gospel (letras de canções, capas de CDs e nos nomes de grupos musicais)
Expressões-chave retiradas do Antigo Testamento bíblico passam a representar o tipo da prática e de qualidade da relação dos fieis com Deus: Deus ou o  Senhor identificado como “Rei”, “Senhor dos Exércitos”, “General” e relacionado a “poder”, “domínio”, “majestade”; “colocar-se diante do trono”; “chegar ao santo dos santos”; “estar nos átrios de Deus”, “estar no santo lugar”;  “trazer a arca”, “trazer o sacrifício”; “tocar na ponta do altar para alcançar o favor do Rei”; “despedaçar o inimigo”; buscar e oferecer “unção” para receber “poder”, “vitória”. São inúmeras as canções dos mais variados cantores e grupos musicais gospel que fazem uso destas expressões.
Os nomes dos grupos musicais também refletem esta prática. Alguns deles: Diante do Trono, Ministério Arca, Ministério Trazendo a Arca, Ministério Casa de Davi
Ministério Além do Véu, Ministério de Levitas Shofar para as Nações, Ministério Leão do Calvário.
As capas dos CDs destes cantores e grupos também refletem esta ênfase visualmente, como nos exemplos reproduzidos a seguir (figura 1):
    

                                                                                                        

 

1.2 Utilização de imagens bíblicas na língua hebraica em letras de música e na nominação de elementos relacionados às igrejas ou ao mercado religioso

Por meio de músicas e de nomes dados a grupos musicais, produtos e lojas, termos em hebraico passam a fazer parte do vocabulário dos fieis evangélicos. Dentre eles se destacam: Yeshua, shekinah, El Shaddai, Adonai, Ebenezer.
A canção “Jeovah Reina” do cantor Chris Duran é ilustrativa:

Jeovah Reina

El-olam, rahim, rayar Sefirot, harum,

shammah Eloai, maguen, teriláti Kodesh, ragdoll, nissi, elohim

Jehova reina em toda terra Rugindo como leão,

recuam os inimigos

Dando vitória aos que estão prosseguindo

Nenhuma arma forjada contra mim

Prosperará ou me destruirá Jehova reina em toda terra

Ele é Sabaoth, Deus de guerra é o Senhor!

Ele morreu, mesmo assim ressuscitou!

Jehova reina em toda terra

O cavaleiro julgará todos os homens

Anjos caídos, ajoelhados e rendidos

E o último será satanás

O derrotado que confessará

Jehova reina em toda terra

 
Os produtos oferecidos no mercado religioso, cuja publicidade é reproduzida a seguir (figura 2), também são ilustrativos:
         

 

           

 

1.3 Introdução de figuras, instrumentos musicais e símbolos judaicos e do Judaísmo nas práticas de culto e na ornamentação dos espaços cúlticos

Com a potencialização das práticas de culto relacionadas ao Antigo Testamento, igrejas passam a fazer uso do shophar (chifre de carneiro utilizado em cultos do antigo Judaísmo), mesas do altar cristão passam a ser decoradas com menorahs (candelabros - suportes para velas utilizadas na Tenda ou no Templo judaicos), altares passam a conter arcas e tronos como elementos que o compõem e miniaturas destes objetos do Antigo Testamento são distribuídas como símbolos  de bênçãos em algumas igrejas. Surge, neste contexto, a figura dos “levitas”, como denominação aos músicos das igrejas, ou às pessoas que cuidam da música no culto, ou, mais especificamente, aos componentes dos ministérios “de louvor e adoração”.
De forma curiosa, a busca de símbolos relacionados ao Antigo Testamento foi ampliada para símbolos relacionados ao povo de Israel, a ponto de a bandeira do Estado de Israel contemporâneo passar a ser incluída nesta coleção.
As imagens reproduzidas a seguir (figura 3) ilustram este aspecto:

 

                

 

            

 

 

 

 

 

 

 


1.4 Realização de festas relacionadas à tradição judaica
Igrejas passam a inserir em suas programações e calendários a realização de festas próprias da tradição judaica relatadas no Antigo Testamento bíblico, tais como a Festa dos Tabernáculos, das Primícias, da Purificação, da Dedicação de Purim. Grupos se vestem com figurinos relacionados ao templo judaico e a estas tradições festivas enquanto cantam e dançam ao som de canções do repertório gospel que ressaltam  as expressões-chave e termos em hebraico, como mencionado acima.
As imagens seguintes (figura 4) ilustram este aspecto:
 

                 


 

1.5 A prática de estabelecimentos de "votos" (promessas) que implicam assumir comportamentos atribuídos a personagens do Antigo Testamento, como o rei Davi ou os "gaditas".
No contexto da intensa inserção de signos do Antigo Testamento na prática religiosa das igrejas evangélicas surge a identificação com personagens deste segmento bíblico ligados às imagens da guerra e da vitória. Os que encontram mais evidência são o Rei Davi e os gaditas.
O Rei Davi já tem um destaque próprio na relação fieis cristãos-personagens bíblicos, pela história construída em torno dele como o maior rei que Israel teve e como antecessor de Jesus, conforme a genealogia que abre o Evangelho de Mateus. Vitorioso desde quando era um jovem pastor de ovelhas e derrotou o general Golias do exército filisteu, segundo a narrativa bíblica, usando apenas uma pedra, proeza que nem o rei Saul nem os mais fortes do exército de Israel haviam conseguido, Davi sempre representou o símbolo de um homem que conquistou grandes feitos por conta de sua fé em Deus.
Com o movimento gospel em evidência a partir dos anos 90 no Brasil, o fato de Davi ter sido músico e compositor de Salmos vai ser colocado em maior destaque, a ponto de Davi ser posto em lugar tão significativo quanto o de Jesus em algumas pregações e canções. Ele passa a ser identificado como um exemplo a ser seguido pelos músicos da igreja e pelos fieis em geral, como “um homem segundo o coração de Deus”, identidade que lhe foi atribuída em trechos do AT mesmo depois de cometer um crime relacionado à prática de adultério. Os extratos a seguir são exemplares desta nova significação.

Davi tinha liderança desde pequeno. O pai dele confiou o seu rebanho a ele. Davi cuidava com fidelidade dos negócios de seu pai. Davi tinha uma vida exemplar. Ele também era um adorador, descobriu o poder do louvor. Davi preservou a comunhão com o Senhor e foi colocado como rei. Este homem, com todas as suas características naturais, foi colocado no trono por uma decisão do Senhor (Deus nos faz ser o que Ele deseja que sejamos). Naquela época para alguém ser rei tinha que enfrentar a guerra e voltar vencedor. Hoje não passamos por batalhas físicas, mas por guerra espiritual. (...)Todos nós fomos chamados para a mesma guerra e só é aprovado quem for à batalha e sair vencedor. Às vezes sabemos o que Deus quer para nós, mas não enfrentamos a batalha. Muitos cristãos, caem porque não estão em guerra constante. Não podemos ser apanhados de surpresa. (...) O diabo aproveitou as “FÉRIAS” de Davi e lhe armou uma cilada de adultério com Bate-Seba, mulher de Urias. Urias, pelo contrário, se recusava a ficar em casa, sabendo que seus companheiros estavam no campo de guerra.(...) Davi esqueceu que deveria estar em constante guerra. Satanás lança argumentos e nos detém. Hoje Deus quer acabar com isso. Geralmente caímos por causa da PAUSA. Em nada somos diferentes uns dos outros, nossa carne é carne. (...) Davi perdeu a paz. A nossa intranqüilidade é sinal de pecado. O pecado é perdoado mas as conseqüências perduram. Pequei contra Deus – Esta foi a visão de Davi: Eu feri a vontade de Deus. “Confessei-te (em hebraico): fiz declaração pública e ordenada “um após o outro”. (Pastora e cantora Alba Célia)[2]

Cria em mim ó Deus, cria em mim ó Deus
Um coração puro
E renova, e renova um espírito inabalável
Não retires de nós o Teu espírito
Não retires de nós o Teu espírito
Quero aprender com meus erros
E não mais cometê-los
Sei que não vai ser tão fácil
Mas, difícil é continuar no erro
E viver no mesmo desespero
E ficar para trás
Eu quero ser
Um homem segundo o coração de Deus
Eu quero ser eu quero ser
Um homem segundo o coração de Deus
Quero aprender com meus erros e não mais cometê-los
Sei que não vai ser tão fácil mas, difícil é continuar no erro
E viver no mesmo desespero e ficar para trás
Eu quero ser
Um homem segundo o coração de Deus


DVD ENFRENTANDO PROBLEMAS E SEGUINDO EM FRENTE
Pr. Silas Malafaia
Descrição do Produto
Em II Sm 12:15, o Pr. Silas Malafaia nos ensina através da vida do Rei Davi, que é preciso termos algumas atitudes para sairmos vitoriosos quando estamos passando por momentos de adversidades.
São algumas delas:
  • Acreditar na solução;
  • buscar a Deus pelo problema;
  • render graças à Deus,
  • entre outras atitudes mencionadas.
Uma mensagem que nos dará uma nova visão, gerando assim mudança de atitudes e a exemplo de Davi, enfrentar os problemas e seguir em frente simplesmente vitoriosos.
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A figura dos gaditas é outra que encontra ampla adesão como uma imagem a ser reproduzida na prática das igrejas contemporâneas. Gaditas eram os integrantes da Tribo de Gade, tal qual o relato do AT. Era uma tribo sem destaque na história de Israel e as poucas menções que lhe são feitas a caracteriza como uma tribo de homens guerreiros que se relacionaram com o rei Davi, apesar de sofrerem críticas por ações equivocadas. A imagem dos gaditas passa a ser relacionada à identidade a ser assumida por fieis, principalmente jovens, que buscam vitória frente às lutas da vida e aos espíritos malignos que impedem a ação de Deus nas suas vidas. Seguem canção e imagens (Figura 5) ilustrativos desta compreensão.

Gadita (Raquel Soares)

O devorador está ao meu redor e ele quer me despedaçar

Mas Jesus me dá vitória pro devorador não dou lugar

Não dou lugar, não dou lugar

Gadita, se aprume pra batalha, gadita, o general vai te chamar

Gadita é tempo de vitória

O mundo está cheio de prazeres e eles querem me atrair

Mas tudo isso é ilusão, do pecado eu vou fugir,

Eu vou fugir, eu vou fugir

O inimigo que me afrontar, minhas bênçãos ele quer roubar

Mas a ele eu vou resistir, pois maior é o que está em mim

O que está em mim, o que está em mim

 

 

 

 

 

Todos os cinco elementos aqui identificados se encontram presentes na prática das mais variadas igrejas e grupos evangélicos. A mídia e o mercado religiosos, como já referido, se revelam veículos significativos na propagação destas práticas e na disseminação de sentidos atribuídos a estes signos.

2. Bases para a trajetória de interpretação do fenômeno
O interesse na pesquisa deste fenômeno com vistas à interpretação do seu significado no campo religioso se configura em três questões/problemas que conduzem o processo investigativo: por que esta ênfase em símbolos e imagens do Antigo Testamento da parte de grupos evangélicos brasileiros? Por que enfatizar signos do Antigo e não do Novo Testamento mais diretamente relacionado ao contexto cristão? Dada a rejeição clássica dos evangélicos a símbolos visuais com vistas a desviarem-se do perigo da idolatria e da identificação com o catolicismo-romano, como explicar esta explosão de símbolos visuais na decoração dos templos e ambientação de cultos?
Já na pesquisa sobre a explosão gospel, realizada pela autora deste trabalho, acima mencionada, uma premissa orientava o caminho a ser trilhado:

A resposta não está na história do protestantismo brasileiro, que construiu uma teologia muito pouco baseada no Antigo Testamento. Para Antonio Gouvêa de Mendonça, o protestantismo no Brasil baseou-se numa religião de Jesus, cristológica. Um estudo realizado por ele[3], com base nos cânticos que integram a hinódia tradicional protestante brasileira, demonstra a centralidade da fé e a imagem de Cristo em Deus, longe das imagens da teofania das tradições monárquicas de Jerusalém. A exceção seria a imagem do Deus guerreiro que convida para um engajamento também guerreiro de seus seguidores, mas não é um discurso predominante. A conversão a Cristo torna-se a centralidade, inclusive na hinologia, primeiramente com os hinos clássicos inseridos pelos missionários, depois com os corinhos trazidos pelas paraeclesiáticas estadunidenses. A ênfase no Cristo salvador prevaleceu no protestantismo brasileiro e só foi alterada nas décadas de 80 e 90 (CUNHA, 2007, p. 186).
Esta ênfase no Novo Testamento identificada por Mendonça entre os evangélicos brasileiros é refletida na farta distribuição de cópias do Novo Testamento, e não da Bíblia completa, em ações de pregação missionária. O Cristo que redime, morre na cruz, verte sangue em favor de muitos, é a imagem marcante desta pregação. Quando se observa as décadas de 80 e 90, com o advento das teologias da prosperidade e da guerra espiritual, a imagem do Cristo salvador é nitidamente substituída pela imagem do Cristo Rei, sentado no trono, comandante de ações bélicas, guerreiro, que convoca combatentes para derrotar o inimigo que se coloca no meio dos seus súditos (a igreja). Isto se configura em outra premissa que conduziu a trajetória de análise em relação ao significado no novo fenômeno: 
Uma atenção à letra das canções e às posturas assumidas em relação ao culto leva à percepção de que há uma utilização ideológica da teofania das tradições monárquicas de Jerusalém, com a reconfiguração de elementos e imagens retirados dos relatos do Antigo Testamento. A tradição é utilizada para se reconstruir, no século XXI, uma noção de religião templária, intimista, centrada no louvor e na adoração, que se contrapõe à teologia mosaica, e cristológica, do pastoreio e do serviço à comunidade. É elaborada uma teologia da realeza, do poder, do domínio, da guerra, da seleção, da hierarquia, que pode ser partilhada na terra. Essa teofania contém uma linguagem bíblica que facilita a justificação ideológica e dá forma à cultura gospel. (CUNHA, 2007, p. 186-187).
Portanto, tornam-se bases para a investigação três elementos-chaves: (1) o reconhecimento de uma alteração nas ênfases bíblicas entre os evangélicos brasileiros – de uma ênfase cristocêntrica neotestamentária a uma ênfase teocêntrica veterotestamentária; (2) a constatação de que esta alteração tem um sentido contextual: o advento das teologias da prosperidade e da guerra espiritual resultantes da lógica do consolidado capitalismo globalizado como o sistema socioeconômico e político predominante no mundo; (3) o lugar da mídia e do mercado religiosos divulgadores e disseminadores desses signos bíblicos ressignificados à luz do contexto acima descrito.

3. As ideologias do mercado na teologia e na prática das igrejas
A derrocada do regime socialista no final dos anos 80 do século XX e o estabelecimento de políticas de ajuste dos países capitalistas à nova configuração do sistema socioeconômico baseado em novas formas de regulação do mercado, com a desestatização da economia e dos serviços e a quebra das fronteiras comerciais (processo de globalização da economia), demarcaram uma nova era e um novo regime de organização da vida no mundo, nominado por estudiosos como uma nova face do liberalismo econômico, o neoliberalismo.
Esse contexto histórico vem sendo marcado, desde então, pela estratégia de se levar às últimas conseqüências o princípio da “maximização da acumulação do capital". Com isso consagram-se as estruturas mundiais de poder cujas funções são assumidas por organizações multilaterais e corporações transnacionais. Cria-se uma nova forma de vida em sociedade, a sociedade global baseada no direito de consumir, de circular amplamente pelos mercados, alimentada por uma revolução tecnológica, em que a propriedade intelectual e a informação passam a ser bens de muito valor. De acordo com esta construção ideológica, para se estar incluído no atual sistema é necessário que o indivíduo seja capaz de consumir e tenha um mínimo de domínio dos aparatos tecnológicos. Fato é que muitas pessoas, de muitos lugares ficam de fora desta lógica, são excluídas, "não têm salvação" e são destinadas à própria busca de sobrevivência. Com isso, individualismo e competição transformam-se molas propulsoras do atual sistema.
Este sistema  sociopolítico e econômico tornou possível o advento e o sucesso de duas formas religiosas que buscam traduzir a esta ideologia – a Teologia da Prosperidade e a Guerra Espiritual. Elas desenvolveram uma interpretação de que fieis tem direito, adquirido por meio da busca da santidade e da comunhão com Deus, de gozar uma vida de tranquilidade e conforto neste mundo. Isto significa uma religiosidade estabelecida com base numa troca:  o fiel se compromete com Deus e Deus, por seu turno, o recompensa na forma de bênçãos materiais como auto-sustento financeiro, acesso aos bens oferecidos pelo sistema por meio do consumo e saúde do corpo para desfrute desses benefícios (Cf. HAGIN, 1988; GONDIM, 1993)
Aqui há reprocessamento da lógica do sistema que se resume à equação: inserção no sistema =  acumulação de bens materiais por meio do consumo + domínio de tecnologia + eficiência na participação na produção. A competição também é incluída nesta elaboração teológica: quem vence nesta sociedade global pode ser considerado “escolhido de Deus” e a acumulação de bens materiais é interpretada como bênçãos para os "filhos do Rei" (ou "Príncipes").
E o que dizer dos fieis que perdem a competição social e experimentam pobreza, dificuldades financeiras e enfermidades? Esta formação teológica apresenta duas explicações: derrota é resultado de pouca dedicação a Deus e a responsabilidade é única e exclusiva do “crente” que pouco fez para receber as bênçãos; e há forças do mal atuando no mundo para que os "filhos do Rei" sejam derrotados; nesse caso, é necessário "destruir o inimigo” ou “o mal" que impede que se alcance as bênçãos da prosperidade, por isso deve-se invocar todo o poder que é direito do fiel para se estabelecer uma guerra contra “o devorador”.[4]
4. Os signos do Antigo Testamento ressignificados pela lógica do mercado
A base bíblica para esta formulação teológica, que busca inserir a fé cristã e as igrejas na lógica do mercado, do capitalismo globalizado, dificilmente seria encontrada no Novo Testamento com suas propostas de desapego aos valores materiais, de Deus que se revela na fraqueza e no sofrimento, de misericórdia e justiça e do Deus que encarna no ser humano e nasce em família pobre e num lugar humilde. O recurso ao Antigo Testamento não é também naturalmente trabalhado. No Antigo Testamento convivem formas teológicas distintas, com diferentes compreensões de Deus. Uma que o interpreta a partir da vida nômade, que tem o deserto como desafio, que vê um Deus caminhante que não habita em templos ou palácios mas em tendas e na simplicidade da vida pastoril e agrícola. É o Deus da Teologia Mosaica e que escolhe  Profetas para serem seus porta-vozes. Outra que  interpreta Deus como o Rei, Senhor dos Exércitos, que habita a cidade, no Monte Sião, que tem um templo rico e ornamentado como casa, que escolhe Reis para serem seus porta-vozes. Na teologia que traduz o capitalismo globalizado e suas ideologias do individualismo, da seleção (eleição) e da competição, a ênfase teológica bíblica que mais corresponde a esta lógica é a teofania das tradições monárquicas de Jerusalém[5]. Esta teofania, no entanto, tem o seu significado próprio no contexto dos escritos bíblicos – respondem àquele momento da história de Israel (Cf NOTH, 1985). Ela nasceu de uma ideologia sustentadora da figura do rei. O povo israelita estava dividido quanto à aceitação de uma autoridade monárquica e da escolha de uma cidade onde ele estabeleceria o seu reinado. A elaboração de uma teologia, pelo rei com os líderes religiosos, de justificativa da monarquia e da cidade-centro tornou-se fator harmonizador e introduziu uma nova compreensão de Deus e das práticas religiosas. 
Essa tradição nasceu de uma ideologia concebida pelo rei Davi com o apoio de sacerdotes: uma “teologia palaciana” (NOTH, 1985, p. 145-58). Foi a política que se consolidou relacionada à religião que, conseqüentemente, tomou nova forma. Isso aconteceu quando o rei Davi decidiu levar a Arca da Aliança, forte símbolo do culto israelita, para Jerusalém e reservar-lhe um local de destaque no templo que ele estava para construir. A forma de culto que tinha como centro a arca, que era itinerante, não era fixada em local determinado, acompanhava o povo no seu cotidiano, foi radicalmente transformada, em nome da tradição de países civilizados baseada em santuários locais fixos.
Para a monarquia em Israel se consolidar, centrada em Jerusalém, a Deus foi atribuída a imagem de rei, de governante, que havia escolhido ali como sua cidade e o templo como local de moradia. Jerusalém tornou-se, portanto, mais do que uma capital, base da monarquia terrena, mas cidade sagrada. É uma teologia que agregou elementos de outras tradições religiosas, como a da montanha sagrada, divina – uma tradição antiga que interpretava ser a montanha mais alta o local de residência de um deus. No caso, Jerusalém estava assentada sobre o Monte Sião, que nem é dotado de muita altitude, mas ganhou, nessa leitura teológica, o status de  montanha sagrada: Jerusalém repousa sobre o monte, é a cidade mais alta e isso a qualifica como cidade real de Deus, moradia terrena dele de onde exerce o seu governo. Aí reside a explicação para a arca se fixar naquela localidade e o estabelecimento da necessidade de uma peregrinação até ela para o culto, as festas, as ofertas. Jerusalém passou a ser o único local de culto. Essa construção teológica reuniu toda a mística, todo o mistério disponível na tradição, para convencer o povo de que era em Jerusalém que a intervenção divina se manifestava. Surgiram as imagens do Santo dos Santos, dos querubins, por exemplo.
Além da imagem da realeza e do governo (que tem embutidas as de soberania, poder, domínio, trono), a teofania da tradição monárquica de Jerusalém relaciona as de guerra, exército, também a Deus. Deus está em Jerusalém, portanto ela não pode ser abalada, ameaçada, porque lá é a cidade dele. Deus faz guerra, protege a cidade santa e exerce vitória sobre os reis estrangeiros por intermédio dos feitos dos reis israelitas terrenos – todos são derrotados.
Os profetas, com poucas exceções, já pertencem a outra corrente teológica, a teologia mosaica, tribal. A teologia mosaica não valoriza a montanha, mas os sinais do deserto, a tradição do pastoreio e da caminhada nômade, que é acompanhada por Deus, caminhante e companheiro, sem morada. A teologia da tradição monárquica de Jerusalém prevalece no Antigo Testamento pois os editores desta parte da Bíblia eram pessoas ligadas a Jerusalém; entretanto é encontrada nos relatos sobre Jesus Cristo, visto que ele apresenta-se como pastor, tem o deserto como referência, critica Jerusalém.  A Igreja Primitiva segue nessa compreensão do Cristo e percebe que sua expansão depende da saída de Jerusalém. A tradição judaica é preservada no movimento dos cristãos mas não a corrente de Jerusalém.
As imagens e a mística da teofania da tradição monárquica de Jerusalém são retomadas na literatura apocalíptica, e significam um recurso utilizado no judaísmo do período pós-exílico quando o povo judeu vivia sob domínio grego. É uma fase de muita luta por libertação, inclusive luta armada. A linguagem apocalíptica tem a característica de luta no plano ideológico. A expectativa de um fim dos tempos e do triunfo de um reinado de Deus não mais neste mundo é a vitória final de quem perseverar na fé a este Deus; daí retoma-se a idéia do trono, do governo, da soberania  de Deus.
O discurso apocalíptico aparece no Novo Testamento pois o cristianismo primitivo recebeu forte influência das idéias apocalípticas, já que estava sob a opressão do império romano e ansiava pela imposição da lei de Deus e o juízo final. A própria referência a uma nova cidade santa, uma nova Jerusalém, está relacionada a uma nova ordem política e religiosa, onde não haverá injustiças nem templo pois a presença ressurreta do Cristo enche a cidade.[6]
No contexto das igrejas evangélicas do século XXI, Deus-Pai/o Senhor ganha mais destaque e a cristologia é adaptada às imagens da realeza e do domínio pela força. Na obra Explosão Gospel, a autora deste trabalho já identificava a ressignificação de elementos daquela tradição em função das demandas da contemporaneidade:
Essas imagens bíblicas são retiradas das tradições monárquicas de Jerusalém contidas no Antigo Testamento e também dos poucos trechos apocalípticos dos evangelhos e das cartas apostólicas e, principalmente, do livro de Apocalipse. (...) Reaparecem imagens como a dos “Santos dos Santos”, do altar sagrado, da purificação e separação de pessoas e elementos reservados para o culto; por exemplo, pessoas são separadas e passam a integrar uma hierarquia cúltica – os levitas – e instrumentos musicais dedicados para somente tocar músicas religiosas. (...) Por isso desenvolve-se a idéia de que os levitas são “separados”, “santificados”, não são qualquer pessoa – é preciso se mostrarem capazes de integrar tal “tribo”. E descarta-se a tradição levítica do serviço à comunidade e da vida despojada. (...) Daí emerge o espírito de concorrência, que é conseqüência de todo o processo seletivo, e, por sua vez, elemento básico na lógica do mercado, que passa a ser também parte do serviço levítico do tempo presente. O discurso da “santidade”, do “serviço separado para Deus”, enfrenta uma contradição: a busca de uma  superioridade, do destaque por parte dos integrantes da “tribo”. (CUNHA, 2007, p. 187)
Elementos como a menorah e a arca, que passam a ser parte da decoração de templos e da ambientação cúltica na contemporaneidade, buscam relação com o passado de glória e riqueza de Israel relacionado à monarquia e à construção do templo de Jerusalém. Segundo os estudiosos do AT, o ouro e a ostentação relacionados a estes elementos fazem parte do imaginário das tradições pós-exílicas dos sacerdotes do antigo Israel e pouco tem de relação com a história do surgimentos destes objetos no deserto (mais simplicidade, própria do contexto). A imagem da arca mesmo teria desaparecido já no período da divisão dos dois reinos mas  no século XXI ressurge em nomes de grupos musicais, de igrejas do universo pentecostal e nos altares com todo o brilho do imaginário pos-exílico. Nesse sentido, a mensagem de prosperidade, glória e vitória passam a ter estreita relação com estes símbolos visuais, enquanto a cruz ou a pomba ficam em segundo plano devido à proximidade com as ideias de humilhação, simplicidade, derrota, que não cabem na lógica do contexto da teologia de mercado.
Figuras como o Deus de Guerra, o “cavaleiro Jeová” e os gaditas alimentam a noção da guerra espiritual permanente contra os poderes anti-prosperidade, anti-realização do mercado para que fieis alcancem poder e  sucesso. O que não seria possível em relação ao Novo Testamento com personagens e situações que evocam derrota e dificuldade, como a perseguição à igreja, apóstolos em prisões e perseverança como um valor.
Este quadro de adesão a uma nova concepção cristã a partir dos signos bíblicos se completa com uma identificação mais ampla com a tradição do judaísmo e a realização de festas que lhe são próprias.
5. O lugar da mídia como propagadora desta ideologia
A ampla adesão ao processo de ressignificação de signos do AT, que perpassa a realidade de igrejas das mais diversas tradições evangélicas, é resultado da forte presença destas mensagens na mídia religiosa, muito especialmente pela via da música e suas derivações (programas de rádio e TV, shows, CDs, DVDs), pelas pregações/mensagens divulgadas por celebridades do mundo evangélico (programas de rádio e TV e publicações de cantores, artistas e pastores) e pelos produtos oferecidos pelos veículos.
A canção do grupo musical Trazendo a Arca, reproduzida a seguir, é ilustrativa do discurso predominantemente disseminado pela mídia evangélica e repetido na prática cotidiana das igrejas por meio de discursos verbais e não-verbais:
Toque no altar (Ministério Trazendo a Arca)             
Quem quer a glória traz a arca
Quem quer o fogo traz sacrifício
Quem quer a vida que suba a cruz
Quem deseja o favor do Rei
Toca na ponta do altar
Quem mais poderia te livrar
E mudar tua sorte de uma vez
Prostre-se ao chão, estenda a tua mão
E toque no altar
Tu alcançarás o favor do Rei
Toque no altar
Quem quer resposta
Queima incenso
Quem quer a cura
Toca no manto
Quem quer a honra

Rasque suas vestes
Quem deseja o favor do Rei
Toque na ponta do altar
Além de canções de grupos como este que reafirma a imagem da arca ou como o “Diante do Trono”, que enfatiza a mensagem do Deus Rei Majestoso, programas como o “Vitória em Cristo”, com o Pastor Pentecostal Silas Malafaya, veiculado semanalmente na TV, e filmes como “Desafiando Gigantes”, uma produção dos EUA com ampla divulgação entre evangélicos brasileiros contribuem para a disseminação do discurso sígnico da teofania monárquica do AT.
A decoração de altares, que são ao mesmo tempo cenários de programações de TV, como os da Igreja Renascer em Cristo, tem em destaque a menorah. A internet, com a infinidade de websites de grupos evangélicos dos mais distintos, é veículo certo na promoção de eventos como as festas da tradição judaica ou de imagens de altares e vestes de grupos musicais ou de coreografia.
Esta ampla disseminação pela mídia evangélica, além de respaldar a ênfase na ressignificação dos signos do AT, colabora na superação da tradicional rejeição de símbolos visuais na prática religiosa evangélica.
Notas conclusivas
É possível, a partir das noções descritas, voltar à pergunta: por que, então, a ênfase na teofania da tradição monárquica de Jerusalém na prática das igrejas evangélicas hoje? Pode-se concluir pelo estudo acima apresentado, que ela parece ser a única referência bíblica capaz de referendar as teologias da Prosperidade e da Guerra Espiritual entrecruzadas com a mediação social do capitalismo globalizado e sua lógica de mercado.
Essa teologia também parece ser a justificativa bíblica mais adequada para uma postura intimista de relacionamento com um Deus que espera unicamente ser adorado – este é o serviço que o rei espera de seus súditos. Deus precisa ser compreendido como dominador, soberano e vencedor – assim a estima dos súditos é elevada. E mais, elevada a ponto de se interpretarem não como vassalos, mas como herdeiros, príncipes, aqueles que têm acesso à “Sala do Trono”, que têm direito à herança da realeza, para alcançar esse status, “tocando no altar” e “recebendo os favores do rei”.
Daí a necessidade da seleção, da separação, próprias da teologia judaica sacerdotal, que impunha a pureza do corpo como um princípio fundamental para o alcance da atenção de Deus. Nessa lógica, os filhos de Deus, os verdadeiros adoradores, precisam ser purificados, separados, hierarquicamente organizados – ressurge, portanto, ressignificada, a figura dos levitas.
No momento em que a lógica do capitalismo globalizado, baseada na possessão material, na seleção e na competição,  prevalece como base da organização social, a ressignificação de signos da teofania monárquica do AT surge como sua extensão, ou mesmo, como expressão cultural desse capitalismo em versão religiosa.
Referências bibliográficas
BAUMAN, Zygmunt. Globalização. As conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
CUNHA, Magali do Nascimento. Explosão Gospel. Um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.
FORRESTER, Viviane. O Horror Econômico. São Paulo: Unesp, 1997
GONDIM, Ricardo. O Evangelho da nova era: análise e refutação bíblica da chamada teologia da prosperidade. São Paulo: Abba Press, 1993.
HAGIN, Kenneth E. O Nome de Jesus. Rio de Janeiro: Graça Editorial, 1988
IANNI, Octavio. Teorias da globalização. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996
IANNI, Octavio. A sociedade global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993
NOTH, Martin. Estudios sobre el Antiguo Testamento. Madri: Ediciones Sigueme, 1985. (Biblioteca de estudios biblicos, 44).
ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994

Figuras e suas fontes

Figura 1

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Figura 2

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Figura 3

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Foto da entrada do templo do Ministério Além do Véu, na Av. Caminho do Mar, São Bernardo do Campo

 

Figura 4

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stylluseventos.com.br/eventos/04.htm

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Figura 5

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imd12.com.br/gaditas/

geracaodegaditasibf.blogspot.com

jovensgaditasdedeus.blogspot.com

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[1] Sobre a explosão gospel entre os evangélicos brasileiros e a configuração da cultura gospel como uma nova formação cultural religiosa contemporânea, veja o CUNHA, 2007.
[2] ALBA Célia. Davi era um  homem segundo coração de Deus. Disponível em <http://www.albacelia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=164:davi-era-um-homem-segundo-o-coracao-de-deus&catid=54:sermoes&Itemid=140>. Acesso em: 30 ago 2011.
[3] MENDONÇA, Antônio Gouveia. O Celeste Porvir. A inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1984. p. 235-253.
[4] Exemplos de canções e pregações que disseminação esta forma teológica podem ser encontrados em CUNHA, 2007, p. 87-170.
[5] Teofania é um termo que designa uma manifestação extraordinária do divino. As circunstâncias e as formas de aparição podem ser diferentes dependendo conceito de Deus. No caso da teofania das tradições monárquicas de Jerusalém o conceito de Deus esta relacionado à idéias como grandeza,  realeza,  soberania, guerra. Cf. TEOFANIA. In: WALDENFELS, Hans (Editor). Léxico das religiões. Petrópolis: Vozes, 1998.
[6] Esta abordagem pode ser encontrada em KÜMMEL, Werner G. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1982.  p. 594-624.